Biblioteca do Senado em novo modelo gerencial



Agaciel da Silva Maia


Já vai longe a data de 18 de maio de 1826 quando o Barão de Cayru propôs a criação de uma biblioteca para o Senado Federal e alguns poucos volumes compunham seu acervo. Denominada, inicialmente, como a "livraria do Senado" era administrada por um "primeiro-oficial" e um contínuo. E assim ficou, por um longo período, até que 40 anos depois, o então presidente do Senado, Visconde de Abaeté, determinou a compra de 39 livros, além de outros 57 doados pelo próprio. Passou a ter 155 volumes. Só em 1896, graças à visão histórica do senador Manuel Vitorino Pereira, o acervo cresceu em mais 6.000 volumes. Desde então o patrimônio bibliográfico vem sendo aumentado com a importância que lhe é devida. Atualmente são 150 mil volumes de livros, 4.000 obras de referência (dicionários, enciclopédias etc), 3.600 títulos de periódicos (400 mil fascículos de jornais e revistas), 2 milhões de recortes dos principais jornais do país, selecionados por assuntos e temas, 463 títulos de periódicos estrangeiros em CD-ROM, milhares de facsímiles de jornais antigos (desde 1824), relatórios ministeriais e presidenciais da época do Brasil Império e da Primeira República, microfilmados, cerca de 4.000 volumes de obras raras entre livros e periódicos, 600.000 registros bibliográficos convertidos para o novo formato de base de dados multimídia, toda a Memória do Senado, os Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro e a Bibliografia Brasileira de Direito , estes em CD-ROM.

É a única biblioteca brasileira ( apenas outras duas, no exterior) a possuir a raríssima coleção completa da Flora Brasiliensis , com 19 volumes, encomendada por D. Pedro II, um incalculável tesouro literário. Como raridades, um manuscrito de Machado de Assis, e uma de suas primeiras obras também fazem parte desse acervo. Os quase 10.000 volumes pertencentes ao Senador Luis Viana Filho foi outra das notáveis aquisições que hoje integram o patrimônio do Senado.

Por isso, nossa Biblioteca é fonte obrigatória para historiadores, brazilianistas, educadores, universitários, alunos de pós-graduação e doutorado de vários paises do mundo, que para aqui acorrem em busca do material bibliográfico que necessitam.

Com o intuito de preservar esse imenso manancial esta Administração tem sido sensível à necessidade de dotar a Biblioteca dos mais modernos recursos de recuperação da informação.

Em 1999, depois de ampla reforma, inauguraram-se as novas instalações, com 3.250 metros quadrados, passando a ter sala privativa para Senadores - utilizadas diariamente pelos parlamentares - idem para consultores, advogados, assessores e diretores da Casa, para quem a Biblioteca é especialmente destinada.

Passou a ter um auditório de 60 lugares; sala para consulta ao acervo digital e Internet; 80% a mais de assentos na sala de leitura; acréscimo considerável em estantes deslizantes/automáticas para jornais, coleções especiais e obras raras; estantes fixas para livros e periódicos; sistema anti-furto magnetizado; dentre outras sensíveis melhorias e adaptações.

Como um dos resultados dessa reforma a utilização da Biblioteca pelos servidores da Casa e Parlamentares cresceu cerca de 114%, nos últimos três anos, e o índice de furtos de obras foi reduzido a, praticamente, zero. Usuários externos tiveram acesso restrito ao período matutino, privilegiando o público interno, que passou a dispor de melhores condições de atendimento e conforto. Ainda em 1999 foi adquirido o novo sistema de gerência automatizada de informação. Em 2000, implantou-se a Rede Virtual de Bibliotecas-Congresso Nacional, denominada Rede RVBI, com uma nova plataforma de gerenciamento da informação de bases de dados multimídia. Uma das primeiras bibliotecas brasileiras a disponibilizar via Internet aos usuários seu catálogo geral de livros, revistas, recortes de jornais e obras raras, preocupa-se, agora, o Senado, em preservar a integralidade de seu acervo. Ultimam-se providências para que se proceda a uma minuciosa restauração das obras que, a despeito de todo cuidado e climatização, começam a sofrer a inclemente ação do tempo e ataques de fungos e bactérias, comprometendo as peças históricas de raro valor, ali depositadas.

Finalmente, ainda neste ano, implantou-se no site da Biblioteca a versão 1, da Biblioteca Digital do Senado , baseada em projetos já implantados nas bibliotecas mais importantes do mundo. Estão disponibilizados, em base digital, textos completos de várias obras de domínio público editadas ou não pelo Senado Federal, entre literatura, Direito e Ciência Política, além de trechos digitalizados de capas, folhas de rosto e litogravuras da coleção de obras raras.

Orgulhamo-nos, portanto, de nossa Biblioteca, tão cuidadosamente administrada por seus zelosos e competentes servidores, relembrando uma frase proferida pelo Senador Ronaldo Cunha Lima: "A Biblioteca do Senado é uma história para muitos livros". E você, já visitou a Biblioteca e dela recebeu seus benefícios ?

Agaciel da Silva Maia é o Diretor-Geral do Senado Federal

28/08/2001

Agência Senado


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