Brasil comemora 90 anos de transmissão do primeiro programa de rádio
A primeira transmissão radiofônica foi revivida em um programa que recontou o momento histórico
O dia 7 de setembro, na última nesta sexta-feira, além de celebrar a Independência marcou também os 90 anos da primeira transmissão radiofônica no Brasil, um dos eventos em comemoração ao centenário da Independência do Brasil.
A primeira transmissão radiofônica foi revivida em um programa especial das rádios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) – Rádio Nacional e Rádio MEC - e da TV Brasil. Transmitido do Parque do Flamengo, na zona sul do Rio, o programa recontou o momento histórico, com números musicais e dramatização dos principais personagens do evento.
A primeira transmissão radiofônica foi do discurso do então presidente Epitácio Pessoa na abertura de uma exposição internacional sobre o centenário da Independência. À frente da iniciativa, estava o cientista e educador, Edgar Roquette Pinto, considerado o pai da radiodifusão brasileira.
“Segundo o depoimento do próprio Roquette, praticamente ninguém ouviu nada da transmissão, porque o barulho da exposição era muito grande”, conta o historiador, Milton Teixeira. “Os alto-falantes eram relativamente fracos, mas mesmo assim causou uma certa sensação a transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa e das primeiras músicas”, diz.
Contexto histórico
No período da transmissão, a insatisfação dos militares e da nascente classe média com as oligarquias que dominavam a chamada República Velha resultou na revolta dos tenentes no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 5 de julho. Meses antes, em 25 de março, era fundado o Partido Comunista Brasileiro, em Niterói. Em São Paulo, um evento realizado no mês de fevereiro influenciaria de forma definitiva o contexto cultural do país: a Semana de Arte Moderna.
De acordo com Milton Teixeira, a elite de cafeicultores que comandava o País soube tirar proveito político do centenário da Independência. “Era uma democracia só de fachada e direitos sociais eram coisa que ninguém imaginava ainda existir. O País estava numa crise danada, mas precisava afirmar a nacionalidade”, conta.
Especialista na história da cidade do Rio, ele lembra que, para fazer a exposição, foi destruído naquele mesmo ano um marco do passado carioca, o Morro do Castelo, primeiro núcleo urbano. “Ao mesmo tempo era criado nesse ano o Museu Histórico Nacional, primeira instituição dedicada à preservação do patrimônio histórico do País e cuja direção foi entregue ao historiador Gustavo Barroso.”
Apesar da transmissão durante a celebração do centenário da Independência, o início efetivo e regular das transmissões do rádio ocorreu somente no ano seguinte. A aquisição dos equipamentos foi feita pela Academia Brasileira de Ciências, e assim entrou no ar, em 20 de abril de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
A emissora pioneira é a atual Rádio MEC, que foi doada por Roquette Pinto ao Ministério da Educação em 1936.
Rádio brasileira
Para Sonia Virginia Moreira, professora de comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autora de livros sobre a história do rádio, a década de 20 foi o chamado período experimental do veículo. “Era experimental em termos de programação, sobre o que se podia fazer no rádio, mas muito interessante em termos de organização do meio. Como não havia nenhuma história, nenhuma memória do meio, o que se fez num primeiro momento foi organizar as pessoas ou as pessoas se organizarem”, destaca.
“O resultado foi a constituição de grupos e associações que se reuniam em torno do rádio”, acrescentou. Esses grupos e associações eram formados por pessoas que emprestavam discos para as emissoras. “As rádios ficavam poucas horas no ar, porque os transmissores não tinham capacidade de transmitir durante muito tempo”, conta a professora.
A era do rádio comercial surge a partir de 1932, quando o presidente Getúlio Vargas, através do Decreto 21.111, autorizou as emissoras a ter até 10% de sua programação sob a forma de publicidade. “Até então, o rádio era sustentado apenas por contribuições de seus próprios ouvintes, que eram os mesmos que ajudavam a fazer a programação.”
Com a permissão da publicidade, foi criado o modelo de rádio que a partir da década de 40 se consolidou no País, o do veículo comercial. “Naquele momento, marcado pela Segunda Guerra Mundial, os americanos passaram a influenciar não só a programação como o próprio modelo de rádio feito no Brasil, eminentemente comercial, a exemplo do que se fazia nos Estados Unidos”, disse a professora.
Confira o especial da primeira transmissão radiofônica em 1922:
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Fonte:
10/09/2012 15:40
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