Bornhausen diz que paralisia e imprudência marcam cem dias do novo governo



Paralisia, contradições, retrocesso e imprudência. Assim, o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) resumiu nesta quarta-feira (3) os primeiros cem dias do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Bornhausen listou uma série de iniciativas e a falta delas para ilustrar sua argumentação. -A maior contradição é o desprezo pelo discurso da campanha eleitoral-, afirmou.

Para o senador, a paralisia do governo é percebida especialmente em relação às reformas tributária, previdenciária e política, que ainda não foram apresentadas ao Congresso Nacional.

- Não existia planejamento nem projetos redigidos. O governo criou o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para discutir as reformas, ao invés de enviá-las ao Congresso Nacional, onde estão os representantes eleitos do povo. O governo patina e não avança - frisou.

Outro sinal de paralisia apontado pelo senador é o Programa Fome Zero, -forte de propaganda e fraco de resultados-. Ele também apontou o setor de segurança pública que só conseguiu produzir -o narcoturismo- do traficante Fernandinho Beira Mar e -nem ao menos teve a coragem de considerar as FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] como organização terrorista-.

Dentre as contradições do governo nesses cem dias, Bornhausen destacou a utilização de mecanismos de política econômica que eram -satanizados- quando o PT era oposição e, agora que é governo, utiliza -sem nenhum pedido de desculpas-. O resultado, continuou o senador, foi a retração da economia, o aumento do desemprego e da dívida pública.

Bornhausen também citou o aumento real de 1,85% para o salário-mínimo e o reajuste salarial prometido ao funcionalismo público federal que pode variar de 1% a 4%. Ele lembrou que o PFL está apresentando emenda à medida provisória para que o salário mínimo tenha um reajuste maior e chegue aos R$ 260. Os recursos necessários, explicou o senador, viriam de um corte no valor de R$ 3,090 bilhões nas emendas de bancada para o orçamento.

Em relação ao retrocesso, Bornhausen apontou a revolta de vários ministros contra as agências reguladoras, afirmando que -sinalizar conta as agências, é sinalizar contra o investimento e o emprego-. Ele ainda citou a reforma agrária e a sinalização do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, para as invasões de terras produtivas. O senador ainda lembrou que os ex-governadores Olívio Dutra, Benedita da Silva e Itamar Franco, não cumpriram a Lei de Responsabilidade Fiscal e mesmo assim foram indicados para cargos no governo e a Embaixada do Brasil em Roma.

A imprudência do governo, na avaliação de Bornhausen, está na política externa, quando o chanceler brasileiro socorreu o presidente da Venezuela, Hugo Cezar Chavez. Ele também listou a nomeação de José Maurício Bustani para a Embaixada do Brasil no Reino Unido. Segundo o senador, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, -conseguiu desbancar o Graziano- ao propor que o Brasil recebesse em exílio o ditador iraquiano Saddam Hussein.

- O PFL espera que os 1.361 dias que faltam ao governo Luiz Inácio Lula da Silva não tenham a praga da contradição, da paralisia, do retrocesso e da imprudência - concluiu o parlamentar.



09/04/2003

Agência Senado


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