Brizola desiste de vir e esvazia encontro do PDT









Brizola desiste de vir e esvazia encontro do PDT
Com a desistência de Brizola em vir ontem a Porto Alegre e com o nascimento das gêmeas de Vieira da Cunha, o encontro da executiva pedetista como o conselho político, deputados estaduais e prefeitos do partido acabou esvaziada e sem definições. Brizola só virá ao Estado na sexta-feira, quando espera já ter sido tomada uma decisão sobre a permanência ou não do candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Frente Sindical, posição essa que pode influenciar os rumos do PDT gaúcho, que pode ser o responsável pela indicação de um novo nome. Brizola permaneceu no Rio de Janeiro reunido com lideranças nacionais da Frente Trabalhista.

Cogita-se nos bastidores que o ex-governador Alceu Collares, por sua condição de negro e com boa penetração em segmentos populares, estaria cotado para dobrar a majoritária como vice de Ciro. Segundo interlocutores, o seu nome é o preferido de Leonel Brizola que não aceita abrir mão de ser candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro para ser o vice.

No caso do governo do Rio Grande do Sul, a tendência mais forte é a de que Brizola, para evitar desgastes com o grupo que busca uma reaproximação com o PT de Tarso Genro, optou por não vir ao Estado até que os ânimos estejam amainados. A reunião presidida pelo vice Pedro Ruas contou tão somente com a participação de cinco prefeitos, de Vitor Graeff, Tapejara, Minas do Leão, Arambaré, Carlos Barbosa e Canela, além do vice-prefeito de Alvorada.

Presente ao encontro, o ex-candidato José Fortunati disse achar difícil uma aproximação dos trabalhistas tanto com Tarso Genro como com Antônio Britto no primeiro turno. Conforme o vereador, o PDT deverá centrar sua ação na eleição dos candidatos proporcionais e na campanha presidencial de Ciro Gomes.

Bolzan Junior defende candidatura própria
O ex-coordenador da candidatura de José Fortunati ao governo do Estado, Romildo Bolzan Jr. afirmou ontem, que o partido sairá com seqüelas, caso decida apoiar outra candidatura no primeiro turno da eleição. Disse que a saída do governo do PT de Olívio Dutra foi traumática e criaram feridas ainda expostas e que, no caso do PPS, uma adesão a campanha de Britto significaria uma "negação a própria história do trabalhismo". Ele defendeu a candidatura própria do PDT ou, na pior das hipóteses, a liberação do voto para os filiados.

Indagado sobre quem poderiam ser os nomes para substituir José Fortunati, Bolzan afirmou que Alceu Collares, Vieira da Cunha, Airton Dipp e João Luiz Vargas teriam um perfil ético e de caráter para assumir essa "difícil missão partidária". Romildo salientou que, apesar de não desejarem, dois deles estariam dispostos a assumir a candidatura para evitar maiores desgastes do partido com a crise originada pela saída de Fortunati da disputa.

Demonstrando estar magoado com o vice-presidente regional do PDT, Pedro Ruas, a quem está sendo atribuída a articulação junto a Leonel Brizola, que culminou com a queda de Fortunati, descartou a possibilidade de que o nome de Ruas esteja entre os pretendentes. "Do ponto de vista majoritário não seria prudente. Este nome talvez tenha sido causador de toda essa situação que está acontecendo. Ele saiu bastante chamuscado desse episódio", disse. De acordo com o ex-coordenador da campanha de Fortunati, considerou ainda que neste momento o PDT precisa de uma candidatura "efetivamente comprometida não somente com a ética, mas com a história do partido, e acima de tudo com pessoas que tenham caráter absoluto para enfrentar uma situação dessas".

Romildo também está imbuído de buscar junto ao conselho de ética do PDT gaúcho providências quanto a conduta de alguns trabalhistas que, segundo ele, se utilizaram de expedientes nada convencionais, para "fritar" a candidatura de Fortunati junto ao líder Leonel Brizola. "O próprio Fortunati comentou sobre a possibilidade de levar o assunto ao Conselho de Ética. Eu defendo essa idéia. Vamos esperar mais umas duas semana para ver como fica. Eu acho que devemos noticiar os fatos, dar os nomes e pedir que eles se expliquem".


