Augusto Botelho critica demarcação de área indígena de forma contínua



Em pronunciamento nesta quarta-feira (8), o senador Augusto Botelho (PT-RR) criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ratificou a demarcação em área continua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, por não levar em conta a ocupação do local por aproximadamente 150 famílias pobres que vivem há mais de duas gerações na região.

Entre os moradores da área da reserva, Augusto Botelho citou o caso do senhor Joaquim Correa, dono do Lago Caracaranã e cuja família vive na localidade desde 1890, quando seus avós começaram a pagar imposto ao estado do Amazonas pelo direito de ocupação da propriedade, hoje uma atração turística em Roraima.

- As pessoas estão saindo de suas casas, de seus lugares, para ir não sei para onde, eles não sabem para onde vão. O grupo de arrozeiros é um grupo estruturado. Mas o que dizer das demais famílias que permanecem na Raposa Serra do Sol? - indagou.

Para Augusto Botelho, a decisão do STF foi tomada com base em um laudo antropológico "viciado" e é injusta com pessoas que hoje têm mais de 80 anos, muitas das quais vivem da agropecuária e foram morar em Roraima com o intuito de resguardar a fronteira e definir o Estado brasileiro.

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) defendeu o ingresso de embargo declaratório contra a decisão do STF, com a intenção de esclarecer pontos "obscuros" da medida, acentuando que as famílias já estão sendo retiradas da região mesmo sem a publicação do acórdão da deliberação do tribunal. O prazo final para a retirada das famílias da reserva é o dia 30 deste mês. A saída dos colonos deverá ser acompanhada pelo próprio Mozarildo e por Augusto Botelho.

Augusto Botelho lembrou que a decisão do tribunal também desagrada a muitos indígenas, tendo em vista que a reserva deverá abrigar cinco etnias diferentes em áreas que ainda não teriam sido definidas. 



08/04/2009

Agência Senado


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