Camponesa denuncia ação policial contra mulheres no Rio Grande do Sul



Na audiência pública na Subcomissão Permanente dos Direitos das Mulheres, que funciona no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a camponesa Maraisa Palaska Porto denunciou abusos cometidos pela Brigada Militar do Rio Grande do Sul contra mulheres camponesas em manifestação realizada na terça-feira (4), na empresa Stora Enzo, localizada naquele estado. Maraisa mostrou os ferimentos em seu corpo e informou que a manifestação foi realizada por cerca de 900 mulheres e 250 crianças. Cerca de 50 mulheres foram hospitalizadas, contou, devido à agressão da Polícia Militar.

A Stora Enzo é uma empresa sueco-finlandesa, informou Maraisa Porto, que adquiriu terras em áreas de fronteiras no Rio Grande do Sul, por meio de uma empresa laranja, para o cultivo de eucalipto. As camponesas, disse ainda, reivindicavam a anulação da compra dessas terras, bem como a expropriação da área e sua destinação à produção de alimentos. Após seu depoimento, ela entregou à subcomissão documentos que comprovam os danos ambientais que essa e outras empresas estão causando à região.

Além da agressão física, destacou a camponesa, as mulheres sofreram agressão moral, ao ver seus filhos humilhados pelos policiais. Maraisa Porto contou ainda que as mulheres e as crianças ficaram das 18h à meia-noite dentro de ônibus, sem água ou alimentos e sem seus pertences. Depois, o grupo foi levado para um ginásio de esportes, onde ainda se encontra, dormindo sem colchões, disse.

- É inadmissível que o estado do Rio Grande do Sul tenha tanta devoção pelo capital e nenhum respeito pela dignidade do ser humano - observou.

A camponesa informou ainda que a violência praticada pelos policiais foi registrada em imagens. No entanto soube que a Brigada Militar apreendeu o material.

O presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), disse que vai solicitar audiências públicas para esclarecer as denúncias. A presidente da subcomissão, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), ressaltou que o depoimento da camponesa é a primeira manifestação de violência sofrida por mulheres recebida na subcomissão e afirmou que o colegiado irá acompanhar a situação.



06/03/2008

Agência Senado


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