Eduardo Jorge se defende e chama procuradores de mentirosos



Em depoimento na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC), o ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge Caldas Pereira, voltou a negar seu envolvimento com irregularidades no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo e rebateu as acusações de que teria praticado tráfico de influência no governo federal. Para ele, não há indícios que justifiquem a quebra de seus sigilos bancário e fiscal ou a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigá-lo. Eduardo Jorge desafiou ainda os senadores a encontrarem, nas informações prestadas ao Senado, qualquer indício que justifique a continuidade das investigações.

- Está sendo feita uma obsessiva devassa em minha vida, em busca de qualquer confirmação de denúncia. Tornei-me réu sem processo. Condenado sem sentença - disse Eduardo Jorge, pedindo que o caso seja encerrado e que lhe seja dada uma "absolvição reparadora" dos danos que vem sofrendo desde que as acusações começaram.

O ex-assessor do Palácio do Planalto disse que ao propor sua quebra de sigilo à Justiça, os procuradores da República Luiz Francisco Souza e Guilherme Schelb mentiram e forjaram informações. Eduardo Jorge acusou os procuradores de estarem inclusive intimidando testemunhas para obter informações que possam confirmar suas suspeitas. Ele sugeriu que o Senado faça uma CPI para apurar o "arbítrio praticado pelos procuradores".

- Nenhuma das acusações prosperou, nenhum processo foi aberto, pois esse tipo de coisa não se sustenta em juízo. Não existem indícios de qualquer ordem que me incriminem, não fui sequer convidado para prestar esclarecimentos nos inquéritos abertos - declarou ao afirmar que a "perseguição" empreendida pelos procuradores já causou grandes prejuízos a ele, a sua família, empresas e empresários.

Eduardo Jorge pediu aos senadores que aproveitem o momento para refletir sobre o Ministério Público, que, na sua opinião, não tem controles legais. Por isso, disse, com freqüência os procuradores extrapolam suas funções, em busca de denúncias vazias, gastando recursos públicos para atender a "vaidades pessoais".

Em resposta ao presidente da CFC, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), relator do processo, Eduardo Jorge negou, uma a uma, as acusações de participação na liberação de verbas para a obra superfaturada do TRT paulista, de enriquecimento ilícito, de tráfico de influência para a empresa Montreal, de interferência em fundos de pensão de estatais e de participação em operação irregular para salvar a construtora Encol. Ele negou que tenha uma casa em Boca Ratón e refutou acusações de que teria dobrado seu patrimônio em um ano.

Sobre os telefonemas trocados com o ex-presidente do TRT-SP, Nicolau dos Santos Neto, Eduardo Jorge voltou a afirmar que os dois trataram apenas da nomeação de juízes classistas em São Paulo.

19/06/2001

Agência Senado


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