Saturnino defende política externa de Lula e acusa FHC de mentir ao falar em falência do Mercosul



O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) defendeu em Plenário, nesta quarta-feira (7), a política externa adotada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, em entrevista ao jornal uruguaio El País, publicada no último domingo (4) disse que o Mercosul estaria agonizando.

Saturnino afirmou que, ao contrário do que afirmou o ex-presidente, a entrada da Venezuela no Mercosul traz novo fôlego ao bloco regional, e significa mais um passo na direção da integração sul-americana, em especial entre os países do Cone Sul.

- O ex-presidente disse que os países do Mercosul estão assinando contratos com outros países, o que não é verdade. O Mercosul se reforçou com o ingresso da Venezuela, país de economia relativamente grande em comparação com outros países da América do Sul - afirmou o senador.

Saturnino enfatizou que a Venezuela é rica em energia e é um país cujo comércio com o Brasil cresceu 300% nos últimos anos. O senador acredita que a Venezuela poderá colaborar, juntamente com Brasil e Argentina, para melhorar a situação das economias mais fracas como as do Uruguai e do Paraguai.

Mais uma vez, o senador levantou a hipótese de haver "interesses difusos" sendo contrariados pelo avanço da integração sul-americana, em particular, os dos Estados Unidos, especialmente os comerciais, que seriam diretamente afetados por uma maior união entre os países da América do Sul.

Saturnino também discordou da afirmação do ex-presidente Fernando Henrique de que o Brasil estaria perdendo sua posição de liderança na América do Sul. O senador, que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado, disse que o ex-presidente se equivoca quanto aos objetivos da política externa brasileira atual, que busca uma liderança compartilhada e não teme perder a liderança isolada, que não almeja, para Hugo Chávez, da Venezuela.

- Agora o Chávez é pretexto para qualquer tipo de crítica da oposição aos projetos brasileiros de integração - protestou Saturnino.

O senador afirmou ainda que o Brasil não deveria interferir no recente contencioso Argentina-Uruguai envolvendo fábricas de celulose como sugeriu Fernando Henrique, a menos que houvesse um pedido formal nesse sentido de ambos os países. Se isso viesse a ocorrer, observou, configurar-se-ia em intervenção indevida, o que contraria os princípios da política externa brasileira.

Saturnino ressaltou que, embora o governo Lula esteja investindo em novos mercados na África, América Latina e Ásia (Índia e China), não tem se descuidado de forma alguma dos habituais parceiros comerciais como os Estados Unidos e a União Européia. Estaria apenas tentando prevenir-se contra eventuais choques econômicos externos como a atual ameaça de alta de juros na economia norte-americana.



07/06/2006

Agência Senado


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