AURELIANO CHAVES FAZ CONFIDÊNCIAS À TV SENADO



O ex-vice-presidente da República e ex-governador mineiro Aureliano Chaves deixou de lado seu comedimento habitual e revelou fatos marcantes da história brasileira contemporânea no programa Entrevista Especial, que a TV Senado reapresenta nesta quarta-feira (3), às 17 e às 23h. Na conversa de aproximadamente uma hora com os jornalistas Fernando César Mesquita e Rubem Azevedo Lima, Aureliano desvela, por exemplo, a posição do ex-presidente João Figueiredo sobre a emenda Dante de Oliveira, que instituía as eleições diretas. O ex-presidente nunca revelou seu candidato na eleição de seu sucessor. Mas, na entrevista, Aureliano afirma que Figueiredo - de quem foi vice - lhe disse, no princípio do governo, ser favorável à aprovação da emenda Dante de Oliveira. Mesmo assim, a emenda não foi aprovada e a sucessão foi decidida no Colégio Eleitoral.Outra surpresa, da mesma época, confidenciada pelo político: Ulysses Guimarães foi pedir-lhe apoio para essa mesma eleição no Colégio Eleitoral, que acabou vencida por Tancredo Neves. Aureliano negou-lhe. Além de ter um perfil nitidamente oposicionista, Ulysses era paulista e não mineiro, como ele e Tancredo.As inconfidências não param aí. Aureliano revela nunca ter tido um relacionamento mais intenso com Tancredo Neves até a candidatura de Paulo Maluf à presidência. A disposição de Maluf, ex-governador de São Paulo por indicação do governo militar, rachou o partido do governo, que com a reforma política trocara de nome, de Arena para PDS. A cúpula partidária, então, decidiu realizar uma ampla consulta a seus integrantes. O candidato paulista conseguiu convencer Figueiredo a não apoiar essa consulta. Isso provocou a renúncia da direção nacional do PDS e, com o rompimento, houve a formação da Frente Liberal, que deu origem ao PFL.O ex-governador de Minas também falou de política local. Para ele, a interferência do presidente Fernando Henrique Cardoso na convenção do PMDB - impedindo a candidatura de Itamar Franco à presidência - acabou por interferir no resultado das eleições mineiras. Não só pelos motivos óbvios que acarretou - a candidatura ao governo mineiro acabou impingida como única alternativa eletiva para o ex-presidente -, mas também por um importante aspecto emocional: o povo mineiro teria captado uma injustiça contra Itamar, e por isso votou nele em peso, facilitando sua vitória no pleito local.O ex-vice-presidente falou também de suas opiniões pessoais, como sua posição contrária à reeleição. Para ele, o instituto da reeleição vai contra a instituição da República, já que jamais constou das constituições brasileiras. Aureliano teceu críticas ao presidente Fernando Henrique Cardoso, que, para ele, carrega contradições entre sua formação intelectual marxista e sua atuação política neoliberal.

02/02/1999

Agência Senado


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