ARTUR DA TÁVOLA PROTESTA CONTRA MERCHANDISING EM LIVRO DIDÁTICO



A publicidade em livro didático deve ser rechaçada de modo frontal, defendeu nesta sexta-feira (dia 25), da tribuna do plenário, o senador Artur da Távola (PSDB - RJ). O parlamentar elogiou a postura do ministro da Educação, Paulo Renato Souza, que qualificou a prática como "um absurdo".O representante do Rio de Janeiro anunciou que prepara um projeto de lei proibindo a existência de merchandising em livros didáticos. Segundo o dicionário Aurélio, entende-se por merchandising a "designação corrente da propaganda não declarada feita através da menção ou aparição de um produto, serviço ou marca durante um programa de televisão ou de rádio, filme, espetáculo teatral etc."Artur da Távola afirmou nada ter contra o merchandising utilizado na televisão e também no cinema. Para ele, é um processo válido, que depende apenas da inteligência do consumidor. Sua utilização em livros didáticos, no entanto, leva a criança e o adolescente a confundirem valores com consumo. - Será necessário colocar produto (em um anúncio no livro) para dar aula de gramática? Não é assim que vamos montar uma geração capaz de ter uma visão inteligente da sociedade. Está por trás disto uma ideologia que entra na mente infantil para formar o consumidor acrítico, de joelhos diante do produto, para quem o único valor na vida será ter sua capacidade de consumo aumentada. É um processo muito grave - advertiu o senador.O parlamentar citou vários exemplos de merchandising em livros didáticos citados pelo Jornal do Brasil. Ele afirmou que, em países capitalistas com uma boa formação educacional, este processo ocorre, "mas existe, do outro lado, a inteligência do consumidor", capaz de olhar para o mundo e fazer com que o consumo não seja o valor principal.Távola afirmou que, no ensino fundamental, devido à grande presença do Estado, não se encontra merchandising nas páginas dos livros didáticos. Ele defendeu a competência do Congresso Nacional para legislar fora do âmbito do Ministério da Educação, onde prevalece a livre empresa. - Já chega o comando que a sociedade de consumo tenha sobre nossos atos. Temos de preparar a criança para ter discernimento diante do seu tempo. Não existe mais o lazer da reflexão, do pensamento, principalmente da leitura. Existe o lazer que está impregnado pela televisão ou que leve a pessoa ao shopping, ao supermercado - disse.

25/02/2000

Agência Senado


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