Bogo defende união de partidos
Bogo defende união de partidos
Acha que PSDB, PDT, PTB e PPS juntos no RS gerariam impacto na eleição
O ex-vice-governador Vicente Bogo, do PSDB, defendeu ontem a construção conjunta de candidatura ao governo do Estado entre PDT, PTB, PPS e PSDB. Segundo ele, a composição teria grande impacto sobre as eleições do próximo ano, equiparando-se à força que o PT, o PMDB e o PPB possuem isoladamente. 'Um novo núcleo de partidos que não são dominantes redirecionaria a disputa', enfatizou. Bogo argumentou ainda que a frente enriqueceria o processo.
Para ele, as eleições têm se caracterizado nos últimos anos pela polarização e pelo maniqueísmo, o que, no seu entendimento, não é positivo em nenhum aspecto para o Rio Grande do Sul.
Conforme Bogo, o PSDB poderá sofrer restrições nas alianças com o PDT e o PPS pela oposição que esses fazem ao governo federal. Ele ressaltou, porém, que os três partidos estão em campos semelhantes no Estado, o que poderia viabilizar a aproximação. Bogo fez questão de frisar que não está autorizado pelo seu partido a realizar articulações com vistas às eleições do próximo ano e não o representa em eventuais conversas com dirigentes partidários. 'Como ex-vice-governador, é natural que eu troque idéias com outras lideranças', justificou Bogo.
O deputado Bernardo de Souza, do PPS, acredita que as coligações ao governo devem respeitar os princípios programáticos dos partidos. 'Estamos abertos ao diálogo, mas as composições têm limites conceituais', ponderou.
Bernardo não descartou a possibilidade de aliança com PDT, PTB e PSDB. Porém, salientou que não poderá ocorrer por conveniência, mas motivada por programa conjunto. O vice-presidente estadual do PDT, Pedro Ruas, também não afastou a possibilidade de diálogo com outros partidos, mas disse não abrir mão da indicação do candidato ao governo, o que poderá ser fator desagregador nas negociações.
Estado pode atrasar os salários
O secretário substituto da Fazenda do RS, Odir Tonollier, admitiu ontem a possibilidade de faltar recursos para pagar o funcionalismo e acusou a oposição de estar levando o governo a essa situação. 'Deputados de oposição, através de artifícios, querem conduzir o Estado a atrasar o pagamento do funcionalismo', acusou. Tonollier creditou o desequilíbrio das finanças do Estado, que destina 75% da arrecadação à folha de pagamento, à má administração dos governos passados. 'Esse quadro nos deixa à beira da ameaça da falta de recursos', reconheceu.
Tonollier criticou os recentes ataques feitos pelos deputados de oposição à gestão financeira do Estado. 'As denúncias são frágeis e de má-fé. Os problemas levantados representam práticas contábeis corriqueiras realizadas por todos os governos anteriores e não constituem crime', garantiu.
Segundo ele, o deputado João Luiz Vargas, do PDT, estaria recebendo assessoria do Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do RS, cuja diretoria seria ligada ao PMDB e ao PDT. 'Essas investigações não comprovaram irregularidades ou desvio de recursos', exaltou Tonollier. Quanto à utilização de recursos do caixa único, ele afirmou que o procedimento não apresenta nenhuma ilegalidade.
Definidas as regras para edição de MPs
Com a aprovação ontem da emenda constitucional que redefine as regras de edição e tramitação das medidas provisórias (MPs), por 66 votos a 3, o programa de privatização do governo e outras iniciativas que dependiam da reedição de MPs passam a ter efeito definitivo, logo que a proposta for promulgada.
A situação dessa MP, reeditada 34 vezes, é a mesma das outras 56 que tramitam: passarão a ter valor de lei, a menos que o governo edite outra para revogá-las ou no caso de serem votadas e rejeitadas pelos parlamentares. A possibilidade de que isso venha a ocorrer é remota, principalmente em relação às MPs sobre as quais não há acordo. A emenda terá promulgação na terça-feira.
Guaíba relembra o final da Cadeia
A Rádio Guaíba AM - 720 kHz transmite hoje, das 15h30min às 16h30min, o programa Guaíba Revista, direto dos porões do Palácio Piratini, para relembrar o dia em que foi encerrada a Cadeia da Legalidade, há 40 anos. O comando será de Walter Galvani, com a participação de convidados especiais.
A emissora apresentará amanhã, a partir das 13h10min, a íntegra da série Memória da Legalidade. Os ouvintes poderão reviver a história do movimento comandado pelo ex-governador Leonel Brizola que culminou com a posse de João Goulart na Presidência da República, a 7 de setembro de 1961, em Brasília. A pesquisa e a apresentação do programa são do jornalista Edison Moiano.
