Brasil poderia adotar metas sobre aquecimento global, sugere ambientalista
O Brasil poderia adotar objetivos "mensuráveis" e voluntários em relação ao aquecimento global, recomendou nesta quarta-feira (28) o coordenador do grupo de trabalho sobre o clima do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), Rubens Born. Somente dessa forma, alertou, será possível verificar se o país está adotando as medidas corretas de combate às mudanças climáticas.
- Se temos metas para a inflação, o superávit primário e a redução da pobreza, poderíamos também fazer um debate nacional sobre o estabelecimento de metas mensuráveis sobre temas relativos à questão climática, como a eficiência no uso de energia - sugeriu Born, também coordenador da ONG Vitae Civilis, em resposta a uma pergunta do senador Delcídio Amaral (PT-MS), durante reunião da Comissão Mista Especial de Mudança Climática destinada ao lançamento de duas publicações do fórum.
As duas publicações - Mudanças Climáticas e o Brasil e Governança Ambiental Internacional, ambas disponíveis para download nos endereços eletrônicos www.vitaecivilis.org.br e www.fboms.org.br - destinam-se, segundo os representantes do fórum, a ampliar o debate a respeito da questão da mudança climática. Os textos contêm contribuições para políticas setoriais em áreas como florestas, biodiversidade, energia e eficiência energética.
Delcídio ressaltou o exemplo de países como Alemanha e Espanha, que já dispõem de grandes parques geradores de energia a partir dos ventos, e quis saber a opinião dos representantes de entidades ambientalistas sobre a construção da usina nuclear de Angra 3 e das usinas hidrelétricas no Rio Madeira. Em resposta, o integrante do grupo de trabalho sobre energia do FBOMS Ivan Marcelo Neves disse que o Brasil, antes de construir novas usinas, deveria promover um esforço de eficiência energética e de reforma das atuais hidrelétricas.
A gerente-executiva do FBOMS, Esther Neuhaus, observou que a distribuição da publicação Governança Ambiental Internacional destina-se principalmente a ampliar o debate no Brasil e na América Latina a respeito das atuais discussões globais sobre o tema. Ela recordou que as discussões ambientais ainda hoje estão muito restritas aos países desenvolvidos e observou que, neste momento mesmo, encontra-se em andamento um debate a respeito da reforma dos organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) ligadas ao meio ambiente.
Ao lembrar que faz parte do Parlamento do Mercosul, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) logo pediu a Esther que seja feita uma tradução para o espanhol da nova publicação, a fim de que o debate se estenda aos países vizinhos. Ele lembrou ainda que a integração energética da América do Sul tem sido um dos primeiros temas tratados pelo recém-instalado parlamento, do qual é membro.
Antes do início do debate, o deputado Rocha Loures (PMDB-PR) - designado relator-substituto pelo presidente da comissão, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) - anunciou que a comissão mista deverá estender seus trabalhos por mais um ano. O relator da comissão, senador Renato Casagrande (PSDB-ES), compareceu ao início da reunião e disse que analisará o conteúdo das duas publicações.28/11/2007
Agência Senado
Artigos Relacionados
Brasil precisa discutir aquecimento global, diz Casagrande
Acordo global é imprescindível para reduzir efeitos do aquecimento global, dia Ipea
Brasil, África do Sul, Índia e China debatem combate ao aquecimento global
Começa debate sobre aquecimento global
Brasil investe em pesquisas voltadas à economia verde contra o aquecimento global
Mercadante diz que Brasil precisa adotar agenda estratégica diante da crise financeira global