Brasil poderá deter 60% do mercado mundial de commodities agrícolas em 2017
A principal conclusão do Seminário Legislativo de Portos, Integração Multimodal e Comércio Exterior, realizado nesta terça-feira (25), foi de que há um enorme espaço para o Brasil crescer e se destacar no mercado exportador mundial e de que, ao contrário do que vem sendo divulgado pela imprensa, o país não está próximo de sofrer um apagão na infra-estrutura portuária. O encontro também serviu para comemorar os 200 anos da Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas.
Segundo o consultor de logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet, o Brasil deverá ser detentor, em 2017, de 60% do mercado internacional de commodities (produtos comercializados internacionalmente em grande escala) agrícolas, como açúcar, café, suco de laranja, soja, carne bovina, entre outros. A competitividade brasileira apontada por ele na área, também se estenderia ao etanol, diferenciais que precisam, entretanto, serem bem aproveitados pelo país.
Embora esteja na vanguarda tecnológica e compita em um mercado internacional com preços elevados, o Brasil teria como obstáculo, conforme assinalou o consultor da CNA, a situação de insolvência dos produtores rurais. Fayet observou ainda que o setor privado está ávido por investir em infra-estrutura portuária para escoamento da produção.
Sobre essa questão, o representante da CNA avaliou que a implementação do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), transportando o produto aos portos de Belém (PA) e São Luís (MA) seria um facilitador das exportações. Também defendeu a viabilização das usinas dos rios Madeira (RO), Tapajós (PA) e Teles Pires (MT) para incrementar o escoamento dos 70 milhões de toneladas de grãos previstos para 2017.
Abertura dos portos
Ao participar do evento, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) destacou a importância da vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, quando também foi implementada a abertura dos portos brasileiros.
- O Brasil seria outro se a família real não tivesse desembocado aqui - avaliou.
De acordo com Ideli, a abertura dos portos às nações amigas abriu uma nova perspectiva de comércio e reconhecimento internacional para o Brasil. A parlamentar também avaliou os portos públicos como "sustentáculos para a iniciativa privada" e defendeu um marco regulatório para o setor que dê segurança aos investidores e viabilize a consolidação do comércio com outros países.
O expositor José di Bella, presidente da Autoridade Portuária do Porto de Santos (Codesp), revelou que, atualmente, 50% do Produto Interno Brasileiro (PIB) são movimentados na área de influência do Porto de Santos. Conforme acrescentou, a movimentação de carga no porto de Santos cresceu de 34 milhões de toneladas para 86 milhões entre 1994 e 2004, capacidade triplicada três anos depois, em 2007.
-A previsão é de que a carga contentorizada (transportada em contêineres) continue crescendo num ritmo anual de 15% nos próximos anos - adiantou, observando que o Brasil passou recentemente da 42ª para a 39ª posição mundial em movimentação de cargas em TEUs (unidade equivalente a contentores de 20 metros). Esse crescimento seria justificado pelo arrendamento de terminais dos portos públicos para o setor privado.
Na opinião do presidente do Conselho da Santos Brasil e da Multiterminais, Richard Klein, o Brasil ainda tem muito a avançar na operação privada de portos públicos. Para tanto, recomenda a licitação de novos arrendamentos de terminais, investimentos no programa de outorgas e a manutenção do atual marco regulatório do setor.
O diretor do Departamento de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, afirmou que o país não pode deixar de explorar sua capacidade hidrelétrica sem complementá-la com a construção de eclusas que viabilizem o transporte hidroviário.
25/03/2008
Agência Senado
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