Pesquisa revela a força de Roseana
A executiva nacional do PFL divulgou ontem o resultado da pesquisa encomendada ao Instituto Vox Populi para medir a potencialidade da candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, à Presidência da República. Em eventual disputa com o pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno, as projeções apontam 46% para o petista e 32% para Roseana.
Com o Pedro Malan, a pesquisa aponta 57% de preferência a Lula e 10% ao ministro da Fazenda. O candidato do PT obteve 51% contra 20% de Anthony Garotinho. Itamar Franco atingiu 26%, enquanto Lula chegou a 49%. Com Ciro Gomes, Lula obteve 47% contra 33%.
Política orçamentária é atacada
Técnicos da bancada do PPB apresentaram ontem, na Comissão de Fiscalização e Controle da Assembléia Legislativa, estudo sobre a execução orçamentária em oito meses do exercício fiscal. Os dados revelam que o poder Executivo empenhou 24,71% da dotação geral das secretarias, mas efetivou pagamentos correspondentes a apenas 16,37% dos valores orçados e posteriormente suplementados.
Conforme os técnicos, dos R$ 140 milhões pedidos pelo governo a título de suplementação, foram pagos cerca de R$ 92 milhões. 'Esses números provam que o Executivo está gastando somente os montantes suplementados, desprezando a dotação inicial das secretarias estaduais prevista na peça orçamentária que encaminha anualmente ao Legislativo', avaliou o deputado João Fischer.
Os técnicos do PPB chegaram à conclusão, através dos números disponíveis, que o programa Municipalização Solidária da Saúde é um dos mais atacados pela inoperância governamental. Dos R$ 70,8 milhões previstos para despesas correntes que deveriam ter chegado aos municípios gaúchos, somente 1,75% foram pagos. Na área da Educação, lembrou o líder da bancada, Vilson Covatti, os estudantes são os mais prejudicados.
No ensino fundamental foram executados 14,01% dos R$ 61,5 milhões previstos. No ensino médio o governo pagou 3,55% dos R$ 37,4 milhões estimados e, no ensino superior, dos R$ 7 milhões orçados, nada foi executado até agora.
Posição de Collares contestada no PDT
A bancada do PDT na Câmara Municipal de Porto Alegre repudiou ontem as declarações do deputado federal Alceu Collares sobre o possível ingresso do vereador José Fortunati, do PT, no partido. Segundo o líder da bancada, Nereu D'Ávila, a posição de Collares deve ser respeitada. Porém, é unânime entre os vereadores do partido a posição de que o PDT ganharia com a filiação de Fortunati.
Para Isaac Ainhorn, a manifestação de Collares foi inoportuna. Salientou que o ingresso de Fortunati é visto com alegria pela militância. O líder da bancada do PDT na Assembléia Legislativa, deputado Vieira da Cunha, classificou de agressiva e profundamente infeliz a declaração de Collares.
Postal vê maldade interna no PMDB
A moção assinada por oito dos dez deputados estaduais do PMDB, que será defendida na convenção nacional do partido, domingo, provocou indignação do secretário-geral da executiva, Alexandre Postal.
Segundo o deputado, ele e mais o companheiro de bancada Ivo Sartori não assinaram o documento porque, bem antes, a direção partidária já havia tomado a mesma decisão em defesa de prévia, candidatura própria à Presidência da República e saída da base de sustentação do governo federal.
Postal denuncia que houve maldade e espírito de intriga interna na decisão de divulgar o número de assinaturas e afirmar que apenas os dois ficaram de fora das teses a serem defendidas.
Jornalismo gaúcho fica órfão
Perdeu Alberto André, a referência da profissão para muitas gerações
Em 2 de dezembro de 1915, em Porto Alegre, nascia Alberto André, que dedicou quase toda sua vida ao jornalismo gaúcho. Como jornalista, trabalhou por mais de 40 anos no Correio do Povo. Foi durante 34 anos consecutivos presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), na qual presidia até ontem o Conselho Deliberativo.
Foi professor na Faculdade de Meios de Comunicação Social (Famecos) da PUC/RS e autor de livros sobre ética na comunicação social.
Para ele, um bom jornalista deveria atender a três premissas: compromisso com a verdade, ouvir todas as partes envolvidas e ter honestidade profissional. Como político, André foi vereador de Porto Alegre por quatro vezes consecutivas e deputado estadual. Atuou, ainda, no Tribunal de Contas do Município.
