Arthur Virgílio condena suposta censura da 'Voz do Brasil' a Jereissati e Bornhausen



(Matéria corrigida às 19h19)

Em pronunciamento feito nesta quarta-feira (2), o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), cobrou uma posição do presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre suposta censura aos parlamentares da oposição nos discursos transmitidos no programa radiofônico Voz do Brasil.

De acordo com o senador, o boicote à fala dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Jorge Bornhausen (PFL-SC) - ambos presidentes dos seu partidos - pronunciados na sessão plenária de terça-feira (1º), demonstra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva governa "como quem quer ser ditador, como os militares da ditadura e Getúlio Vargas".

- É preciso demitir toda essa direção da Voz do Brasil. É preciso não haver mais nenhum censor. Isto aqui não é o Governo do Presidente Médici, isto aqui não é a ditadura, isto aqui não é o Estado Novo de Vargas, isto aqui não é outra coisa senão uma democracia, e uma democracia não admite que sejam cerceados direitos dos Parlamentares de oposição, porque eles representam uma parcela expressiva da população que está com nojo da corrupção e que está, sem dúvida alguma, temerosa em relação aos rumos que este País haveria de ter pela frente se todo esse esquema de censura funcionasse - disse o líder do PSDB.

Para Arthur Virgílio, "é fundamental que aqui se pratique democracia e que a Voz do Brasil crie vergonha na cara, porque está faltando vergonha na cara daquela gente, e já comece, hoje, a fazer com correção". Ele afirmou que ficaria com "os ouvidos grudados na Voz do Brasil hoje". O parlamentar pediu novamente a demissão dos responsáveis pelo programa.

- Ao mesmo tempo, quero dizer que o que já fizeram já faz aquela gente merecedora do "olho da rua", porque não é possível censura numa democracia que teria de funcionar a pleno vapor como a democracia brasileira - afirmou, lembrando ainda que o discurso de Jereissati repercutiu no Planalto, obrigando Lula a fazer críticas ao senador cearense, conforme divulgaram vários jornais nesta quarta-feira (2).

Em resposta, o presidente Renan Calheiros solidarizou-se com os senadores Jereissati e Bornhausen, afirmando que cobrará responsabilidades da Secretaria Especial de Comunicação do Senado, que divulga as matérias para a Voz do Brasil via Rádio Senado. Conforme acentuou, iniciativas que levem à censura, em qualquer situação, "configuram atentados contra a democracia e à liberdade de expressão".

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) também se disse censurado pela Voz do Brasil. Protestaram também contra o corte dos discursos os senadores Rodolpho Tourinho (PFL-BA), Alvaro Dias (PSDB-PR), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e Jorge Bornhausen, entre outros.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que a parte referente ao noticiário do Congresso na Voz do Brasil é de responsabilidade do Congresso, e não do Poder Executivo. Ele defendeu a isenção na elaboração do programa:

- Quando se reportarem, e imagino que hoje o façam, ao discurso do eminente Presidente do PSDB, Tasso Jereissati, também vão se reportar ao aparte que fiz ao discurso, no honroso debate que travamos ontem.

Em seu discurso Arthur Virgílio também conclamou os senadores a não votarem a lei orçamentária de 2006 neste ano. Argumentou que "esta legislatura está maculada por maus parlamentares, que encontraram eco no governo Lula para suas práticas ilícitas".

02/08/2006

Agência Senado


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