Lula tem 34,9% e Ciro 25,5%, diz pesquisa
A pesquisa CNT-Sensus, realizada de 30 de julho a 1º de agosto entre 2.000 entrevistados em 195 municípios de 24 Estados brasileiros e com margem de erro de até 3%, mostrou o candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com 34,9% na lista estimulada, seguido dos candidatos da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, com 25,5%; do PSDB/PMDB, José Serra, com 13,4%; do PSP, Anthony Garotinho, com 12,5%; do PCO, Rui Pimenta, com 0,5%, e do PSTU, José Maria, com 0,3%. Os indecisos e os votos em branco e nulos somaram 13,2%. Os resultados apresentaram pequena oscilação em relação à pesquisa realizada de 22 a 25 de julho pelo Instituto Sensus, sob encomenda da Confederação Nacional do Transporte (CNT), cuja divulgação foi suspensa e posteriormente liberada pela Justiça. Nela, Lula aparecia com 33,8%; Ciro Gomes, com 24,4%; Serra, com 14,3% e Garotinho, com 11,5%, enquanto indecisos, brancos e nulos totalizaram 15,5%.

A pesquisa também mostra que, num eventual segundo turno entre os dois, o candidato do PT à Presidência da República volta a vencer o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes. Lula teria 47,1% contra 43 1% de Ciro. Na pesquisa de 22 a 25 de julho, Ciro estava à frente de Lula com 44,2% contra 42,2%. Num eventual embate entre Lula e Serra, a última pesquisa mostra que o petista venceria com 50,2% dos votos contra 36,7% do tucano, enquanto na pesquisa de julho a vitória de Lula seria por 47,3% a 37,7%. Na disputa contra Garotinho, Lula venceria por 52,5% a 30,2%, enquanto na pesquisa anterior essa vitória seria de 48,5% a 29,8%. Em pesquisa realizada de 16 a 20 de junho, Lula venceria Ciro por 48,5% a 35,7%; derrotaria Serra por 45,4% a 39,7% e a Garotinho, por 49,8% a 33,1%. Os indecisos e os votos brancos e nulos somariam 18,3% na última pesquisa, contra 21,7% em julho e 17,2% em junho.


Rigotto garante maior parceria com servidores
"O futuro governo será marcado por um relacionamento mais estreito com o funcionalismo, identificando as formas corretas de se colocar em prática os projetos de desenvolvimento". Essa foi a tônica da manifestação do candidato ao governo do Estado pela aliança União pelo Rio Grande, Germano Rigotto, durante encontro com representantes da Associação dos Comissários de Polícia e do Servipol, ocorrido ontem.

Para Rigotto, o governador tem de ser um parceiro dos servidores públicos estaduais. "Serei um governador que terá a preocupação não de tornar os funcionários públicos instrumentos para a projeção partidária e, muito menos, de materializá-los como um peso para o Estado administrar, o que vem sendo a tônica dos dois últimos governos", disse. Ele prometeu respeito aos servidores e a abertura de um canal de diálogo permanente "que está sendo iniciado antes mesmo de assumirmos e que se prolongará por todo o meu governo".

O candidato pretende participar de uma grande plenária com representantes de todas as corporações de servidores da segurança, que está sendo organizada para o próximo mês. De parte dos comissários, Rigotto ouviu a disposição de sentar à mesa para negociar. "Eles entenderam que estaremos prontos para discutir as diferentes situações das categorias funcionais, como a deles, sem reajuste há oito anos", enfatizou.

Rigotto também se comprometeu a retomar a discussão em cima da verticalização, uma das reivindicações dos policiais. "Esse processo será iniciado com o fim da ideologização e partidarização dentro das corporações policiais, que reduziu a auto-estima e comprometeu a hierarquia", sustentou o candidato.


Mulheres e jovens começam a orientar pedes tres na Capital
O trânsito de Porto Alegre começou a receber ontem a orientação de 30 mulheres e 24 adolescentes, que fazem parte do Projeto Travessia. A assessora de educação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Natália Steigleder, informou que o objetivo é auxiliar os pedestres na travessia segura de escolas, ruas, avenidas e corredores de ônibus. A atividade é importante tendo em vista que 54% dos acidentes com vítimas fatais na Capital atingem pedestres.

Segundo Natália Steigleder, a medida pretende integrar jovens e adultos em situação de risco social que participam dos programas da Fasc, capacitando-os a orientar pedestres.

