Brasil precisa investir em quadros de alta capacitação técnica e em pesquisa e desenvolvimento
A necessidade de preparação de quadros de alta capacitação técnica, além de investimento maciço em pesquisa e desenvolvimento, principalmente em tecnologia da informação, foram os principais temas abordados na audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), realizada nesta segunda-feira (10), que discutiu a formação de pessoal para a área de telecomunicações.
O presidente da Vivo, Roberto Lima, apontou a falta de desenvolvimento tecnológico, assinalando que o Brasil é deficiente em projetos inovadores e só consome tecnologia importada, principalmente de países como a China. Para ele, é preciso alterar essa realidade, pois o Brasil pode figurar entre os maiores do mundo. Salientou ainda que há poucos profissionais de engenharia no país, que não contam com um ambiente propício para a pesquisa e acabam migrando para países que estimulam novas tecnologias.
- Temos que desenvolver tecnologia local, alocando recursos para essa finalidade. Essa prioridade tem que ser dada - declarou.
Roberto Lima apontou a necessidade de união entre as universidades (para a geração de conhecimentos), o governo (para a promoção do crescimento econômico); e das empresas privadas (para transformação da ciência em inovação). O executivo vê aí o caminho para o desenvolvimento do país, especialmente na área de telecomunicações.
O vice-presidente sênior de Gerenciamento de Produtos da Qualcomm, Cristiano Amon, frisou que o Brasil precisa aproveitar a oportunidade que se abre com o aumento da capacidade dos chips dos celulares e a disseminação da rede 3G, trazendo a convergência entre o telefone móvel e o computador. Para ele, o Brasil deve estar atento a isso e precisa trabalhar com a perspectiva de modernização da sua indústria e da capacitação de mais profissionais para o setor.
A diretora de Gestão da Oi, Márcia Andréa de Matos Leal, salientou a importância da preparação dos funcionários, especialmente dos jovens, que têm uma forma diferente de aprender, e de mudanças na postura das próprias empresas ao recebê-los. Ela ressaltou a necessidade de investir em pesquisa "para que se chegue à era da produtividade e da inovação" também no Brasil.
Contingenciamento
A presença do superintendente de Administração Geral da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Rodrigo Augusto Barbosa, na audiência pública, levou os participantes, incluindo o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a questionar o baixo volume de recursos aplicados em desenvolvimento tecnológico no país.
Enquanto somente o setor de telecomunicações móveis gera R$ 7 bilhões em taxas diversas ao caixa do governo, o orçamento da Anatel é de R$ 300 milhões, lembrou Heráclito.
Rodrigo Augusto Barbosa reconheceu a limitação orçamentária da agência, mas mencionou iniciativas que estão sendo colocadas em prática em prol do setor de telecomunicações, como um centro para desenvolver estudos prospectivos para a área.
Os representantes das empresas de telefonia móvel participantes da audiência também salientaram a necessidade de realização de leilões de faixas, de espectros de onda para incrementar a oferta de serviços de telefonia celular, não apenas em número, mas em capacidade de oferecer mais serviços. O superintendente da Anatel reforçou a necessidade de venda dessas faixas, mas lembrou que poderão ser exigidas contrapartidas das empresas, como esforços no setor de pesquisas.
A audiência pública, o 10° painel do ciclo de debates Agenda Desafio 2009/2015 - Recursos Humanos para Inovação e Competitividade e foi presidida pelo senador Mão Santa (PSC-PI).10/05/2010
Agência Senado
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