Augusto Botelho critica demarcação contínua de terras indígenas
Ao lembrar a grande repercussão dos problemas causados pela anunciada homologação da área indígena Raposa/Serra do Sol, o senador Augusto Botelho (PDT-RR) pediu maior fiscalização e monitoramento das atividades das organizações não-governamentais (ONGs) internacionais pelo governo federal nos assuntos relativos à demarcação de terras indígenas. Ele ressaltou que por trás dessa ação estão os interesses de países ricos que se fazem representar por ONGs, atuando "sob o olhar complacente do governo federal, de maneira desenfreada".
O parlamentar declarou não ser contra a demarcação de terras indígenas, mas observou que a demarcação contínua, anunciada pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, significará "um desastroso evento" para os habitantes de Roraima, sobretudo para a economia e as relações sociais na região.
Botelho destacou ainda as principais conseqüências causadas pela demarcação contínua. Entre elas estão o desaparecimento dos municípios de Uiramutã e Normandia; a expulsão de produtores de arroz, milho, feijão, há muito estabelecidos na região; a geração de bolsões de pobreza na capital do estado e a união de cinco tribos indígenas numa mesma área geográfica, representando um choque de etnias, a perda da integridade física e da cultura desses índios.
Para o senador, as ONGs internacionais não estão interessadas na preservação da cultura e da tradição indígena, como propagam, mas no rico subsolo sobre o qual as reservas estão assentadas e na biodiversidade brasileira. Portanto, essas organizações "não podem contar mais com os olhares complacentes do governo e atuarem ao seu bel-prazer, sob pena de a propalada internacionalização da Amazônia ganhar dimensões irreversíveis", afirmou.
10/05/2004
Agência Senado
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