As mulheres, com mais de 25 anos, vão atuar, até o final do ano, em 15 escolas localizadas nos bairros Lomba do Pinheiro, Bom Jesus e Partenon, para auxiliar pais e estudantes nos horários de entrada e saída. As orientadoras do trânsito (moradoras do bairro) ficarão em cada lado da rua com jaleco identificado e vão receber uma bolsa auxílio da prefeitura de R$ 200,00 por mês.

Os 24 adolescentes iniciaram ontem no corredor Cristo Redentor a orientação de pedestres, que teve encenações de teatro. A estudante Marlise Garcia, 17 anos, estudante da 1ª série do 2º grau, disse que estava muito contente com a oportunidade de incentivar as pessoas a atravessarem de maneira correta nos corredores. Os jovens, entre 16 e 17 anos, vão atuar em dois turnos, divididos em grupos de 12, e receberão R$ 100,00 mensais.

Avenidas com grande incidência de atropelamentos serão os locais de atuação dos jovens. O projeto será desenvolvido na avenida Osvaldo Aranha (próximo ao Hospital de Pronto Socorro e de Clínicas), na Protásio Alves (estação Petrópolis), na Assis Brasil (próximo ao Cristo Redentor, Viaduto Obirici, Bourbon e Estação São João) e na Farrapos (estações Pinheiro Machado e São Pedro).

A partir da análise dos resultados, a EPTC pretende ampliar o projeto para outras regiões de Porto Alegre.


Britto visita distrito industrial da Restinga
O candidato ao governo do Estado pela coligação O Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto, visitou ontem o Distrito Industrial (DI) da Restinga. Foi recebido por dezenas de moradores e pelo presidente da Associação do Parque Industrial, Glauco Matessoni, que afirmou ser o local uma cidade de porte médio. "Entretanto, o DI não tem sido usado em todo o seu potencial. Todas as empresas que a gente encaminha para se instalar aqui, o governo diz que não há espaço. Nossa esperança é que a candidatura de Britto seja vencedora e ele traga os incentivos necessários para que as empresas aqui se instalem, desenvolvendo a região", afirmou.

Britto disse que ao percorrer o Distrito Industrial da Restinga se pode entender bem porque o PT mandou a Ford embora. "Não consegue atrair empresas, gerar empregos e promover o desenvolvimento. Há 14 anos na prefeitura, o PT fracassa na Restinga; há quatro anos no governo do Estado, fracassa no Rio Grande".

O candidato ao Senado, José Fogaça, que acompanhou Britto na visita, observou que não há nada mais fácil do que estimular a vinda de empresas para um distrito industrial que está pronto e preparado para este fim. "Basta ter vontade política e abandonar o preconceito ideológico", disse.

Britto também visitou ontem a sede do MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho), onde o presidente da entidade, Manoelito Savaris, entregou ao candidato um documento contendo algumas reivindicações e contribuições para a área cultura. A sede da Famurs também recebeu a visita de Antônio Britto ontem à tarde.

Foi recebido pelo presidente Paulo Ziulkowski e por uma dezena de prefeitos, de diversos partidos.


Tarso faz roteiro na Serra
O candidato da Frente Popular ao governo do Estado, Tarso Genro, esteve ontem na Serra gaúcha para participar do lançamento do programa energético do seu plano de governo e manter contatos com setores produtivos locais. Caxias do Sul foi escolhida para o lançamento porque ganhou, em janeiro deste ano, uma rede de transmissão compartilhada pela Eletrosul e CEEE, que investiu R$ 80 milhões na obra, e cuja distribuição de gás realizada pela empresa estatal Sulgás beneficia a produção local.

O vice-governador Miguel Rossetto também esteve presente ao encontro. Ele ressaltou que, em três anos e meio, houve aumento de 46% da capacidade de produção energética no estado. Tarso lembrou que Antônio Britto, na campanha eleitoral de 1994, enviou uma carta para os funcionários da CEEE em que se comprometia a não privatizá-la, mas que o ex-governador fez o contrário, vendendo dois terços da companhia. "Desde que a Frente Popular assumiu, em 1999, o governo gaúcho, os investimentos na CEEE já chegam a R$ 370 milhões. Nossa política para o setor permitiu reduzir no Estado 132 dias de apagão", frisou o candidato.

