Arthur Virgílio aponta fracasso nas políticas públicas do governo Lula
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou na sexta-feira (10), em Plenário, que o Banco Central vem sendo obrigado a manter a taxa de juros elevada em razão do "fracasso" das políticas públicas adotadas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na avaliação do senador, o país ainda não reúne as precondições necessárias para o crescimento médio anual de 5%, conforme intenção anunciada pelo próprio presidente.
- Não estou fazendo discurso de crítica ao Banco Central. Ele foi a peça mais relevante na trajetória do primeiro governo do Lula. Mas o banco exagerou na dose, não sem ter tido fartas razões para isso. O fato é que as políticas públicas falharam e a estabilidade esteve em risco. Não vamos crescer cinco por cento ao ano nos próximos quatro anos porque não estamos preparados para isso. Obanco agiu de forma cautelosa, mesmo diante do aumento de despesas no período eleitoral, e temeu uma bolha inflacionária, pois a produção não consegue acompanhar a propensão da população ao consumo - disse.
Na avaliação de Arthur Virgílio, o governo falhou ao "desperdiçar" recursos em ano eleitoral e ao promover medidas que resultaram na elevação da carga tributária em três pontos percentuais nos últimos quatro anos, promovendo o aumento na alíquota da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e o acréscimo dos preços dos insumos importados, com prejuízo à concorrência.
O parlamentar também disse que o governo do presidente Lula não estabeleceu marcos regulatórios confiáveis em alguns setores da economia e não deu início a nenhuma obra de infra-estrutura no setor de energia. O governo, segundo o senador, falhou ainda ao não impor a defesa da propriedade privada diante das invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e, completou, errou por não ter feito "nada de efetivo" para elevar o capital fixo e a taxa de investimento no país.
- Nenhuma parceria público-privada (PPP) foi assinada pelo governo Lula. O governo diminuiu os investimentos no agronegócio. Lula não tem servido para consolidar a democracia e não realizou nenhuma reforma efetiva. Tudo ficou empacado no Congresso, nada saiu do papel. Lula apenas manteve a estabilidade, mantendo a política econômica que Palocci herdou de (Pedro) Malan (ex-ministro da Fazenda no governo de Fernando Henrique Cardoso). Não há marca de Lula. Ele habilmente soube se reeleger, mas não tem marca. Lula fracassou no plano político, perdeu o controle sobre o Congresso e abriu um enorme flanco para o descontrole fiscal- avaliou.
Contratos
Em aparte, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) discordou dos argumentos apresentados por Arthur Virgílio e destacou que Lula honrou os contratos herdados do governo anterior.
- Saímos de um déficit na balança comercial, melhoramos a exportação e Lula ampliou a rede social implantada por Fernando Henrique - argumentou.
Já o líder do PFL, senador José Agripino (RN), defendeu os argumentos apresentados por Arthur Virgilio e manifestou receio de que a reeleição de Lula provoque frustração entre o eleitorado.
- Ele (Lula) agora não é mais novidade e nem uma coisa exótica. A expectativa é que ele consiga recuperar seus compromissos. Mas acho que esse governo vai frustrar as expectativas pelo viés ideológico. Esse é o governo do aparelhamento do Estado. Eles defendem o Estado mínimo mas são contra o Estado mínimo e contra o capital privado. Eles afugentam o capital privado com marcos regulatórios e agências reguladoras enfraquecidas e humilhadas em seu papel. Essa visão ideológica vai impedir que a modernidade contamine o governo Lula.
A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) também manifestou apoio a Arthur Virgílio em aparte. Ao término de seu discurso, o senador pelo PSDB amazonense disse que o governo Lula terá que fazer uma opção entre a "mediocridade e a história" até o término do novo mandato presidencial, em 2010.
- Lula vai ter que enfrentar os desafios, as contrariedades que virão, esquecer o horizonte eleitoral e aí, sim, criar condições para o país crescer cinco por cento ao ano. Na medida em que sejamos convocados a discutir a pauta da reforma da estrutura brasileira, diremos presente. É preciso crescimento sustentado, inflação baixa e redução da carga tributária. O Brasil precisa mexer na legislação trabalhista. Isso é casa de marimbondo, mas Lula vai ter que optar entre a mediocridade e a história - concluiu.
10/11/2006
Agência Senado
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