Brasil comemora 62 anos do primeiro canal de TV em meio à transição ao modelo digital



Governo estimula produção de aparelhos com interatividade, queda no preço de televisores e conversores e produção de equipamentos e conteúdos

A televisão chegou ao Brasil em 18 de setembro de 1950, quando foi inaugurada a primeira emissora brasileira, a TV Tupi. A primeira transmissão de TV no País comemora 62 anos em meio à transição do modelo analógico para o modelo digital, prevista para ser concluída em 2016. As transmissões de TV digital no Brasil começaram em dezembro de 2007 na cidade de São Paulo e sua expansão ocorre, primeiro, nas cidades maiores.

A transição do modelo analógico para o digital conta com estímulo à produção de aparelhos com o software Ginga, que permite a interatividade, além de estudos para baixar o custo de televisores e receptores para TV digital. Por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é oferecido financiamento para estimular atividades de pesquisa e desenvolvimento, modernização da infraestrutura e produção de software e equipamentos e novos conteúdos.

O Ministério das Comunicações estima que metade da população brasileira já possua aparelhos capazes de receber sinais de TV digital. Segundo a Anatel, em maio deste ano, a tecnologia chegava a 89,2 milhões de pessoas, o correspondente a 46,8% da população, ou a 31,3 mil domicílios (46,42%).

O Distrito Federal é a única unidade da federação com 100% de cobertura. Os melhores resultados estão no Amapá (80,34%), São Paulo (72,76%), Rio de Janeiro (70,91%), Roraima (68,48%), Sergipe (57,89%) e Paraná (56,35%). Apenas os estados do Acre e Rondônia ainda não contam com o sinal digital. Em quase todos os estados, a TV digital só é oferecida na capital e regiões metropolitanas, com exceção de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina.

O governo estuda testar em até três cidades brasileiras, a partir do segundo semestre do ano que vem, a transmissão somente do sinal digital, levando ao chamado apagão analógico. A previsão do fim do sinal analógico no Brasil é para julho de 2016, mas pode acontecer antes em cidades mais adiantadas ou até mesmo depois em outras cidades.

Incentivos

Para assistir à TV digital, é necessário um aparelho de alta definição com capacidade de receber o sinal digital, seja por um conversor interno ou externo ao televisor. A maioria dos televisores à venda já possui conversor integrado. Para quem não tem, é preciso comprar um aparelho externo.

Para facilitar o acesso à TV digital, o governo estuda formas de estímulo para a compra de conversores. Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, são estudadas desonerações à produção ou acordo com fabricantes e vendedores, de forma a diminuir o preço do aparelho, que hoje varia de R$ 100 a R$ 200.

A partir de 2013, 75% das TVs fabricadas no Brasil terão de conter o software Ginga, que permite a interatividade do telespectador com a emissora na TV digital. As empresas que não adotarem o cronograma não terão incentivos fiscais para produção dos televisores.

A medida foi tomada para estimular a introdução do programa nas TVs produzidas no País. Desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Ginga permite que o telespectador participe, por exemplo, de enquetes feitas pela emissora ou escolha um ângulo de câmera diferente num jogo de futebol.

O cronograma de implantação é: de junho a dezembro deste ano, será opcional para a indústria introduzir o software em sua produção. A porcentagem de televisores com o programa fabricadas nesse período, porém, será descontada da cota de 2013. Em 2014, as empresas terão de cumprir a cota de 90% de TVs com o Ginga embutido.

Investimentos

Para assegurar a implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital, o BNDES criou o Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd), cuja previsão de investimento é de R$ 1 bilhão até 31 de dezembro de 2013.

Serão apoiadas atividades de pesquisa e desenvolvimento, modernização da infra-estrutura, produção de insumos (software, equipamentos e componentes) e novos conteúdos. O programa foi subdividido em três. O Protvd Fornecedor financiará fabricantes de transmissores e de receptores. O Protvd Radiodifusão é destinado ao financiamento do setor de radiodifusão televisiva para construção de infra-estrutura digital e de estúdio. O Protvd Conteúdo é voltado para a produção de conteúdo exclusivamente nacional. 

Acessibilidade

Desde 1º de julho de 2011, as emissoras de TV com sinal digital são obrigadas a apresentar pelo menos duas horas de programas por semana com o recurso da audiodescrição, uma narração que descreve os sons e elementos visuais para deficientes visuais. Esse percentual vai ser de quatro horas semanais a partir de julho de 2013 e vai ter crescimento gradual até chegar a 20 horas semanais em 2020.

Analógico x Digital

Na TV digital, a qualidade da imagem é superior ao modelo analógico. Com mais nitidez, o telespectador consegue perceber detalhes da imagem que antes não eram visíveis. O áudio passará de estéreo, com dois canais, para seis canais, aumentando a sensação de imersão do telespectador no ambiente da cena. Outra vantagem é a qualidade do sinal, que nunca chega com falhas. 

O sistema escolhido pelo Brasil para a TV digital é o ISDB-TB, desenvolvido com base no sistema japonês Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial (ISDB-T). Esse modelo permite às emissoras escolher se querem transmitir um único canal em alta definição ou até seis canais sem alta qualidade de imagem.

Essa segunda opção, chamada de multiprogramação, permite que uma única emissora ofereça até seis conteúdos ao mesmo tempo. Outra vantagem desse sistema é a possibilidade de assistir à programação em dispositivos móveis e portáteis, como celulares com TV digital.

Interatividade

Com a TV digital, é possível, por exemplo, buscar um resumo do capítulo de uma novela ou responder a perguntas sobre os personagens e a trama para testar os seus conhecimentos. Em um jogo de futebol, é possível consultar informações estatísticas, como número de faltas e tempo de posse da bola.

Serviços de utilidade pública ou de governo voltados para educação, segurança e saúde poderão também ser passados pela televisão. Empresas também poderão oferecer serviços aos telespectadores, como realização de operações bancárias pela TV.

Na TV digital aberta, não é preciso pagar mensalidades, diferente da TV por assinatura. Países da América Latina como Peru, Argentina, Chile e Venezuela já anunciaram a adoção do padrão brasileiro.

 

 

Leia mais:

Brasil troca experiências internacionais de TV digital

Ministério das Comunicações conclui 1ª versão do plano de desligamento da TV analógica

 

Fonte:

Ministério das Comunicações

Agência Brasil

Portal Brasil

Anatel

BNDES


 



18/09/2012 19:02


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