Brasil não escapa de consequências de crise europeia



O Brasil sofrerá os reflexos da crise econômica da Europa, afirmou o especialista em comércio internacional e finanças públicas da Fundação Getúlio Vargas, Izaias Coelho. Ele participou nesta segunda-feira de audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

- Já há consequências [no Brasil] de alguma maneira. As economias são interdependentes. Esses países que estão em crise são os nossos mercados de exportação então, se eles vão mal, nós sofremos - explicou Izaias Coelho.

Ao abrir a sessão, o presidente da comissão, o senador Fernando Collor (PTB-AL) disse que os países desenvolvidos não estão sabendo lidar com a crise que começou na Grécia e ameaça a economia mundial. Ele lembrou a reunião da última sexta feira (9) dos presidentes de bancos centrais dos sete países mais industrializados do mundo, que não apresentou resultados concretos e culminou com a demissão do representante alemão.

- Aumentou a preocupação no mercado financeiro internacional porque demonstra claramente a luta no âmbito do BCE [Banco central Europeu] entre correntes contrárias e favoráveis à compra de títulos de países em dificuldades. A esse cenário devem ser acrescentadas manifestações sindicais e greve contra as políticas econômicas restritivas, sobretudo na Grécia e na Itália - disse o senador.

Outro ponto levantado foi o papel a ser desempenhado pela Alemanha na sustentação do euro e na recuperação de economias combalidas na Europa. O professor Frederico Gonzaga Jayme Junior, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), disse que o povo alemão precisará tomar consciência de suas responsabilidades como maior economia do continente. Ele criticou a adoção de medidas recessivas como as tomadas em Portugal, onde foram reduzidos salários do funcionalismo público.

A discussão de alternativas ao euro causou divergência entre o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Winston Fritsch, e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que defendeu a reintrodução de moedas nacionais que circulariam ao lado da moeda comum de modo a permitir a expansão monetária de países em dificuldades. Para Fritsch, haveria risco de hiperinflação e quebra de bancos.

Da Redação / Agência Senado, com informações da Rádio Senado



12/09/2011

Agência Senado


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