Brigadeiro afirma que Brasil não investe o necessário no controle do espaço aéreo desde 1995
Na reunião desta terça-feira (26) da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo, o major-brigadeiro-do-ar Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário-geral da Organização Internacional de Aviação Civil (Oaci), afirmou que, desde 1995, o Brasil não aplica os recursos necessários para equilibrar a necessidade de investimento nos órgãos que administram o controle do espaço aéreo. Por isso, o sistema está em "desequilíbrio", o que é perigoso, na opinião do especialista. O brigadeiro afirmou que o Brasil sempre teve um sistema de "primeiro mundo", mas que a falta de investimentos está colocando essa qualidade em risco.
- É muito perigoso. Trata-se de uma atividade complexa, sofisticada, que lida com tecnologia de ponta. O Brasil teve capacidade de implementar um dos melhores sistemas de controle do espaço aéreo do mundo, mas a administração desse sistema tende a se deteriorar se não receber recursos adequados ao longo do tempo para cumprir seu planejamento de longo prazo. Isso causa um risco incrivelmente aumentado de termos problemas - afirmou.
O major-brigadeiro-do-ar destacou que a Oaci é como um Parlamento que cuida da aviação civil mundial, especialmente das normas de segurança. Afirmou que o Brasil hoje continua respeitado pelos outros países pelo que sempre representou na atividade de transporte aéreo internacional e doméstico. Mas o especialista se preocupa com a "leitura que se está fazendo lá fora" das crises contínuas ligadas à administração e ao gerenciamento do espaço aéreo brasileiro. Na opinião do brigadeiro, essa interpretação "pode acarretar prejuízo para a posição do Brasil" na organização.
- Estamos vivendo uma crise continuada e, se não for feita alguma coisa séria, vamos conviver com ela durante muito tempo - afirmou.
O especialista defendeu a necessidade de o Brasil integrar-se às novas tecnologias que estão surgindo para o controle de tráfego aéreo, do sistema CNS/ATM. Segundo o especialista, essas tecnologias representam a "última palavra em segurança", por permitirem um controle aéreo com menos atuação humana e maior ação dos computadores.
O único problema com o sistema CNS/ATM, disse o especialista, é que ele depende inteiramente de tecnologia norte-americana, o que deixaria todo o planeta dependente dos Estados Unidos nesse setor. De acordo com as normas da tecnologia, os EUA poderiam, por uma questão de segurança nacional, interromper o uso do sistema sem aviso.
- Construir um sistema baseado nessa incerteza tem sido o problema da aviação civil internacional nos últimos dez anos - afirmou.
O especialista afirmou, no entanto, que a comunidade internacional busca soluções para esse problema. Entre as possibilidades, está a criação de uma constelação internacional de satélites para fornecer o sistema.
26/06/2007
Agência Senado
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