Brasil deve rever política externa e dependência do Mercosul, diz Ferraço



Nos últimos 12 meses, o dólar oficial na Argentina aumentou 56%. Só neste mês, a desvalorização da moeda argentina frente ao dólar chegou a 23%. Para restringir a fuga de dólares do país, o governo argentino limitou a duas vezes ao ano as compras pela internet em sites estrangeiros e a US$ 25 por compra sem cobrança de imposto alfandegário. A indefinição da política cambial eleva ainda mais o valor do dólar paralelo, que ultrapassou 13 pesos argentinos nesta semana.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), considera preocupante a instabilidade cambial no país vizinho. Para ele, a Argentina caminha a passos largos para a deterioração de seus fundamentos macroeconômicos

- Pelo menos um quarto, 25% de tudo aquilo que industrializamos e exportamos tem como destino a Argentina. Isso torna mais preocupante ainda as opções e escolhas que o país tem feito, priorizando o relacionamento com Argentina, Bolívia, e Venezuela. Porque são países que estão enfrentando problemas que não são mais conjunturais, mas estruturais. Isso vai levar o governo brasileiro a ter que repensar a sua política externa e a sua absoluta dependência das relações comerciais com o Mercosul.

Ricardo Ferraço teme que o Brasil fique isolado com o Mercosul, enquanto outros países e regiões ampliam e intensificam seus acordos comerciais.

- Um bom acordo com a União Européia acaba não saindo do papel. Chegamos muito próximo em dezembro. A Argentina chegou a apresentar seus propósitos e sua lista, mas mais uma vez isso não foi fechado.

Para Ferraço, a política externa terá importância estratégica em 2014, em razão da necessidade de o Brasil buscar maior presença em outros mercados para expandir a economia. Ele destacou também os desafios internos que o Brasil enfrenta, com altos custos de produção e perda de competitividade.



24/01/2014

Agência Senado


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