Tarso também visitou a Frasle, no bairro caxiense de Forqueta. Maior produtora nacional de pastilhas e lonas de freios para carros e caminhões, a empresa optou por utilizar o gás natural (consome 12 mil metros cúbicos do produto por dia) para manter os seus índices produtivos: 60 milhões de peças/mês que vão para 30% dos carros e 100% dos caminhões que circulam no país, além dos 38% exportados para 60 países.

Para Tarso, a Frasle é exemplo de empresa local que enriquece a sua base produtiva e exporta. Destacou que a indústria, por utilizar o produto da Sulgás como fonte energética, é a única do segmento de pastilhas e freios a ostentar o ISO 14 mil, o selo de qualidade fornecido àqueles que não poluem o meio ambiente. O candidato visitou ainda, em Carlos Barbosa, a Tramontina, maior produtora de facas do mundo (1 milhão e 200 mil facas/dia). Após, deslocou-se para Bento Gonçalves, para contatar com fabricantes de móveis e estofados, outro setor que, segundo ele, "contribui para a produtividade e geração de emprego regionais."


Artigos

Dólar em alta, moral em baixa
João Mellão Neto

Não, infelizmente não dá para atrelar o Serra do dólar. Seria a solução ideal para enfrentar a atual crise. FHC, por medida provisória, indexaria a cotação da moeda americana ao índice de aprovação da candidatura tucana.

Quando Serra subisse nas pesquisas, o dólar subiria também, à razão de 10 para 1. Exemplo: Serra com 30%, dólar a R$ 3,00. Serra com 35%, dólar a R$ 3,50. Como um puxa para baixo e o outro para cima, a atrelagem de ambos provocaria rapidamente o equilíbrio. O governo, assim, elegeria o seu candidato e o câmbio se manteria em parâmetros confiáveis. Como não há mecanismos institucionais para tanto, o que nos resta é um profundo desânimo. Moral baixo mesmo. Até pouco tempo atrás, a gente ainda acreditava que o Brasil, ao menos politicamente, era uma nação desenvolvida. O alvoroço cambial nos fez cair do primeiro dos mundos ao quinto dos infernos. Ciro ou Lula, tanto faz. A nossa economia não é madura o suficiente para encarar uma eventual vitória da oposição. Descontrola-se inteira. E, ao perder a compostura, demonstra quão subdesenvolvidos ainda somos. Pouco mais que uma república de bananas. Onde sobram bananas e falta república. O que, afinal, está ocorrendo com o Brasil? Democracia implica, entre outras coisas, em revezamento das elites do poder. Parece que por aqui não é bem assim. Para configurar uma crise completa só nos faltam agora os tanques nas ruas. Por que razão nós não conseguimos substituir os nossos presidentes em paz? À falta de outra explicação, a resposta parece estar no nosso desenho político. Ele é falho. Concentra poder demais na eleição presidencial. Torna-se um jogo de tudo ou nada. Ao trocar de governante, parece que estamos trocando de país. Três dos quatro candidatos pretendem mudar o modelo econômico. Um deles, o Ciro, quer mudar até mesmo o pacto federativo - a bas e fundamental de nosso conceito de nação. Durma-se em paz com um barulho desses! Eleições gerais não deveriam causar tanto transtorno. Nos países civilizados, 80% das grandes questões nacionais já estão resolvidas e são consensuais. Restam uns 20% para decidir nas urnas, nada que gere grandes convulsões. Nós deveríamos aprender um pouco com eles. Por exemplo: quantos cargos de comando, no Brasil, são de livre provimento pelo presidente da República e sua equipe? Dezenas de milhares, com certeza. Nos EUA, uma nação muito mais complexa, eles não passam de 5 mil. E são tantos devido ao sistema presidencialista. Na Inglaterra são uns 200 e na França - um sistema misto -, menos de um milhar. O regime inglês concede plenos poderes ao Gabinete, mas quase nenhum ao primeiro-ministro, individualmente. No número 10 da Downing Street trabalha um staff enxuto, de não mais de 80 membros. Tony Blair fala, Tony Blair faz, mas, antes de falar ou fazer, ele tratou de costurar um amplo consenso em torno de suas decisões. "Mas, e o caso dos EUA?", hão de perguntar alguns. "Não é o presidente americano o homem mais poderoso do mundo?" É. Mas, com certeza, o presidente do Brasil não trocaria o seu cargo pelo dele. Por aqui se podem editar medidas provisórias à vontade e elas entram em vigor no dia de sua publicação. Lá, na América, nem sequer a iniciativa de um projeto de lei pode ser tomada pelo presidente.

