César Borges questiona competição entre bancos e anuncia projeto para redução de juros



Num discurso veemente, o senador César Borges (PFL-BA) lançou dúvidas se realmente os bancos que operam no Brasil estão competindo entre si, por causa das altas taxas de juros e de seus "lucros estrondosos". Para ele, nada justifica os bancos cobrarem em média 65% ao ano nos empréstimos para empresas, lembrando que os juros pagos pelo governo em seus títulos públicos estão em 16,25% ao ano (sem descontar a inflação).

Para tentar reduzir a diferença entre o percentual de captação dos bancos junto aos aplicadores e a taxa que eles cobram em seus empréstimos (diferença chamada de spread), o senador baiano apresentou projeto que obriga o Banco Central a adotar políticas de redução desse spread. "Temos metas fiscais e metas para inflação. Por que não para o spread bancário?", perguntou.

- Vão gritar logo dizendo que estou propondo intervenção no setor financeiro, mas é preciso dar mais transparência à questão do spread, certamente um dos maiores entraves à ampliação do investimento produtivo do país - sustentou.

César Borges lembrou que as despesas financeiras das empresas brasileiras passaram de 3,5% de suas receitas em 1998 para 35,1% no ano passado. Já o lucro de 19 bancos chegou a R$ 14 bilhões no ano passado. Ele usou números do Banco Central para mostrar que 37,5% dos spread bancário representam o lucro dos bancos. O restante, está dividido entre impostos, custos com funcionários e inadimplência.

- Como é possível uma empresa sobreviver comprometendo quase um terço das receitas com despesas financeiras? E ainda vem o ministro do Planejamento, Guido Mantega, pedir mais ousadia ao setor privado para investir - desabafou César Borges. Para ele, quem precisa agora ter ousadia é o governo ao fixar a taxa básica de juros e para reduzir a carga tributária do país.

O senador questionou uma declaração do presidente do Banco do Brasil que, ao comentar o lucro da instituição, disse que se tratava de "uma delícia".

- Ora, então o governo compactua com esse exorbitante spread bancário? Será que o papel do Banco do Brasil é apresentar lucros deliciosos? Não seria mais importante para o país que o banco estivesse forçando uma queda no spread bancário? - interrogou César Borges.



18/03/2004

Agência Senado


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