Brasil deve estar pronto para maior competição internacional, alerta Tombini



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A economia brasileira precisa estar pronta para um período de maior competição internacional ao final da crise financeira que atinge o mundo há quase cinco anos, alertou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Em depoimento aos integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (11), ele observou que muitos países desenvolvidos vêm promovendo reformas em suas economias e se tornarão mais competitivos no futuro próximo.

- Algumas regiões estão sofrendo transformações importantes. A zona do euro nos próximos anos sairá mais forte e competitiva do que quando entrou na crise, com redução de custo de capital e de custos trabalhistas. Se hoje enfrentamos uma competição acirrada, o que ocorrerá em dois a quatro anos, quando economias saem da crise? Precisamos nos preparar para isso – advertiu Tombini em audiência pública da comissão, ao responder a perguntas sobre a competitividade do país, formuladas pelos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e José Agripino (DEM-RN).

No início de sua palestra, o presidente do Banco Central disse que, em curto prazo, ainda existe uma perspectiva de baixo crescimento na economia global. A Europa ainda seria “fonte de preocupação”, apesar de recentes medidas que, a seu ver, “reduziram as chances de eventos extremos”. Há sinais positivos na economia americana, prosseguiu, apesar do risco de impasse nas negociações entre democratas e republicanos para se evitar o chamado “abismo fiscal”, situação em que – se não houver entendimento – entrarão em vigor até janeiro aumentos tributários e cortes orçamentários. Quanto à China, observou, o ritmo de crescimento será menor que o dos últimos anos.

O Brasil, segundo Tombini, caminha para uma recuperação gradual da atividade econômica, que deve se intensificar no ano que vem. O cenário de recuperação do crescimento, ressaltou, “vai se materializando em ambiente de inflação sob controle”. Entre os fatores que ajudarão o país a levar a inflação ao centro da meta de 4,5%, enumerou, estão um reajuste menor para o salário mínimo em 2013 e ganhos “moderados” dos salários dos servidores públicos nos próximos três anos, além do cenário “ainda frágil” da economia internacional.

Suplicy elogiou resultados da economia brasileira, como a taxa de desemprego de 5,4% e a safra recorde de 180 milhões de toneladas de grãos, em 2012/13. Ele ressaltou, porém, a necessidade de se alcançar maior nível de investimento, para que a economia “volte a combinar maior crescimento, com sustentabilidade, e contínua melhoria da distribuição da renda”. Agripino, por sua vez, manifestou preocupação com a inflação ainda acima da meta e com a incapacidade do país de promover o investimento necessário para torná-lo mais competitivo no mercado internacional.

Entre as medidas citadas por Tombini como exemplo de que o governo busca promover maior competitividade estão a redução da carga tributária “dentro do possível”, a queda nas taxas de juros, a capacitação de trabalhadores e os novos programas de atração de investimentos em infraestrutura.

- Em alguns anos a competição vai se acirrar, com a saída da crise. E temos uma agenda alinhada com necessidade de se criarem condições para que o investimento deslanche na economia brasileira – afirmou.

Durante o debate, o senador Wellington Dias (PT-PI) elogiou a redução dos juros, apesar de a queda do spread bancário ter contribuído para a contração do setor financeiro. Por sua vez, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) alertou para o risco de redução artificial da inflação, por meio do adiamento de reajustes de preços como o da gasolina. A respeito da gasolina, Tombini recordou que a decisão sobre preços não depende da atuação do Banco Central.

Ao final da audiência, o presidente da comissão, senador Delcídio Amaral (PT-MS) concordou com Tombini em que diversos países vão sair da crise mais fortes do que entraram.

- Alguns países da Europa já começam a responder. Os Estados Unidos estão fazendo uma revolução na área de energia, reduzindo suas importações de petróleo por meio da ênfase em energias renováveis e gás de xisto. A oportunidade do Brasil é ímpar, e não podemos ficar para trás – advertiu Delcídio.



11/12/2012

Agência Senado


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