Quando há assuntos de interesse do Poder Executivo, George W. Bush tem de pedir a algum deputado ou senador que apresente a proposta ao Congresso em seu lugar. O Poder Legislativo é absolutamente autônomo.

É ele que decide onde e quanto gastar do orçamento. Em contrapartida, os parlamentares estão expressamente proibidos de ocupar cargos no governo, mesmo no primeiro escalão. Mudar o modelo econômico? Nem pensar. O banco central, na América, é totalmente independente.

Personalistas impulsivos, como Lula e Ciro, tecnocratas autoritários, como Serra, e mesmo interlocutores de Deus, como Garotinho, ficariam frustrados em saber que até as decisões menores de Bush têm de passar por uma peneira de malha fina. A presidência dos EUA é, com certeza, a maior e mais eficiente máquina de elaboração, controle execução governamental existente no mundo. Mas ela é totalmente à prova de imbecis.

Qualquer cidadão medíocre, mesmo o atual, pode eleger-se presidente que a máquina administrativa - que é inteligente - dará conta do recado. Mas ele não pode nem mesmo dispor sobre a sua segurança pessoal. O presidente é propriedade do Estado. E, como tal, com todo o respeito, ele é tratado. Por que será que só nós teimamos em ser diferentes?


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

O debate da Band
No debate promovido pela Rede Bandeirantes, domingo à noite, o petista Luiz Inácio Lula da Silva assistiu em grande estilo Ciro Gomes e José Serra se alfinetarem o tempo todo, em busca do tão almejado segundo lugar nas pesquisas. De quebra, teve que suportar algumas peraltices de Garotinho, que batia nele e nos outros três. Mas, nada sério.

Lula ganhou o debate. Menos pelo que disse, e mais pelo que não disseram contra ele.
Mas, vamos ao debate.

Na verdade, como debate, o programa foi morno. Amarrado, por um formato hermético, ele não permitiu que os candidatos debatessem entre si. No entanto, se analisarmos o programa como uma oportunidade de os candidatos exporem suas idéias, ele cresce e atende as necessidades que tem o eleitorado brasileiro de se informar.

Falei com um amigo que assistiu o programa ao vivo, entre os convidados da Bandeirantes. Ele ficou perplexo, ao ver a atriz Patrícia Pillar, a mulher de Ciro Gomes, puxar aplausos ao seu marido e vaias aos adversários dele. Do outro lado, quem fazia isso era o marqueteiro Nizan Guanaes. O duelo travado pelos dois era o prolongamento da batalha acirrada que envolve Ciro e Serra, pelo segundo lugar nas pesquisas.

Parece consenso entre os dois litigantes - Ciro e Serra - que Lula já garantiu lugar para o segundo turno. A briga entre os dois é para estar lá com o petista.

O baiano Duda Mendonça, marqueteiro de Lula, se mostrava muito sereno. Ele ficou satisfeito com o desempenho de seu candidato que "falou do plano de governo com firmeza e segurança. Acho que todo mundo gostou, e foi muito bom para a gente". Einhart Jacome da Paz, marqueteiro de Ciro Gomes, também ficou feliz com o debate: "Acho que cada candidato pode mostrar quem é verdadeiramente. Acho que deu para mostrar quem estava nervoso, quem estava seguro, quem estava agressivo e quem tem projeto e quem não tem. Ciro estava calmo. Ele não é nervoso. Ele é indignado. Nervoso, não é não", concluiu Einhart". Para Nizan, Serra foi ótimo, colocando Ciro nas cordas, quando falava em economia, mostrando que o candidato do PPS entende pouco do assunto". Nizan acha que é um exercício de futurologia achar que Serra vá crescer depois do debate, "mas com o horário político ele vai crescer. Vai crescer".

Nos bastidores sobraram vaias e aplausos, mas não faltaram beijos. Os marqueteiros adversários, mas amigos de longa data, os baianos Duda Mendonça e Nizan Guanaes, trocaram beijos. E, Patrícia Pillar beijou Lula.

