BNDES enviará à CE estudo sobre auxílio a setor de comunicação



O vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Darc Costa, comprometeu-se nesta quarta-feira (24), em audiência pública promovida pela Comissão de Educação (CE), a enviar ao colegiado cópia da proposta atualmente em estudo de financiamento das empresas do setor de comunicação social. Assim que chegar ao Senado, anunciou o presidente da CE, senador Osmar Dias (PDT-PR), o texto será distribuído a todos os integrantes da comissão.

As principais redes de televisão do país não estão de acordo em relação à forma como deve ser feito o auxílio do BNDES ao setor, como observou Osmar Dias no início da reunião. A principal divergência se refere à possibilidade de o banco abrir linhas de crédito para reestruturação de dívidas. Durante a audiência, a proposta foi duramente criticada pelos presidentes do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), Luiz Sandoval, e da Rede Record, Dennis Munhoz, além do vice-presidente da Rede TV, Marcelo Fragali.

Darc Costa admitiu que o BNDES está analisando a possibilidade de reestruturação de dívidas, mas advertiu que, nesse caso, as operações teriam custos mais elevados do que as de financiamento de investimentos novos em equipamentos e conteúdo. "Pagamento de dívida também é crédito", afirmou o vice-presidente do banco. Ele anunciou ainda que o programa de apoio ao setor - definido como "fortemente estratégico" - incluirá o financiamento da modernização tecnológica e o fortalecimento da indústria de papel.

Os representantes do SBT, da Record e da Rede TV disseram que concordam com o financiamento de novos investimentos, até mesmo porque se aproxima a definição do modelo brasileiro de televisão digital, mas não aceitam o uso de dinheiro público para o equacionamento de dívidas antigas. Por sua vez, o presidente da Rede Bandeirantes, João Carlos Saad, disse que as empresas que venham a ser beneficiadas pelos financiamentos deveriam decidir se utilizam os recursos para pagamento de dívida ou para investimentos.

Como o maior problema de endividamento do setor é o da Globocabo, o vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, disse que sua empresa havia sido "muito provocada" pelos demais convidados à audiência. E garantiu que o grupo não pretende usar dinheiro público para quitar débitos.

- Não estamos absolutamente contando com dinheiro do BNDES para pagar dívidas, mas sim com o conjunto de nossos recursos, talento e transpiração - afirmou Guimarães, lembrando que a Globo tem promovido grandes investimentos na geração de conteúdo nacional para divulgação pelas emissoras ligadas à rede.

Ao final da audiência, embora mantendo posição contrária à abertura de linhas de crédito para pagamento de dívidas, os representantes do SBT, da Record e da Rede TV disseram que estavam satisfeitos por dar início ao debate sobre o tema. "O que causou ruído foi a sensação de que teríamos um bolo pronto", afirmou Marcelo Fragali, vice-presidente da Rede TV.




24/03/2004

Agência Senado


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