Bancários denunciam condições de trabalho no Santander Meridional



O Sindicato e a Federação dos Bancários realizam, hoje (24/05), ato público que pretende denunciar as condições de trabalho dos funcionários do Banco Santander Meridional. O protesto é contra a forma como a instituição vem impulsionando sua política de terceirização e demissões. "Temos que mudar essa novela de privatizações de FHC, que dá final feliz às multinacionais e temor aos trabalhadores brasileiros", afirma o deputado José Gomes (PT), que integra a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Após o ato, os manifestantes vão entregar um dossiê à Comissão, relatando o que consideram "desmandos" realizados pelo grupo financeiro espanhol que comprou o Banco Meridional, das mãos do grupo Bozano Simonsen, transformando-o em Santander Meridional. Para Gomes, não é possível entender as condições precárias de trabalho que estão sendo denunciadas pela categoria, pois o "Santander já gastou R$ 9 bilhões para adquirir o Banespa, o Meridional/Bozano Simonsen, o Banco Noroeste e o Banco Geral do Comércio, colocando-se em terceiro lugar no ranking do sistema financeiro do nosso país", afirma o petista. A compra dessas instituições faz parte do plano do grupo espanhol em consolidar a sua transnacionalidade, com previsão de abocanhar 10% do mercado na América Latina. "Além disso, a compra de bancos estratégicos nas regiões sul e sudeste brasileiras revela a intenção do Santander de facilitar seu passe nas transações do Mercosul", explica Gomes. Os participantes do protesto também querem lembrar o 16º aniversário de criação do Banco Meridional. A instituição tem papel preponderante na história do sistema financeiro gaúcho: originou-se do Banco Sul Brasileiro, que, ante a sua bancarrota, tornou-se o Banco Meridional, mediante mobilização da sociedade e dos bancários gaúchos para preservá-lo no Estado. Mas em 1997, em negócio impulsionado pela política de desestatização do presidente Fernando Henrique Cardoso, o grupo Bozano Simonsen assumiu o controle acionário do Meridional por R$ 265,66 milhões. Na época, o então presidente do Bozano, Paulo Ferraz, assegurou que não revenderia a instituição, nem que haveria plano de demissões programado. No entanto, no ano seguinte, cerca de três mil funcionários foram incentivados a aderir ao PDI da empresa, o Plano de Demissão Incentivada, reduzindo-se pela metade o número de funcionários. Questionada pela CPI dos Bancos, no Congresso Nacional, por denúncia de remessa de divisas para o exterior e sonegação fiscal, a família Bozano se desfez de suas atividades financeiras e vendeu o Grupo Meridional para o Banco Santander Central Hispano por R$ 1,2 bilhão, no início do ano passado. "O Meridional anda de mão em mão, de acordo com o fluir dos interesses do sistema financeiro, o que é uma pena, porque, em solo brasileiro, os nossos trabalhadores devem ser respeitados", alerta José Gomes. O ato acontece em frente à Agência Matriz do Banco Santander Meridional, na esquina das ruas Sete de Setembro e General Câmara, no centro da Capital, a partir das 13h30. "Conclamo todos os parlamentares gaúchos a participarem da manifestação, porque representam uma sociedade que não pode mais suportar as conseqüências sociais do desemprego", conclui o deputado.

05/24/2001


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