BENEDITA DEFENDE SEM-TERRA E CRITICA IMPUNIDADE NO PAÍS



A senadora Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu hoje (dia 16), em pronunciamento no plenário, o movimento dos sem-terra e solidarizou-se com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), na homenagem que este fez aos mortos por conflitos de terra e nas críticas contra a impunidade no país. Benedita aproveitou para anunciar as várias manifestações que haverá amanhã (dia 17) no Brasil e no mundo, lembrando o massacre de Carajás.

O Movimento dos Sem-Terra (MST), segundo Benedita, não é ligado a partidos políticos, e tem como ideal a defesa da reforma agrária, como tantas outras organizações e segmentos do país. "Esse movimento não está sozinho e se há alguma distorção nele temos que corrigi-lo de forma democrática. Não é destruindo o MST que vamos solucionar o problema fundiário", disse.

- Venho unir-me ao pronunciamento do senador Eduardo Suplicy, pois nos envergonha o fato de o Brasil ainda ter o maior nível de concentração de terras. Não foram poucos os que até agora tombaram pelos seus ideais. Não compactuamos com a violência. Temos também de dar um basta à impunidade, temos de fazer justiça - conclamou.

Benedita criticou as ações do presidente Fernando Henrique Cardoso para a solução dos conflitos de terra e reforma agrária. Ela não aceita a alegação do governo de falta de recursos para o setor, quandoeste, ao mesmo tempo, libera verbas na casa dos bilhões para socorrer bancos, saldar dívida de agricultores e pagar juros e serviços da dívida pública.

A decisão da Câmara dos Deputados de cassar o mandato de Sérgio Naya, responsável pela tragédia do Edifício Palace II, no Rio, foi elogiada pela senadora. Para ela, a cassação dá credibilidade ao Congresso.

Mas a impunidade no país, segundo Benedita da Silva, ainda é muito grave. Ela citou o assassinato brutal da jovem de 18 anos no Rio, ocorrido nesta terça-feira, depois de ter sido abordada em seu carro por assaltantes. Criticou a falta de segurança no Rio, dizendo que as ruas estão praticamente vazias enquanto os políticos e autoridades discutem a competência das polícias.

A senadora citou e relatou outros crimes praticados no Rio, nos quais mulheres e crianças também foram vítimas, e perguntou como as pessoas vão sobreviver a esses acontecimentos. "Esperamos que haja justiça no julgamento desses crimes", pediu.

Em homenagem à semana do índio, Benedita também lembrou Galdino Pataxó, que morreu queimado, numa parada de ônibus em Brasília, por um grupo de adolescentes.

16/04/1998

Agência Senado


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