Arthur Virgílio quer levar ao Plenário requerimentos rejeitados na CPI dos Cartões Corporativos



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), anunciou, nesta terça-feira (1º), que todos os requerimentos derrubados pela base governista na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos cartões corporativos serão objeto de recurso, para serem discutidos e votados no Plenário do Senado.

- Se alguém pensa que vai consagrar a impunidade jogando nas costas da sua tropa de choque na CPI, essas pessoas estão muito enganadas. Vão ter que votar aqui, voto nominal. Vão ter que botar suas caras, suas faces, naquele painel eletrônico. Vão ter que dizer com clareza que não querem quebrar sigilo - afirmou.

Arthur Virgílio sustentou que a ministra Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil da Presidência da República, virá ao Congresso Nacional prestar esclarecimentos sobre o dossiê com as despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, utilizado na tentativa de intimidar a oposição e abafar as investigações na CPI dos Cartões Corporativos. Segundo adiantou, a ministra deverá ser convocada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

- Ela desdenhou do Congresso, ao dizer que tinha mais o que fazer do que vir ao Congresso. Meu Deus, quem pensava assim era o general Garrastazu Médici. E ele podia não vir. Ela não pode não vir. Ela vai ter de vir. O general Garrastazu cassava pessoas daqui, ele cassou o meu pai. A ministra Dilma não pode me cassar. Vamos convocar a ministra para o Plenário, se for o caso - comentou.

O parlamentar anunciou ainda que o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), encaminhará requerimento ao presidente da comissão de inquérito do Palácio do Planalto solicitando que alguém do partido, atingido pelo dossiê contra FHC, acompanhe as investigações. Os partidos de oposição também deverão encaminhar ao presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, solicitação para que ordene o envio ao Congresso Nacional, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), do relatório e das informações sobre o uso de cartões corporativos.

- Aquela Corte é um órgão assessor do Parlamento. Portanto, ela não pode ter acesso a dados e nós, não. Era o que realmente faltava neste país que insiste em ser o país da impunidade - assinalou.

O líder do PSDB observou ainda que, de 2003 para cá, fez 45 requerimentos de informações, sendo que 41 foram respondidos "meio para inglês ver". Segundo afirmou, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), utilizou "sorrateiramente", na reunião da CPI dos Cartões Corporativos desta terça-feira (1º), um requerimento seu e a resposta dada pela Casa Civil de que dados sobre o governo Fernando Henrique estavam sendo coletados. Esse requerimento e sua resposta teriam sido exibidos como prova de que não havia um dossiê, mas um banco de dados em elaboração.

- Por isso, eu sou contra a esperteza. Eu faço questão de procurar não ser esperto. O meu requerimento motivou a Casa Civil a coletar dados, segundo eles dizem. Mas, em vez de mandar para a Mesa, que teria que mandar para mim os números, os dados que eles coletaram depois, não me mandaram. Ou seja, então está aqui caracterizado o crime de responsabilidade e o meu partido vai entrar com pedido de enquadramento da ministra Dilma Rousseff por crime de responsabilidade com base nessa gravíssima omissão - reagiu.

Arthur Virgílio observou que ainda está em vigor a Portaria nº 612/97, assinada pelo ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge, que explica o que pode e o que não pode ser feito com os cartões de crédito corporativos e quaisquer outros recursos para suprimentos.

Recordou ainda que, em 2005, encaminhou o requerimento de informação nº 426/05 ao então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, questionando a existência e o uso de cartões corporativos no âmbito daquele ministério. Márcio Thomaz Bastos respondeu dizendo que o Ministério da Justiça não contava com cartões de crédito corporativos, mas foi desmentido posteriormente pelo jornalista Weiller Diniz, que descobriu o uso de cartões por funcionários do Ministério da Justiça.



01/04/2008

Agência Senado


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