Paim protesta contra livro didático de cunho racista
O senador Paulo Paim (PT-RS) protestou contra a adoção, nas escolas públicas de Brasília, do livro intitulado Banzo, Tronco, Senzalaque, segundo afirmou, além de ser preconceituoso e racista, -fere a dignidade da raça negra ao ofender suas raízes africanas-.
Paim informou que procurará o ministro da Educação, Cristovam Buarque, o Conselho Federal de Educação e o Conselho de Educação do Distrito Federal, para que o livro seja, de imediato, retirado das salas de aula.
- Se não for prontamente atendido, vou processar a editora e as autoras, porque esse livro atenta contra a auto-estima dos brasileiros descendentes de escravos, uma parcela significativa da população - disse.
Paim não quis divulgar o nome das duas autoras do livro, por entender que elas não agiram de má fé, mas por falta de conhecimento sobre a raça negra e sua história de bravura e luta, tanto na África quanto no Brasil.
- Vou procurá-las e terão que se retratar - disse.
O senador afirmou que o livro -trata a comunidade negra como macacos-, dizendo que eles perdiam sua condição humana quando eram aprisionados, virando mera mercadoria de seus proprietários brancos. Ele ainda classificou como -uma total inverdade histórica- o trecho do livro em que as autoras afirmam que capturam os negros na África não era difícil, -porque os próprios negros traíam seus irmãos-. Para o senador ao ler esse trecho, uma criança negra poderá concluir que os culpados pela tráfico são os próprios negros e não os europeus à época mercadores de escravos.
Segundo o senador pelo Rio Grande do Sul, é inadmissível que um livro como esse seja editado e adotado em escolas, num momento que o Brasil inteiro deflagrou uma luta contra o preconceito racial, discutindo a adoção de um sistema de cotas para negros e pardos em universidades e concursos públicos, como uma maneira de resgatar as injustiças perpetradas contra os escravos no Brasil.
25/02/2003
Agência Senado
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