Depois de dar muitos beijinhos em seu marido, é claro.

Já os candidatos estavam muito felizes ao final do programa.

Lula, ainda que sorrindo muito, não conseguia fazer uma avaliação de sua participação. Para Ciro Gomes, 70% do debate serviu para discutir idéias, "e os outros 30% para permitir ataques, agressões dos candidatos mais desesperados". José Serra prefere que o eleitor que o assistiu, que o avalie "pois eu sou concorrente" e Garotinho, mesmo depois de terminado o debate, continuou na postura de franco-atirador, não emitindo conceito sobre o programa, mas novamente atacando os seus adversários.

Durante todo o dia de ontem os candidatos, por onde andaram sofreram o impacto da repercussão do debate.

Uns ficaram mais satisfeitos do que os outros.

Paras, estes, o consolo: outros virão!


CARLOS BASTOS

José Serra atingiu seus objetivos
O candidato tucano José Serra participou do debate da Rede Bandeirantes com o objetivo de polemizar e estocar Ciro Gomes que leva vantagem sobre sua candidatura para disputar o segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva. Atingiu seus objetivos, pois em diversos momentos do debate Ciro caiu na armadilha do candidato governista. Se alguém teve vantagem no debate de domingo, este foi o tucano José Serra. Mas ele teve dois maus momentos. O primeiro quando não assumiu o governo FHC, num primeiro momento, tendo depois corrigido sua posição, numa resposta a Garotinho. E também por ter se desviado numa resposta a Ciro Gomes sobre o destino que foi dado à "dinheirama" das privatizações. Ele simplesmente não respondeu, e isto não passou despercebido para os telespectadores. Resta se verificar nas próximas pesquisas se os números são reflexos do debate.

Diversas

  • Garotinho aproveitou sua condição de quarto lugar nas pesquisas e atirou para todos os lados, sempre tendo como alvo preferencial o governo Fernando Henrique Cardoso e seu representante José Serra.

  • Ciro optou pelo bom comportamento e se deu mal diante da agressividade de Serra, talvez tenha sido o mais prejudicado.

  • Lula como todo candidato que lidera as pesquisas procurou se preservar e evitar confrontos com seus concorrentes.

  • Lula só deixou sua postura olímpica ao responder uma pergunta de Garotinho, que se declarava o candidato mais puro, sobre sua aliança com Quércia. Lula lascou que a candidatura de Garotinho estava tão pura, que ele ia acabar só com o seu voto.

  • O candidato petista não se destacou no debate, mas também não se desgastou. Cumpriu carnê e deixou aberto o campo para Garotinho marcar como o mais oposicionista.

  • Ciro também procurou se preservar ao máximo e esta atitude contida, para quem em participações anteriores teve um estilo mais agressivo, teve consequências fatais, pois estava apático e não rebateu à altura a ofensiva de Serra.

  • A produção do debate concedeu indevidamente um direito de resposta ao candidato situacionista José Serra.

  • Este precedente forçou a produção, no último bloco, diante da pressão dos assessores de Ciro, de também lhe conceder um direito de resposta.

  • José Serra e Ciro Gomes continuaram o confronto do debate em suas páginas da Internet. A página do candidato tucano tem como matéria principal "Serra prova no debate que Ciro Gomes não diz a verdade".

  • A página de Ciro Gomes tem como texto principal o título "Onde foi parar o dinheiro das privatizações? A pergunta que não quer calar".

  • O debate de domingo rendeu 9 pontos na pesquisa para a programação da Rede Bandeirantes, com pico de 13. O Fantástico da Globo, no horário atingiu 33 pontos e o filme do Domingo Maior, 21. No SBT o lançamento da Ilha da Solidão alcançou 23 pontos.

    Última
    Alguns setores do PDT se mobilizam para indicar o nome do ex-presidente do diretório regional, deputado federal Airton Dipp, para concorrer ao governo doEstado, preenchendo a vaga deixada pela renúncia do vereador José Fortunati. Dipp conta com o respaldo da quase totalidade dos prefeitos pedetistas, e também com os integrantes das bancadas estadual e federal, por seu estilo conciliador.


