ARTIGO As responsabilidades da CPI do Leite
Os trabalhos na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o preço do leite têm se intensificado e, há um mês de sua instalação, tem demonstrado algumas peculiaridades na comercialização do produto no Rio Grande do Sul. Embora a CPI ainda esteja em fase de depoimentos, é possível constatar quem lucra e quem realmente acumula prejuízos com o negócio. Porém, apontar vítimas ou culpados nesse processo é uma tarefa que caberá ao relatório final esclarecer.
Como membro titular da Comissão, é preciso esclarecer alguns pontos de vista sobre esse comércio. Tomando como base os cálculos apresentados pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura - Fetag - a diferença de preço entre o que recebe o produtor (R$ 0,20 o litro) e o que o consumidor paga numa lancheria (R$ 0,60 o copo) é três vezes superior.
Outro dado importante é que a Parmalat adquiria 66 litros de cada um dos 35,846 mil produtores. Já em 2000, o número de produtores caiu para 15,5 mil, mas a produção individual subiu para 106 litros. No mesmo período, a Elegê comprava 35 litros de cada um dos 44 mil produtores com quem negociava e, no ano passado, passou para 106 litros de cada 32,118 mil trabalhadores.
A indústria procura justificar que parte dessa diferença está embutida no custo das embalagens. Ora, se pagam em média R$ 0,17 por embalagem longa vida, então estamos envasando um gênero de primeira necessidade que custa mais caro que o leite na mão do produtor. E se esse é um dos fatores que contribuem no preço final do produto, logo precisamos analisar um sistema alternativo de embalagem ou na volta do tradicional “barriga mole” (saquinho plástico). Nos Estados Unidos, a tecnologia adotada permite, por exemplo, a venda do leite em galões de 3 a 4 litros com um custo bem menos que o nosso sistema de caixinha e com prazo de validade de até 15 dias.
Mudando o foco da questão, não podemos permitir também o fim das pequenas empresas e o enfraquecimento das cooperativas. São necessárias medidas emergenciais que venha garantir melhor agregação do preço ao produtor.
Há, portanto, ainda uma longa caminhada pela frente. Os temas apontados precisam ser investigados, debatidos e muito bem esclarecidos. Se estamos levando ao conhecimento público o comércio leiteiro no Rio Grande do Sul, temos a responsabilidade de aperfeiçoá-lo, garantindo um preço justo a todos os interessados.
Alexandre Postal é deputado pelo PMDB, 1º secretário da Assembléia Legislativa e membro titular da CPI do Leite
11/21/2001
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