Autoridades reconhecem risco de rádios piratas para a aviação



Em audiência pública destinada a discutir interferências de rádios clandestinas no controle de tráfego aéreo brasileiro, autoridades confirmaram que transmissões clandestinas atrapalham o controle de vôo em aeroportos no país, especialmente em São Paulo e Foz do Iguaçu (PR). O debate aconteceu na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) nesta quarta-feira (9).

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O chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP), coronel- aviador Jeferson Ghisi Costa, confirmou que existem interferências de rádio que atrapalham a comunicação entre pilotos e controladores em aeroportos brasileiros.

O coronel informou que, até junho de 2008, a Aeronáutica vem registrando entre 60 a 90 ocorrências mensais. Ghisi Costa reproduziu algumas gravações em que a conversa entre pilotos e controladores de vôo foram interrompidas por rádios clandestinas. Em um dos casos, o piloto informa estar recebendo a transmissão de uma rádio evangélica "mais clara do que a do controle".

- As interferências diminuíram um pouco de 2007 para 2008, mas ainda estão em níveis preocupantes - afirmou o coronel-aviador.

O presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp), Cezar Telles, narrou problemas que ocorrem na região de fronteira causados por rádios piratas instaladas nos países vizinhos que interferem no aeroporto local.

Telles destacou que a atuação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vem coibindo o surgimento de novas rádios irregulares no estado, mas que brasileiros se aproveitam da falta de fiscalização nos outros países e instalam rádios piratas, em sua maioria evangélicas, em terras estrangeiras.

- Todas têm excesso de modulação e freqüência. Foz do Iguaçu, a exemplo de São Paulo, é uma bomba-relógio - afirmou Telles.

O gerente-geral de Radiofreqüência e Fiscalização da Anatel, José Joaquim de Oliveira, garantiu que as interferências diminuíram neste ano. Oliveira destacou que também há interferências causadas por rádios outorgadas (regulamentadas), só que, no caso de rádios regulares, é mais fácil combater a interferência, porque se sabe quem está transmitindo.

Oliveira informou ainda que telefones sem fio de longa distância, não homologados no país, mas usados por fazendeiros que importam o equipamento, vêm produzindo estragos, porque funcionam na mesma faixa de comunicação da Aeronáutica.

- Na Anatel, essas interferências são tratadas como risco à vida. Recebemos denúncias diariamente e tratamos [o assunto] como prioridade absoluta - disse.



09/07/2008

Agência Senado


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