Bancos querem corte de tributos e de compulsório em troca de redução de juros



Representantes dos bancos privados apresentaram ao governo, nesta terça-feira (10), as 20 propostas vistas como essenciais pelo setor para reduzir o spread bancário (diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro de investidores e o que cobra de juros dos tomadores de empréstimos). As sugestões envolvem desde redução de impostos e do depósito compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central) a medidas para reduzir a inadimplência.

A movimentação dos bancos privados é uma reação à decisão tomada pelo Banco do Brasil (na semana passada) e pela Caixa Econômica Federal (nesta segunda-feira, 9) de reduzir drasticamente as taxas de juros cobradas dos clientes nas operações de crédito. Assim, os bancos públicos passaram reforçar a política do governo de pressionar o sistema financeiro para que reduza o spread bancário.

Segundo o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, prometeu analisar as propostas e marcar novas reuniões, mas não sabe se as ideias serão aceitas pela equipe econômica. “A bola agora está com a Fazenda. Cabe a eles definir que medidas vão ser adotadas”. A Caixa e o Banco do Brasil, embora sejam bancos públicos, também são integrantes da Febraban.

Ao anunciar as mudanças, na segunda-feira, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, disse que a redução dos juros chega a 88% ao ano e o volume de recursos destinados às operações de crédito aumentou 24% em relação ao ano passado, totalizando R$ 300 bilhões neste ano. Hereda ressaltou que as medidas foram pautadas por critérios técnicos, amparados na análise da carteira de crédito e no nível de risco das operações.

Sugestões da Febraban

Entre as sugestões apresentadas nesta terça-feira ao Ministério da Fazenda está a extensão, para outros tipos de operações de crédito, de benefícios que existem para os financiamentos imobiliários. Ele citou a proibição da capitalização de juros sobre uma dívida que já está sendo paga e a possibilidade de o cliente continuar a pagar o principal de um débito enquanto questiona as taxas de juros na Justiça.

O presidente da Febraban também cobrou a regulamentação do cadastro positivo (de quem paga as dívidas em dia), que permitirá aos bons pagadores ter acesso a taxas de juros mais baixos. A lei foi sancionada em junho do ano passado, mas a criação da cadastro positivo ainda depende da edição de um decreto pelo Ministério da Fazenda.

Murilo Portugal pediu ainda a desoneração das renegociações de dívidas. Atualmente, os débitos de até R$ 30 mil em renegociação têm os impostos parcelados junto com as novas prestações. Acima desse valor, o imposto é cobrado integralmente no início da renegociação. A Febraban sugeriu ainda que clientes com planos de previdência complementar possam usar parte das reservas no fundo de pensão como garantias de empréstimos.

Ele reivindicou a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrados dos bancos. “O Brasil é um dos países que mais tributa a intermediação financeira”, reclamou. Ele também pediu a redução do compulsório, atualmente em torno de 55% dos depósitos. “Essa é uma fatia muito acima da praticada no resto do mundo”, acrescentou.

De acordo com o presidente da Febraban, a maior parte do spread bancário (diferença entre os juros pagos pelos bancos e as taxas cobradas dos clientes) não é composta pelo lucro das instituições financeiras. Ele apresentou o levantamento mais recente do Banco Central sobre o spread bancário. Segundo esses dados, no fim de 2010, 29% do spread estava associado aos custos da inadimplência, 26% correspondiam à tributação e ao compulsório, 13% representavam custos administrativos e os 32% restantes eram o lucro líquido dos bancos.

Para Murilo Portugal, a lucratividade dos bancos brasileiros está dentro dos padrões internacionais. “A maior parte do spread bancário no Brasil representa custos e temos como objetivo reduzir esse custo. É importante que todos [bancos e governo] trabalhem na mesma direção. Não se trata de ceder, mas de trabalhar com um objetivo comum”, destacou.

Fonte:
Agência Brasil

 


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10/04/2012 21:10


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