Brigadeiro diz que rebaixamento traria muitas perdas políticas



O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), questionou os especialistas presentes à reunião da comissão desta terça-feira (26) sobre os riscos de o Brasil ser rebaixado de categoria por organismos internacionais de aviação. O major-brigadeiro-do-ar Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci), afirmou que decisões como essa "são também políticas,não apenas técnicas".

O brigadeiro criticou especificamente o fato de o Brasil ser agora representado na Oaci por um diplomata, e não mais por um oficial da Aeronáutica, como anteriormente. Se o Brasil perdesse o status de "país de primeiro mundo" em termos de aviação civil teria grandes perdas políticas dentro da Oaci, analisou Renato Pereira. Caso o rebaixamento acontecesse, o Brasil não poderia mais fazer parte da alta hierarquia da instituição nem indicar membros para suas comissões, por exemplo.

O brigadeiro sugeriu, respondendo ainda a questionamentos do relator, que a Oaci seja chamada a fazer uma auditoria independente sobre a segurança de vôo nacional. Para Renato Pereira, essa seria uma forma confiável de analisar o sistema.

O especialista também considera que notícias publicadas na imprensa - como a de que uma pane em um computador teria parado um aeroporto em São Paulo - geram uma crise de credibilidade junto a organismos internacionais de segurança de vôo, como a Oaci.

- Quando circula uma notícia dessas, quem lê diz que o Brasil não é mais o que era e questiona como pode acontecer uma coisa dessas - afirmou.

O especialista reconheceu, no entanto, que o sistema brasileiro tem deficiências que, se não forem cuidadas, vão se agravar cada vez mais. Os computadores e sistemas em uso são antigos, "mas o sistema é tão bom que continua funcionando", destacou. O senador Demóstenes Torres destacou, no entanto, que apenas em 2005 houve contingenciamento de recursos orçamentários para a Aeronáutica.

O brigadeiro disse ainda que vê o movimento de desmilitarização do controle de tráfego aéreo - uma das estratégias dos controladores de vôo para tentar conseguir aumento salarial - como um "passo para privatizar o controle do tráfego aéreo nacional" e que deve haver alguém "trabalhando a cabeça dessas pessoas".

O senador Mário Couto (PSDB-PA) questionou o motivo pelo qual apenas depois do acidente com o Boeing da Gol começaram os problemas nos aeroportos brasileiros. Renato Pereira afirmou que o acidente foi um catalizador e que antes os problemas aconteciam, mas não chamavam tanta atenção.

- Se continuar assim por mais um tempo, as pessoa que voam vão achar que isso é normal - disse, destacando ter certeza de que o comandante da Aeronáutica conseguirá solucionar o problema.

O presidente da comissão CNS/ATM (tecnologia de controle de vôo), brigadeiro Álvaro Pequeno, acredita que a decisão de dar uma gratificação aos controladores de vôo gerará uma crise, porque torna o salário desses sargentos maior do que o de superiores hierárquicos. Álvaro Pequeno destacou que o sistema de controle aéreo é muito maior do que os controladores e que "ao se separar um pedaço de um conjunto há quebra de hierarquia".

Reunião Reservada

Nesta quarta-feira (27), a CPI realizará às 11h reunião reservada para ouvir depoimentos sobre a autorização de funcionamento de linhas aéreas acima da capacidade de aeroportos brasileiros. Após essa reunião, proposta em requerimento do senador Mário Coutoaprovado nesta terça-feira, será ouvido Joaquim Gonçalves de Farias Neto, autor do livro Choque de Gestão, sobre o acidente aéreo entre o Boeing da Gol e o jatinho Legacy, em setembro de 2006.

26/06/2007

Agência Senado


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