Arthur Virgílio denuncia perseguição política e "brutal retrocesso" no Itamaraty



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), denunciou da tribuna que o Itamaraty vem promovendo perseguição política e exigindo dos diplomatas -engajamento político- com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ele citou o diplomata César Amaral, que trabalhou como assessor no Palácio do Planalto no governo Fernando Henrique Cardoso.

César Amaral não recebe posto no exterior e está sem designação funcional no país, -sendo espezinhado e humilhado-, disse o senador. Ao procurar o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, o diplomata César Amaral teria ouvido o seguinte: -Eu fiquei um ano e meio sem comissão e você está só há seis meses. Pode ficar mais um pouco-, relatou Arthur Virgílio.

Diplomata licenciado, o líder do PSDB disse ter ficado surpreso com uma entrevista do chanceler Celso Amorim, publicada nesta terça (22) no jornal O Estado de S. Paulo, sob o título -Amorim quer diplomata politicamente engajado- e subtítulo -Chanceler rompe com o princípio de que funcionário deve estar a serviço do Estado, e não do governo-.

Conforme o senador, nem na ditadura pós-64 isso foi exigido dos funcionários do Ministério das Relações Exteriores, lembrando que ele próprio, quando estava no Itamaraty, não foi impedido de participar abertamente do Centro Brasil Democrático, que -era fachada legal do então Partido Comunista Brasileiro-.

- O engajamento político que o chanceler Celso Amorim pede aos funcionários do Itamaraty, aos diplomatas, significa um brutal retrocesso em tudo aquilo que a casa de Rio Branco tem representado. O funcionário diplomático é funcionário do Estado. Ele tem que se engajar nas questões do Estado brasileiro, e não nas questões da política interna. Isso significa um arremedo de autoritarismo - sustentou.

Pouco depois, o senador Jefferson Péres (AM), líder do PDT, manifestou solidariedade ao diplomata César Amaral, afirmando que teve -péssima impressão- do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, secretário-geral do Itamaraty, que lhe pareceu -uma pessoa raivosa, engajada, sem isenção e que não poderia ocupar o cargo importante que ocupa-.



22/07/2003

Agência Senado


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