BARBALHO RECEIA QUE PACOTE FISCAL RESULTE EM MAIS PROBLEMA SOCIAL
Falando pela liderança do PMDB, o senador Jáder Barbalho (PA) solidarizou-se com o governo pelas medidas tomadas para preservar o real, mas alertou para o risco de o pacote fiscal resultar em mais problemas sociais. Em sua opinião, aumentar os combustíveis em 5% numa inflação de quase zero é uma medida inflacionária, pois esse aumento será repassado para transporte coletivo, frete, etc. Ele disse temer também pelo aumento do desemprego.
- Minha solidariedade com o governo não é incondicional. Discordo de algumas medidas do pacote, entre elas a de que os assalariados tenham de pagar com a ampliação da alíquota do imposto de renda quando, para alguns economistas, salário nem renda é - argumentou.
Sustentando a ineficácia dessa medida, Jáder Barbalho explicou que o salário se reincorpora naturalmente à economia, pois mensalmente é gasto pelo trabalhador, sendo impróprio o governo aumentar a sua taxação como renda. Disse também que o anúncio da demissão de 33 mil funcionários públicos significará muito pouco em termos de caixa para o governo, se comparada ao impacto que o aumento das taxas de juros vai causar na dívida interna.
Em sua opinião, a economia prevista com essas demissões será irrisória se observar-se que, somando-se as famílias desses servidores, pelo menos 150 mil pessoas serão atingidas com essas medidas. No seu entender, a iniciativa privada não tem condições de absorver esta mão-de-obra, sendo grave ainda a constatação de que serão demitidos servidores de baixos salários. "Qual a repercussão econômica de demitir-se quem ganha pouco?", questionou o senador.
Jáder Barbalho lembrou que seu partido sempre apoiou o Plano Real, desde sua adoção, no governo de Itamar Franco. Recordou também que o Legislativo nunca se nega a apoiar medidas destinadas a salvar a economia, tendo aprovado inclusive confisco de poupança popular. Mas alertou: "Nunca faltamos com o governo nesta Casa, mas não posso deixar de dizer que essas medidas só agravarão a questão social".
O senador disse que seu maior receio é com as medidas que, além de não contribuírem de forma firme para a estabilidade da moeda, agravarão ainda mais a situação da população.
Em apartes, o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), afirmou que, com essas medidas, o presidente Fernando Henrique Cardoso "praticou ato que o engrandece perante a opinião pública brasileira". O senador Sérgio Machado (PSDB-CE) pediu urgência na aprovação das reformas, e Fernando Bezerra (PMDB-RN) disse já ter informações de que o setor industrial está preocupado com a repercussão do pacote na produção. Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu um entendimento entre todos os partidos para que os ministros Pedro Malan e Antonio Kandir venham ao Senado explicar as medidas.
Antes de passar a palavra ao orador seguinte, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, declarou: "Tenho certeza de que o Congresso Nacional agirá com a presteza indispensável, votando as medidas que o país necessita e que vão dar tranqüilidade ao povo brasileiro".
11/11/1997
Agência Senado
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