O mais significativo não é seu currículo, mas o seu exemplo de vida. Aos 85 anos, o jornalista continuava trabalhando e analisando o cotidiano brasileiro e se indignava com os problemas do povo. Ele pretendia escrever sua biografia, mas lhe faltava tempo. Sua esposa, Lourdes André, queria que ele se aposentasse, mas, infelizmente, a natureza foi mais rápida. Ontem, morreu Alberto André, deixando órfão o jornalismo gaúcho.
Artigos
PRIMEIRO O BRASIL
Percival Puggina
Pessoalmente, não tenho dúvida alguma. Antes de sermos gaúchos, somos brasileiros. Antes de sermos de esquerda, centro ou direita, civis ou militares, brancos, negros ou índios, somos brasileiros. Antes de pertencermos a este ou àquele partido, somos brasileiros. O Brasil vem em primeiro lugar. Tal é minha convicção a partir de um sentimento de amor ao meu país. Embora tal sentimento me tenha sido inculcado na família e na escola, não descrevo uma emoção pueril, mas algo profundamente humano, presente e arraigado em qualquer povo ou nação.
Indague a um japonês, a um francês, a um espanhol ou a um português o que significa ser japonês, francês, espanhol, português e você ouvirá expressões de abrasado orgulho cívico. Faça essa pergunta a um argentino! E, se você o julgar exagerado, repita a interrogação a um paraguaio ou a um boliviano.
Assim são as nações. Elas festejam suas datas cívicas e reverenciam seus grandes homens, heróis, libertadores ou fundadores. No Brasil, porém, sobre o hábito galhofeiro de rirmos de nós mesmos, veio juntar-se, de uns tempos para cá, um nacionalismo sodomizado pela ideologia, que só se manifesta quando penetrado por ela até as entranhas.
Foi esse nacionalismo de aluguel que, de Norte a Sul, avacalhou a festa dos 500 anos. É ele que chega às nossas salas de aula com louvações aos revolucionários da esquerda latino-americana enquanto silencia, mesmo nas datas nacionais, sobre o índio Felipe Camarão, o negro Henrique Dias, o branco José Bonifácio.
É esse nacionalismo sem alma nem brio que, despido de qualquer constrangimento, entrega o pavilhão nacional aos ratos, conquanto a imagem e a mensagem emprestem pano de fundo para as bandeiras vermelhas que, a essas sim, brandem com vigoroso orgulho. Em Giruá, suspenderam o Desfile da Mocidade. Usarão a data para uma reflexão sobre as mazelas nacionais.
Não lhes basta o ano inteiro para fazê-lo (e como o fazem, própria e impropriamente, em todo dia e lugar!). Precisam assenhorar-se também, para a ideologia e para o partido, da data que é de todas as raças, credos, classes e regiões. E ainda encontram quem os ouça.
Colunistas
Panorama Político/A. Burd
AO MESTRE ANDRÉ
Alberto André dividiu-se entre o jornalismo, a advocacia, o magistério e a carreira política. Todas as atividades marcadas pela paixão por Porto Alegre. Em 1953, criou a lei dos loteamentos, obrigando a existência de água, luz e esgoto. Tornou-se modelo para dezenas de municípios do país. Seis anos depois, redigiu o Plano Diretor, quando o prefeito era Sucupira Viana. Os dois mandatos como vereador pelo Partido Libertador e outros dois pelo Partido Trabalhista Brasileiro deram-lhe conhecimento e autoridade para escrever, ao longo de muitos anos, como repórter atento e preciso, sobre temas da cidade na edição dominical do Correio do Povo. Porto Alegre, à qual tanto dedicou talento e sensibilidade, hoje lamenta a sua perda irreparável.
INCERTEZA
O grupo que vencerá convenção nacional do PMDB, domingo, declara que vai defender candidato próprio ao Planalto. Nada garante que sustentará até o fim. Mais fácil e conveniente será apoiar tucano.
COMPLICADOR
A entrada de José Fortunati no PDT e sua escolha para concorrer ao Piratini obrigará inclusão de um trabalhista histórico como vice na chapa. Complicaria a coligação ampla pretendida por outros partidos.
PILCHADO - A Câmara dos Deputados realizará dia 13, às 16h, sessão especial em homenagem aos 167 anos da Revolução Farroupilha. A iniciativa é do deputado Pompeo de Mattos, que fará discurso em forma de poesia. Em 2000, ele foi impedido de entrar pilchado no plenário. Este ano, com modificação no regimento interno, o traje passou a ser admitido. A mesa diretora expediu convites aos três CTGs de Brasília e 1.700 do RS.
RISCO
O presidente da CPI do Demhab, Nereu D'Ávila, e o relator Reginaldo Pujol farão reunião com os demais vereadores integrantes, na próxima semana. Querem dar garantia aos depoentes. Muitos deles têm denunciado perseguições e ameaças.
