Brasil deve se preparar para envelhecimento da população, alerta gerontólogo
O gerontólogo social João Batista de Medeiros afirmou que 99% dos idosos brasileiros vivem com a família e apenas um por cento está em asilos. A afirmação foi feita nesta terça-feira (22), durante audiência pública para debater a violência contra o idoso e a necessidade de priorizar essa faixa etária na Subcomissão Permanente do Idoso. A subcomissão funciona no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
- Observem a sequência do artigo terceiro do Estatuto do Idoso. É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária - frisou.
O gerontólogo também mencionou o artigo 6º do estatuto, que trata dos maus tratos ao idoso: "todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de violação a esta lei que tenha testemunhado ou de que tenha conhecimento."
Ele disse que o Brasil tem hoje apenas 900 médicos geriatras - especializados no atendimento a pessoas idosas - para atender os atuais 23 milhões de pessoas com mais de 60 anos existentes no país. Segundo ele, dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, em 2020, os idosos corresponderão a 18% do total da população brasileira.
Para Medeiros, há uma grande carência de estudos sobre o envelhecimento em todos os níveis de ensino, especialmente nos cursos de Medicina, em que poucas universidades brasileiras oferecem a disciplina Gerontologia Social. Ele enfatizou a necessidade de o poder público e a sociedade agirem para eliminar preconceitos e discriminações e inserir socialmente as pessoas da terceira idade, como já ocorre, segundo ele, em países desenvolvidos.
O gerontólogo avalia que o idoso precisa abandonar a idéia de que o fim da atividade produtiva com a aposentadoria signifique o abandono completo de atividades, e acreditar que pode "desfrutar a vida em todas as suas etapas". Outro preconceito que deve ser combatido, conforme o especialista,é a noção que o jovem tem do idoso, pois no Brasil, avalia a juventude é a fase mais valorizada.
- O Brasil já não é mais um país de jovens como ainda pensam algumas pessoas desavisadas - alertou.
Estatuto do Idoso
Após a fala do palestrante, o presidente da subcomissão, senador Paulo Paim (PT-RS) fez um apelo a empresários da iniciativa privada, sindicatos, vereadores, governadores, a bancos estatais como Caixa Econômica, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre outros, para que reproduzam e divulguem o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03).
- A cidadania brasileira tem que se apropriar do estatuto para que o conjunto da população brasileira entenda o quanto ele é importante - disse Paim.
Ao final da audiência, foi dada a palavra aos idosos presentes. Em resposta a um apelo para o pagamento de salário mínimo a famílias com deficientes, Paim enfatizou a importância de a sociedade se mobilizar para pedir urgência na aprovação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, em tramitação na Câmara dos Deputados.
Vera Terezinha Silveira da Silva, que já desenvolveu trabalho com idosos em parceria com Medeiros no Governo do Distrito Federal, afirmou que a administração de Brasília implantou recentemente o serviço Disque Idoso, com o número 0880641401, para receber denúncias de maus-tratos.
O presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul, Carlos Coelho, ressaltou a importância de se ensinar o respeito aos idosos desde a idade pré-escolar, de modo a evitar o hiato existente entre as gerações.
22/09/2009
Agência Senado
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