Aumento do IDH deve ser considerado mais importante que crescimento do PIB, sugerem debatedores
Em audiência pública nesta quinta-feira (27), pesquisadores sugeriram aos governantes brasileiros que passem a dar mais importância ao aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em vez de buscar apenas o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A reunião, na Subcomissão Permanente de Acompanhamento da Rio+20 e do Regime Internacional sobre Mudanças Climáticas, teve como tema "Desigualdade: como reduzir".
O presidente da subcomissão, senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que conduziu o encontro, concordou com os palestrantes que a diminuição das desigualdades sociais envolve muito mais que apenas crescimento econômico.
O coordenador do Grupo de Pesquisa sobre Poder Local, Políticas Urbanas e Serviço Social da Universidade de Brasília, professor Perci Coelho de Souza, disse esperar que a Rio+20 sirva para que os países participantes façam um balanço de todas as ideias, conceitos e promessas defendidas na ECO-92. Ele acredita que essa análise possa servir para que as nações repensem os atuais modelos de desenvolvimento.
Na opinião de Perci, avaliar o modelo de desenvolvimento de um país apenas pelo aumento de seu PIB é uma visão muito limitada, pois o sucesso das nações passa necessariamente pelo incremento do IDH, o que só ocorre com a diminuição da desigualdade social.
Entre as providências sugeridas pelo professor para amenizar a desigualdade no país estão diminuir a degradação ambiental, "dar mais voz" aos movimentos sociais e garantir a transição para uma "matriz energética socioambiental".
Metas concretas
A secretária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (CDES), Esther Bemerguy de Albuquerque, também afirmou, citando o economista Celso Furtado, que desenvolvimento é diferente de crescimento econômico. Para ela, a desigualdade social, antes um mal mais presente em nações subdesenvolvidas, foi globalizada, atingindo todos os países.
Ela defendeu a adoção de metas concretas de desenvolvimento sustentável, com indicadores para mensurar os avanços. A secretária também sugeriu mais investimentos em habitação, saneamento básico, educação, saúde e assistência social. Além disso, lembrou que a justiça fiscal é essencial para abrandar a desigualdade.
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Pedro Herculano Ferreira apresentou dados que apontam aumento médio de 22,4% da renda no Brasil entre 1995 e 2009. Desde 2001, frisou o pesquisador, a pobreza extrema caiu de maneira significativa no Brasil, fruto principalmente da diminuição da desigualdade social proporcionada pelo aumento da renda, políticas sociais e de assistência.
Entre 2001 e 2009, continuou Pedro Herculano, a desigualdade no Brasil diminuiu 9%, contra apenas 1% no período de 1995 a 2001. No entanto, ele reconheceu que, apesar dos avanços, o Brasil ainda é "extraordinariamente desigual".
Pedro Herculano afirmou ainda que investimentos em educação funcionam de maneira mais efetiva e eficaz para atenuar as desigualdades e defendeu mudanças no sistema tributário brasileiro que, em sua opinião, penaliza os pobres.
27/10/2011
Agência Senado
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