Brasil levará ao G20 debate sobre volatilidade de preços das commodities agrícolas



O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, defendeu nesta quarta-feira (22), que os 20 mais países mais ricos do mundo discutam a criação de mecanismos para conter a volatilidade dos preços das commodities agrícolas. “Isso não significa que venhamos a controlar os preços”, disse. “O único mecanismo que existe para reduzir os preços é ampliar a oferta de alimentos”.

"Por 30, 40 anos, os preços dos alimentos permaneceram baixos e ninguém procurou o Brasil para discutir sobre tal fenômeno”, apontou. A posição do Brasil é compartilhada pela Argentina e outras nações. Os 20 países que participam do encontro em Paris estão reunidos desde esta quarta-feira(23) e representam 85% da produção agrícola mundial. O ministro brasileiro desembarcou em Paris nessa terça-feira (21), para participar de reuniões bilaterais prévias. A reunião do G20 Agrícola termina nesta quinta-feira (23).

Em entrevista coletiva, Rossi declarou que o Brasil está disposto a discutir a agenda apresentada pelo governo francês sem restrições. Ele destacou que o País é favorável à criação de instrumentos de coordenação internacional de políticas que garantam a segurança alimentar. “Estamos dispostos a ampliar a nossa participação na oferta de alimentos, em condições justas, mas sem imposição de barreiras”, comentou.

Rossi comentou que o Brasil precisa discutir a regulação da relação entre a produção e o mercado financeiro. “Não se deve deixar  pontas soltas porque uma financeirização das commodities pode gerar especulação”, admitiu. Ele declarou que é preciso algum grau de regulamentação dos mercados futuros para evitar a manipulação dos agentes financeiros.

O Brasil, reforçou Rossi, é um dos poucos países do mundo com condições de ampliar a oferta de produtos agrícolas para abastecer o mercado interno e garantir suprimentos a outros mercados. Atualmente, o País destina parte do seu excedente agrícola a 180 países.

Wagner Rossi disse que a posição do Brasil no mercado de alimentos vem crescendo e que o produtor brasileiro consegue oferecer alimentos de boa qualidade a preços competitivos. “Quando há competição justa, o país ganha nove em cada dez disputas”, comentou. Ele afirmou que o desempenho brasileiro já é percebido em muitos países. O jornal francês "Le Monde" destacou, em sua edição de terça-feira, o Brasil como “a nova fazenda do mundo".


Proposta

O plano proposto pela França aos ministros da Agricultura – que será apresentado aos presidentes na reunião do G20 em novembro – inclui linhas de ação para aumentar a produção e a produtividade, além de criar mecanismos de informação para dar transparência aos mercados. A França quer a coordenação de políticas internacionais e a criação de mecanismos para reduzir os efeitos da volatilidade dos preços para os países mais vulneráveis, além de algum grau de regulação dos mercados financeiros.

Wagner Rossi anunciou que o Brasil é favorável às linhas gerais do plano apresentado pelo governo Sarkozy, mas insiste que não se pode restringir os preços. Ele defende a formação de estoques humanitários de alimentos, um dos temas a serem discutidos pelos ministros dos 20 países.

Ele também considera positiva a proposta de criação de um sistema de informação dos mercados agrícolas, a ser conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O sistema teria como objetivo reunir informações sobre os níveis mundiais de produção de alimentos, bem com o consumo e até estoques de commodities como milho, soja, arroz e trigo.

“O Brasil não é apenas favorável a esse mecanismo como já o adota há muitos anos. Todas as informações sobre a agricultura brasileira estão disponíveis nos portais de órgãos governamentais na internet, como o do próprio Ministério da Agricultura, da Embrapa e da Conab, além do Ministério do Desenvolvimento Agrário”, destacou.

O encontro do G20 Agrícola começa na noite desta quarta-feira (22), com uma reunião reservada dos 20 ministros e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, seguido de um jantar de trabalho com os chefes das delegações. 


Fonte:
Ministério da Agricultura



22/06/2011 20:15


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