BENEDITA APONTA DESCASO DO GOVERNO COM SAÚDE NO BRASIL
A senadora Benedita da Silva (PT-SP) lamentou a sucessão de escândalos na área da Saúde, que, na sua opinião, revelam o descaso do governo federal - que chamou de "desgoverno liberal" - para com os seres humanos. A senadora fez essa reflexão ao lembrar a passagem, no último dia 12, do Dia do Enfermeiro, "esse abnegado que, impotente diante da falta de equipamentos e material, faz o que pode, indo muitas vezes além do dever para proporcionar um pouco de alívio aos doentes".
Considerou a senadora que "sacrifícios ainda maiores faz esse profissional se for servidor público, por enfrentar o descompasso entre a inflação - que existe, apesar da conversa furada de que acabou - e seus vencimentos congelados há quatro anos, obrigando-o a fazer bicos, atravessando horas seguidas acordado, comprometendo seu desempenho, sua saúde e a dos pacientes".
- Sobre o Dia do Enfermeiro, gostaria de lembrar que o grande enfermo é o próprio Brasil, que à semelhança da frase de um ditador de triste memória, tem sua economia indo bem, embora com o povo indo mal - disse.
Benedita da Silva lembrou casos como os dos pacientes de hemodiálise de Caruaru e dos idosos internados na Clínica Santa Genoveva, "assassinados em massa em autênticos genocídios que fazem lembrar o destino dos prisioneiros dos campos de concentração nazistas", disse. "Como mulher e mãe", revelou sua revolta com as mortes de recém-nascidos em maternidades de Rondônia, Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco, "sem a mínima assistência médica".
Outro aspecto da situação da Saúde no Brasil levantado pela senadora foi o recrudescimento de doenças infecto-contagiosas que, já controladas, na sua opinião, exigiam apenas manutenção das ações preventivas, "que nossos gênios econômicos acharam por bem suspender". Benedita citou doenças como a dengue, inclusive hemorrágica, hepatite, malária, tuberculose, febre amarela e sarampo.
- Não tenhamos dúvidas de que, com o permanente contingenciamento das verbas da Saúde exercido pelos cães de guarda do Plano Real, esses números só tendem a piorar nos próximo anos. Teremos um país sem inflação, talvez, mas certamente sem povo - afirmou.
15/05/1998
Agência Senado
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