SEM CONSENSO
Audiência pública, 2a-feira, na Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs), debaterá reajuste tarifário de 17% proposto pela Corsan, atingindo metade da população do RS. Pelo que se observou até o final da tarde de ontem, não há consenso.
TESTE FINAL
Luiz de Miranda e Maria Augusta Feldman, indicados pelo Executivo para conselheiros da Agergs, foram sabatinados na Comissão de Serviços Públicos da Assembléia. Agora, falta apenas passarem pelo plenário.
DINHEIRO CURTO
Dos 360 diretórios municipais do PT no Rio Grande do Sul, apenas cem estão em dia com a tesouraria do partido. O atraso impedirá a realização de eleições para a escolha dos novos comandos, no dia 16 deste mês, conforme o estatuto. Será, então, mão no bolso ou voto inútil.
AMOR À VIDA
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre completa 30 anos. Foi uma construção demorada no antigo Campo do Pólo. A receita se afirma a cada dia: dedicação e competência de todos os seus profissionais na brava luta pela preservação da vida.
PODEM
O TSE decidiu: esposas de governadores, prefeitos e presidente da República são elegíveis para mesmo cargo do marido, desde que não estejam no 2O turno e tenham se afastado seis meses antes da eleição.
APARTES
Bate-boca do dia na Câmara entre vereadores Sebastião Melo e Marcelo Daneris. Tema: conselhos tutelares.
Declarações de Vicente Bogo (página 2) põem hoje em polvorosa o sempre conflituoso ninho tucano.
Fiscais da Fazenda lotaram a galeria da Assembléia Legislativa ontem à espera de votação que não ocorreu.
Contagem regressiva aos que concorrerão em 2002: prazo para troca de partido acaba em 30 dias.
Novo round: FHC vai processar Itamar Franco pela acusação de que o Planalto fraudará eleições de 2002.
Nome de Jader Barbalho é retirado da chapa de Michel Temer. Ficaram seus ilustres representantes.
Comissão de Saúde da Assembléia pede ao Ministério da Educação reajuste de 75% aos médicos residentes.
Deu no jornal: 'Brasil tenta embalar na Argentina'. Não embalou.
'A inflação virou uma urticária. É preciso parar de coçar e fazer alguma coisa. ' (Ministro FHC em 1993).
Editorial
DEBATE EM TORNO DO ORÇAMENTO
Os cinco meses que faltam para a conclusão do ano serão de fortes discussões e debates no Congresso Nacional em torno da proposta do governo para o Orçamento Geral da União de 2002. Na proposição encaminhada ao poder Legislativo, a política fiscal, até aqui adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, está mantida e mais apertada, face ao ajuste adicional para o cumprimento das metas acordadas com o Fundo Monetário Internacional e que estabelecem um superávit primário (receita menos despesa, exceto juros da dívida) de R$ 36,7 bilhões. Fica assim muito estreita a margem de remanejamento possível para o atendimento dos interesses dos partidos num ano eleitoral, como 2002.
A proposta orçamentária não agradou aos partidos de oposição e causou desapontamento nos partidos que dão apoio ao governo. Manifestação curiosa foi a do deputado Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara, acusando o governo de estar sendo mais realista que o rei, referindo-se ao corte de R$ 2 bilhões nas verbas destinadas às obras de infra-estrutura do programa Avança Brasil.
Por seu turno, o deputado Jorge Bittar, líder do PT na Comissão Mista de Orçamento, anunciou que vai denunciar a política de ajuste fiscal baseada na geração de megassuperávits primários em detrimento da prestação dos serviços essenciais à população.
A grande verdade é que os congressistas estão, ainda, diante de um desafio maior, qual seja o de encontrar recursos, remanejando o orçamento, para atender a reajustes superiores aos R$ 189,00 para o salário mínimo e aos 3,5% para o funcionalismo público, questões que centralizam no Congresso as atenções de considerável parcela do eleitorado brasileiro.
O relator-geral do orçamento de 2002, deputado Sampaio Dória, do PSDB, entende que o Congresso terá de encontrar fontes alternativas de recursos para atender à demanda dos partidos, mas uma das saídas para tanto, que é a redução das emendas coletivas de bancadas regionais e estaduais, se adotada, desgostará os governadores, cujo apoio eleitoral será muito importante em 2002 para os parlamentares que concorrerão à reeleição.
Os congressistas estão na condição do marisco entre o mar e o rochedo e precisarão contar com muita criatividade para resolver a charada que lhes foi proposta pelo governo.
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09/06/2001
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