Assembléia concede título de Deputado Emérito para Ayrton Barnasque
Em sessão solene, a Assembléia Legislativa concedeu, hoje, o título de Deputado Emérito do Rio Grande do Sul a Ayrton D'Avila Barnasque, que passou a figurar na galeria de fotos do Palácio Farroupilha ao lado de outros seis parlamentares: Carlos Santos, Carlos de Brito Velho, Cândido Norberto, João Brusa Neto, Romeu Scheibe e Ed Santos Borges.
O título de Deputado Emérito foi concedido ao ex-deputado Ayrton Barnasque por iniciativa do líder da bancada do PDT, deputado Vieira da Cunha, que da tribuna destacou os quatro mandatos consecutivos (1955 a 1971) do parlamentar, hoje com 83 anos. Enfermo, o homenageado foi representado por seu filho, Vitor Hugo, que recebeu do presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi, o diploma de Deputado Emérito. A Medalha foi entregue pelo deputado Vieira da Cunha.
O vice-presidente da República, Marco Maciel e o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola , enviaram telegrama ao homenageado. O Secretário de Turismo, Milton Zuanazzi, representou o governo do Estado, e o vereador Nereu D'Avila representou a Câmara de Vereadores.
Natural de Cachoeira do Sul, Ayrton D'Avila Barnasque nasceu em 11 de junho de 1918, filho de Homero Brum Barnasque e Olivia D'Avila Barnasque. Foi casado com Ada Guimarães Barnasque. Fundador do PTB em Cachoeira do Sul em 1945, foi vereador em 1946 e assumiu seu primeiro mandato como deputado estadual em 1954. Ao assumir, com 37 anos, registra da tribuna sua origem humilde como orizicultor, tendo sido taipeiro, lavrador, carreteiro, tratorista, aguador, capataz e dono de pequena granja.
O líder do PDT destacou a figura de Barnasque como grande orador e registrou o discurso proferido em abril de 1957, quando dedicou sua solidariedade à família Vieira da Cunha no episódio da morte trágica do então secretário de Educação do Estado, Liberato Salzano Vieira da Cunha, e sua esposa, Geny Figueiredo Vieira da Cunha.
No seu segundo mandato, em 1958, Barnasque percorre o Rio Grande do Sul ao lado do candidato ao governo do Estado, Leonel Brizola, que eleito o indicou para a Secretaria da Administração. No cargo, impulsionou a obra de construção do Hospital Ernesto Dorneles. Sempre ao lado de Brizola, o então deputado participou ativamente do Movimento pela Legalidade, em 1961, que este ano completa 40 anos. Acompanhou a implantação da primeira experiência de reforma agrária do país, no Banhado do Colégio, em Camaquã.
No seu terceiro mandato consecutivo (1962) Ayrton Barnasque vivenciou o golpe militar de março de 1964, que reordenou as forças políticas e fez surgir o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), do qual foi fundador. A cassação de alguns deputados em 1964 impediu Barnasque de se eleger presidente da Assembléia Legislativa, mas não calou sua oratória, coerente com os princípios trabalhistas e solidário com os companheiros presos e exilados pelo regime militar.
Foi da iniciativa de Ayrton Barnasque a instalação em 1966, em pleno regime militar, da CPI para investigar a trágica morte do ex-sargento do Exército Brasileiro e preso político, Manoel Raymundo Soares, que estava recolhido na Ilha do Presídio e foi encontrado nas águas do Guaíba em 24 de agosto, com evidências de tortura e com as mãos amarradas.
Barnasque presidiu a CPI, sendo o deputado Rosa Flores o relator. Reeleito em 1966, continua o trabalho de investigação que revela o tratamento dispensado aos presos políticos pelo regime militar através dos órgãos de repressão. Apesar de ameaças e pressões do regime discricionário, o parlamentar mantém o rumo das investigações e convoca autoridades do regime militar para depor, como o secretário de Segurança e o Diretor do Dops.
Em junho de 1967 a CPI divulga seus resultados, apresenta provas e aponta os culpados, transformando-se num referencial da luta democrática da sociedade gaúcha e brasileira. Depois da anistia política, assinou requerimento pela criação do PTB e com a perda da sigla manteve sua coerência e com Leonel Brizola fundou o PDT, que este mês completa 21 anos.
Ayrton Barnasque é pai de 9 filhos, dois dos quais - Vitor Hugo Guimarães Barnasque e Maria Regina Barnasque - ocuparam cargos no Legislativo. Vitor Hugo foi Supervisor de Serviços Complementares, Coordenador do Protocolo, Arquivo e Comunicações e também coordenador do núcleo de servidores da Assembléia Legislativa filiados ao PDT, e Maria Regina foi Diretora-Geral da Assembléia Legislativa, tendo presidido a Ação da Mulher Trabalhista e a zonal 113 do PDT de Porto Alegre.
Ao final de sua manifestação, o deputado Vieira da Cunha afirmou que "a família trabalhista se orgulha de ter Ayrton Barnasque como um dos seus mais destacados membros, e a Assembléia Legislativo de tê-lo como um dos seus mais atuantes e bravos parlamentares".
05/09/2001
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