Brasil está mais vulnerável e dependente, diz Suplicy



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) avaliou nesta quinta-feira (dia 23), da tribuna do Plenário, que o Brasil está ficando cada vez mais vulnerável e dependente dos capitais externos. Valendo-se de dados publicados pela Folha de S. Paulo, atribuídos ao Banco Central, o senador disse que, em 1995, seriam necessários dois anos de exportações para pagar a dívida externa líquida do país. No ano 2000, essa relação saltou para três anos e meio. Do mesmo modo, exemplificou, em 1995, as reservas internacionais do Brasil correspondiam a 31,7% da dívida externa bruta, caindo para apenas 14% no ano 2000.

Suplicy anunciou que apresentará requerimento à Mesa solicitando ao Ministério da Fazenda o envio regular e periódico de dados comparativos da relação entre o serviço da dívida pública (juros mais amortizações) e o Produto Interno Bruto (PIB), as reservas internacionais e o valor das exportações de mercadorias. Para o senador, esses dados são fundamentais para acompanhar o que vem acontecendo com a economia do país.

Segundo Suplicy, apesar das advertências de vários economistas e parlamentares, o governo brasileiro não tem dado a devida importância à questão da vulnerabilidade da economia brasileira e nem ao crescimento da sua dependência externa. "As conseqüências dos déficits de balanço de pagamentos e da dependência financeira externa podem ser graves", advertiu o senador.

Suplicy reclamou também do tratamento dispensado pelo atual governo aos servidores públicos. É preciso, segundo ele, que haja uma relação de respeito do presidente da República para com os servidores públicos, para "não destruir-lhes o ânimo, a energia e a vontade". O senador destacou ainda que o governo tem se mostrado sempre pronto a defender instituições bancárias e a usar recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para permitir que empresas estrangeiras adquiram o controle de empresas nacionais.

Entretanto, prosseguiu o senador, quando se trata de reparar a situação dos servidores, sem reajuste salarial há sete anos, o governo apela para o discurso de austeridade. Suplicy pediu ainda a incorporação, na edição de seu pronunciamento nos anais da Casa, de artigo do economista Paulo Nogueira Batista Jr. em defesa do funcionalismo, publicado também na Folha. No artigo, o economista diz que o governo FHC desenvolveu com os servidores públicos uma relação contraproducente de hostilidade e desconfiança.

23/08/2001

Agência Senado


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