Brasil precisa de mais UTIs, diz Paulo Davim



Em pronunciamento nesta quarta-feira (17), o senador Paulo Davim (PV-RN) disse que a terapia intensiva no Brasil precisa ser mais discutida, tendo em vista que apenas 25% dos leitos destinados a esses atendimentos no país são públicos.

Isso obriga os profissionais que trabalham no setor de urgência a praticar o que no meio se chama de "escolha de Sofia" - expressão retirada do filme de mesmo nome em que uma mãe tem que tomar uma decisão difícil envolvendo seus dois filhos -, para selecionar quem vai para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

- Isso é dramático, passa para o médico a condição de sentenciador, como se coubesse a ele escolher aqueles pacientes que poderão ter mais chance de sobrevida, enquanto os outros ficam à mercê da própria sorte nos corredores abarrotados dos hospitais públicos do Brasil - disse o senador.

Paulo Davim, que é médico, disse ainda que a distribuição de leitos das UTIs não atende geograficamente as necessidades da população. Segundo ele, do total de leitos, 53,8% se concentram na Região Sudeste, contra 16,8% no Nordeste e 7,6% no Centro Oeste.

- Ou seja, não existe distribuição obedecendo a um critério populacional e, muito menos, a estudos epidemiológicos - afirmou.

Paulo Davim lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que para cada 10 mil habitantes seja oferecido de um a três leitos em UTIs pelo sistema local de saúde. No Brasil, essa média é de 1,3 leito, disse o senador.

- Portanto, não atendemos bem nem a metade dessa necessidade - afirmou.

O senador disse ainda que o déficit de UTIs no Brasil é de 4 mil leitos. No Rio Grande do Norte, afirmou, esse déficit já atinge 230 leitos. Paulo Davim ressaltou que os profissionais que trabalham na urgência em UTIs e ambientes de confinamento como centros cirúrgicos, unidades coronarianas, neonatais e de trauma são ainda submetidos a carga de trabalho extenuante. Isso favorece o surgimento frequente nesses profissionais de uma síndrome de intenso desgaste físico e emocional, a qual evolui para um quadro depressivo que compromete as atividades cotidianas.

Antes de concluir o seu pronunciamento, Paulo Davim disse que a Associação de Medicina Intensiva do Brasil (Amib) está pronta para discutir com o Ministério da Saúde as sugestões apresentadas por especialistas. O senador ressaltou que a associação, mais que qualquer outra entidade do setor, conhece de perto os profissionais que atuam no setor, além das particularidades regionais e o perfil das unidades de tratamento já existentes.



17/08/2011

Agência Senado


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