Arthur Virgílio diz que Lula mente e faz papel de ridículo



O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), afirmou em Plenário, na sessão extraordinária destinada a discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC) nº 77/2003, a chamada PEC paralela, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está mentindo ao país e fazendo papel de ridículo, -fantasiando-se em vez de governar-. Arthur Virgílio disse ainda que o presidente se omite em relação aos erros de seus ministros e mostra força apenas na hora de punir os dissidentes, por manterem a coerência. Arthur Virgílio afirmou que o governo do PT vive uma crise moral e política.

- Pare de mentir, presidente. O senhor disse que Fernando Henrique fez o Orçamento de 2003, mas usou apenas 22% dos recursos que eram destinados à reforma agrária. Então por que não aplicou esse orçamento medíocre, da -herança maldita-? Governar não é uma festa. O Brasil merece que o senhor demonstre respeito. Pare de zanzar e comece a governar - declarou, à tribuna, assegurando que a oposição tem autoridade moral para cobrar resultados do governo Lula.

Arthur Virgílio disse que Lula faz papel de ridículo ao se vestir de forma inapropriada - -tive que prestar muita atenção na foto para saber se não era Lula fantasiado de Kadaffi- - e usa em seus pronunciamentos linguagem pobre, -até chula-, fazendo sempre referências ao futebol, e falando, eufórico, a um país que está com a economia estagnada. O líder do PSDB lembrou a promessa do presidente, durante a campanha, de criar 10 milhões de empregos e comparou Lula a um homem que deve a um agiota.

- Para cumprir suas promessas, o presidente teria que fazer o Brasil crescer mais de 5% ao ano até o fim de seu mandato. Sua dívida está se aprofundando. Agora ele diz que dará goleada. Em quem, na oposição? Eu não levo goleada desse time fuleiro - continuou o senador, ressaltando que, com crescimento zero em 2003, é de se esperar que o país cresça em torno de 4% no ano que vem. Sem, porém, gerar empregos, já que o Brasil crescerá sobre bases menores, e fazendo uso intensivo da tecnologia, para aumentar as exportações.

O representante do Amazonas ressaltou que Lula prometeu -goleada na oposição- logo após a aprovação, pelo Senado, com votos da própria oposição, da reforma da Previdência e da reforma tributária. Sendo que a reforma tributária, lembrou, teve a colaboração dos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA). Arthur Virgílio salientou que, quanto à reforma da Previdência, a que foi proposta pelo ex-presidente Fernando Henrique era muito mais amena e humana.

Crise moral

Ao apontar o que chamou de crise moral e política do PT, Arthur Virgílio apontou para as -trapalhadas- dos ministros, e, no caso da ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, declarou que ela está agora sofrendo um processo de humilhação pública porque o presidente não teve coragem para, logo no início do governo, estabelecer um padrão ético para o governo. Ele mencionou ainda o ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, que a seu ver também permanece no cargo após -maltratar os velhinhos- por falta de coragem de Lula em demiti-lo.

A situação do governador de Roraima, Flamarion Portela, que se afastou por 90 dias do PT por indícios de envolvimento no chamado -Escândalo dos Gafanhotos-, de desvio de dinheiro público, também foi mencionada pelo senador. Para ele, o partido está sendo condescendente com Flamarion, ao passo que pune a senadora Heloísa Helena (PT-AL) por não mudar de opinião. O líder da oposição comparou a postura do PT ao assumir o governo com a dos partidos de esquerda da Europa, que mudaram de posição antes das eleições, debatendo suas velhas bandeiras em convenções nacionais.

- No caso do Brasil, o PT, para vencer, fez uso dos discursos de seus dissidentes, e mudou de posição somente após as eleições. Isso é a política 171, do estelionato eleitoral. E, com ranço totalitário, o PT agora pune a senadora Heloísa Helena, figura respeitada por todos os seus adversários políticos - afirmou, lembrando ainda o caso do então deputado Almino Afonso, que acabou por sair do PSDB, mas que pôde votar, -sem ser esmagado-, contra as mudanças na ordem econômica, propostas no início do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Em apartes, os senadores Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e Heráclito Fortes (PFL-PI) saudaram o discurso de Arthur Virgílio. Antero disse que o PT fere de antemão a reforma política, ao usar de autoritarismo para punir Heloísa Helena. Heráclito disse que o país está diante de fato inédito: Heloísa Helena está sendo punida por manter a coerência e não mudar de posição. Heráclito lembrou que os ministros de Lula são os mesmos que fizeram -apitaço- na Câmara dos Deputados para impedir a reforma da Previdência de Fernando Henrique.



13/12/2003

Agência Senado


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