Arthur Virgílio diz que é preciso abrir "caixa-preta" dos gastos com cartões e contas tipo B tanto no governo Lula como no governo FHC



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), avaliou a divulgação do dossiê que expõe gastos supostamente realizados durante o governo Fernando Henrique Cardoso, conforme publicado na edição desta semana da revista Veja, como uma ação criminosa e comparou o procedimento à atuação do SNI (Serviço Nacional de Informação) na época da ditadura militar. Para ele, ficou bem claro que não existe o argumento da segurança nacional e que é preciso abrir a "caixa-preta" das contas tipo B (usadas por funcionários públicos para realizar despesas governamentais) e dos cartões corporativos em todos os níveis, tanto no governo Fernando Henrique quanto no governo Lula.

Veja atribuiu a elaboração do dossiê a assessores diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, segundo a revista, as informações estariam sendo usadas para intimidar parlamentares do PSDB e abafar as investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos . Arthur Virgílio classificou o dossiê como "instrumento mafioso, tipo Camorra napolitana".

- A revista Veja recebeu um dossiê contrabandeado do Palácio do Planalto. Quem tem que falar por ele agora é a ministra Dilma Rousseff, que é quem administra o palácio, é a chefe da Casa Civil da Presidência da República. E não vamos agora dizer que é coisa de aloprados, não. Isso é coisa de gente mafiosa, de gente que não tem caráter e que precisa mesmo ser conhecida da Nação e ser punida. Mas não basta punir os aloprados mafiosos, é preciso também vermos os gastos de Fernando Henrique e Dona Ruth Cardoso, todos, e os gastos do presidente Lula e de dona Marisa Letícia, todos. O povo merece isso, porque quem paga tudo isso é o povo - reivindicou.

- Eu tenho a impressão que a CPI, que tem maioria governista, está constrangida moralmente a autorizar todas as quebras de sigilo que pedirmos agora. Porque depois dessa coisa criminosa, que eles fazem contrabandeando dados, eu pergunto: depois de verem o caráter dos gastos ali, só podem negar se tiverem uma coisa muito grave do governo atual para esconder. Quem disser que tem segurança nacional no meio, está no fundo protegendo roubalheira. Isso é que tem de ficar bem claro - afirmou.

Arthur Virgílio disse que a oposição pretende procurar o Ministério Público (MP) e o Tribunal de Contas da União (TCU). Após lembrar que CPI não é a única forma de se quebrar sigilos, sugeriu a apresentação de um requerimento pedindo ao presidente Lula a liberação de todos os dados referentes aos gastos realizados pelos dois casais presidenciais: Fernando Henrique e Ruth Cardoso e Lula e Marisa Letícia.

Embora sustente não ter falado em abandonar a CPI dos Cartões Corporativos, o líder do PSDB no Senado considera fundamental essa comissão sinalizar que não haverá limitações na investigação, principalmente em relação aos gastos presidenciais. No entanto, admitiu que o abandono da CPI seria uma alternativa para o caso de ela ficar irremediavelmente desmoralizada.

- Na hipótese de nos desmoralizarmos com ela, nós não ficaríamos nela. Mas, eu não penso isso e nem quero. Eu quero ficar nela e quero ver se esse novo alopramento aí não mexe com a consciência daquelas pessoas - explicou.

Arthur Virgílio observou já ter protocolado 38 requerimentos de informações junto à Mesa do Senado: um para cada ministério e outro para os gastos que fez quando foi ministro do governo Fernando Henrique. Segundo informou, esses requerimentos estão retidos, o que deve levá-lo a interpelar a Mesa sobre a questão.

- Não é possível. O Congresso tem que fazer a sua parte, porque senão é melhor a gente não deixar isso aqui aberto. Deixa de ser uma Casa minimamente respeitável, se a gente não consegue fazer um requerimento de informações porque vai incomodar; se a gente tem medo de incomodar o descanso de um bando de ministros que fazem muito pouco pelo país. Quero saber o destino do dinheiro público, essa é a questão fundamental - protestou.



24/03/2008

Agência Senado


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