BC MANDARÁ SUSPENDER CONTRATOS DE ANTECIPAÇÃO DE ICMS EM ANDAMENTO



O diretor de Finanças Públicas e Regimes Especiais do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, afirmou, em audiência pública realizada na Comissão de Assuntos Econômicos, que vai encaminhar nesta sexta-feira (dia 17) ofícios aos secretários de Fazenda de todos os estados orientando para que sejam suspensas as negociações de contratos de antecipação de receitas, principalmente de ICMS, que estejam em andamento. Sua decisão decorreu de sugestão do senador Osmar Dias (PSDB-PR). A audiência foi presidida pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB).
Carlos Eduardo informou que o banco não tem uma posição definida sobre a natureza de tais operações, pois sequer tinha conhecimento da existência das antecipações, o que ocorreu por meio da imprensa no começo deste mês. Ele contou que o BC está de posse de três contratos firmados pelos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Pernambuco com a Petrobras e que somam R$ 260 milhões. Além disso, informou o diretor, o BC também vai receber do presidente daquela empresa, Henri Philippe Reichstul, relatório sobre as operações para que seja entregue o parecer final ao presidente da instituição, Armínio Fraga, o que deve ocorrer no próximo dia 27.
- Os economistas e juristas do BC estão analisando essas antecipações que a princípio não parecem ser ilícitas ou veladas. Resta saber se, por caracterizarem-se, aparentemente, como operações de crédito, não precisariam passar pelo crivo do Banco Central. Tudo indica que seja um gênero modificado de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO) e ao Senado caberá, na forma legal, decidir sobre a legalidade dos procedimentos - afirmou o diretor.
Carlos Eduardo de Freitas reconheceu, no entanto, que esse tipo de operação é descrito como antigo e corriqueiro pelos secretários de Fazenda dos estados. Também contou, após questionamento do senador Jefferson Péres (PDT-AM), que o ministro das Minas e Energia, Rodolfo Tourinho, tomou conhecimento das operações através de comunicação feita pelo presidente da Petrobras.
O senador Osmar Dias, um dos autores do requerimento para realização da reunião, disse que está preocupado com o risco de as antecipações agravarem o desequilíbrio das finanças públicas e comprometerem as receitas futuras dos estados, como ele considera esteja ocorrendo no Paraná. Também o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) refutou o argumento que as operações estejam sendo feitas por uma questão de hábito. "A existência de irregularidades não gera jurisprudência", sintetizou.

16/03/2000

Agência Senado


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