Ativista protesta contra morte de Claudia Ferreira em ação policial no Rio



A sessão especial do Senado que celebrou o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, nesta sexta-feira (21), foi marcada também pelo protesto da coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas, Arísia Barros, contra a morte da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, que teve o corpo arrastado depois de jogado no porta-malas de uma viatura policial, no último dia 16, em Madureira, subúrbio do Rio de Janeiro.

Ela disse que a morte de Cláudia "reinventa as senzalas, os pelourinhos e os navios negreiros dos quais os escravos eram jogados ao mar, servidos aos peixes como alimentos" e não pode ficar impune.

- Eu sou Arísia Barros, mas poderia ser Claudia Silva Ferreira, mulher negra da periferia que teve a sua vida ceifada bruscamente [...] Eu sou Arísia Barros, mas poderia ser Claudia Silva Ferreira, mulher negra das subidas e descidas dos morros dos subúrbios cariocas, que rotineiramente exercitava a essência da palavra resiliência: resistir, reinventar o momento e seguir em frente [...] Eu sou Arísia Barros, mas poderia ser Claudia Silva Ferreira, que, além dos quatro filhos, criava mais quatro sobrinhos, pois, como toda mãe, especialmente as mães negras, subjugadas pela opressão da pobreza, do racismo e do machismo, acreditava que amanhã seria um outra dia - discursou emocionada.

A ativista lamentou fato de a auxiliar de serviços gerais ter sido morta justamente no mês em que Abdias Nascimento faria cem anos. Ela reivindicou a devolução de terras aos quilombolas e a aprovação pela Câmara e pelo Senado do PL 4.471/2012, do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que altera o Código Penal para garantir mais rigor na apuração das mortes decorrentes da ação policial, especialmente quando classificadas como “resistência seguida de morte” ou “auto de resistência”.

- Queremos que o mortal racismo das terras de Cabral seja pautado como agenda prioritária do governo brasileiro e não só nos campos de futebol, mas além Copa da Mundo - reivindicou.



21/03/2014

Agência Senado


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