Azeredo diz que Itamaraty pode perder sua tradição de mediador
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) afirmou em discurso nesta terça-feira (4) que o Ministério das Relações Exteriores colocou em xeque sua tradição de mediador, adquirida graças a sua imparcialidade.
- Não tem sentido o Brasil criticar a atuação da Colômbia e ao mesmo tempo ser tolerante com a militarização da Venezuela - afirmou o parlamentar, lembrando os US$ 20 bilhões que a Venezuela já gastou em equipamentos para suas Forças Armadas.
Azeredo afirmou que a Venezuela adquiriu da Rússia uma fábrica de fuzis automáticos, 100 mil fuzis, 24 caças supersônicos, os mais potentes mísseis ar-ar e antinavio do continente, helicópteros de ataque e aviões de treinamento armados. Também pretende duplicar a quantidade de carros de combate, com a aquisição do modelo mais poderoso disponível na Rússia, o T-90, superior a qualquer outro no subcontinente sul-americano.
O presidente da CRE lembrou ainda que o governo colombiano apreendeu armas antitanques suecas com integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ( Farc ). Os números de série dessas armas são os mesmos de um lote vendido à Venezuela na década de 80. Ele disse que Hugo Chávez deve explicar como essas armas apareceram num acampamento rebelde. Ele criticou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, por ter dito em entrevista que este é um episódio "desse tamanhinho".
Para Azeredo, a permissão do governo colombiano para que os Estados Unidos operem bases militares no país não é "um prelúdio à invasão", pois haverá menos de 2 mil instrutores americanos no país, e a maioria deles, civil. Citou o governo colombiano para dizer que as instalações americanas permanecerão sob o controle colombiano.
- O Brasil reúne condições de exercer papel relevante no cenário regional e internacional. Mas, sem equilíbrio, o risco é que perca a confiança e o respeito necessários para essa missão - afirmou Azeredo, para quem é fundamental que o Brasil não se deixe levar por análises superficiais.
Em aparte, o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) apoiou o pronunciamento do colega, dizendo-se contrário à adesão do país de Hugo Chávez ao bloco do Mercosul.
04/08/2009
Agência Senado
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