    FERNANDO ALBRECHT

    Informações geográficas
    Depois de oito anos de trabalho a Secretaria do Planejamento do Município e a Procempa, em convênio com o Exército Brasileiro, concluíram a digitalização de 4.138 mapas do Sistema de Informações Geográficas da Capital. Os mapas serão associados a bancos de dados com informações como redes de esgoto, água, escolas, postos de saúde, ruas, tráfego, acidentes, edificações e densidade demográfica. Servirá para formação de políticas públicas e no gerenciamento de serviços, como por exemplo informações atualizadas do volume de lixo produzido em determinado endereço, tornando possível efetuar a coleta monitorada por residência.

    Fim de uma era...
    O último baile na Dado Bier, domingo à noite, teve uma multidão para prestigiá-lo. Agora é esperar as novidades da grife - que não são poucas. Já está aprovado oficialmente o Dado Pier, na Ponta das Tesouras, em setembro devem inaugurar a danceteria A Caldeira, no DC Navegantes, e a nova Dado Bier no Bourbon Country. E mais tarde virá um restaurante em prédio a ser construído na Padre Chagas, onde hoje é um estacionamento em frente à Torta de Sorvete.

    ...início de outra
    Tem mais. Eduardo Bier Corrêa também está negociando com os empreendedores do Shopping Total para colocar um Museu da Cerveja/cervejaria na antiga fábrica da Brahma da Cristóvão Colombo. Quanto às instalações da Nilo Peçanha, agora desativadas, não devem dar lugar nem para prédio residencial nem para academia. Correm fortes rumores que a Condor vai mesmo alugar a área para a Churrascaria Schneider, que já possui uma casa famosa na BR-116, perto de São Leopoldo.

    Safenas
    O jornalista Carlos Fehlberg submeteu-se com sucesso à uma operação de pontes de safenas, na realidade três safenas e uma mamária, sob comando do cirurgião cardiovascular Fernando Lucchese. A cirurgia foi feita no Hospital São Francisco.

    Lá e cá
    A respeito de nota sobre as diferenças dos fiscais de trânsito de Curitiba e Porto Alegre, um executivo de uma empresa curitibana escreve para dar mais informações. Quando se estaciona na zona azul e se excede o horário, o dono do carro recebe uma notificação para pagar R$ 10,00 e tem alguns dias para pagar a conta.

    Não é multado e portanto não perde pontos na carteira.

    O vitivinocultor
    Luiz Alberto Barichello, ex-vice presidente da RBS, além de ser sócio em empreendimentos imobiliários, é sócio também de uma vinícola em Verona, Itália, região de Valpolicella, em sociedade com produtor italiano. Eles são produtores de vinho de qualidade. Um grupo americano está interessado em comercializar toda sua produção.

    Cidades co-irmãs
    São Vendelino e sua irmã mais velha, a cidade alemã Skt. Wendel, de onde vieram seus fundadores, mantém uma parceria invejável. Cinco jovens vendelinenses estão estagiando por um ano em empresas de alta tecnologia e informática de Sankt Wendel, que tem um respeitável parque industrial de alta tecnologia. São 12 meses de estágio. Vem de lá prontos.

    Novos juízes
    Foi ontem a sessão solene de posse dos novos juízes federais substitutos da 4ª Região do TRF. Entre os novos magistrados figuram Gabriel Menna Barreto Von Gehlen, filho do desembargador aposentado Jauro Gehlen, e Graziela Cristine Bündchen, irmã da Gisele.

    A azarada
    Uma funcionário da Assembléia Legislativa está a fim de buscar ajuda de uma benzedeira. Só ela mesmo, porque o resto vai mal. Ela foi assaltada quatro vezes em dois meses, três vezes no Centro e domingo à noite em uma pizzaria da Protásio Alves.

    A encruzilhada
    Para Vieira da Cunha dar uma de soldado do partido e abraçar a candidatura ao Piratini, há outros fatores a considerar. Como candidato à Assembléia teria praticamente garantida a vaga. E se perder a corrida para o palácio - e alguém duvida? - terá que voltar à sua carreira de Promotor de Justiça. Inclusive, teria que se desfiliar do PDT, por força da legislação que rege a carreira.

    Ferreira Neto
    Com a morte do jornalista e apresentador de TV Ferreira Neto, 64 anos, encerra-se o tempo dos mediadores pioneiros de debates políticos na TV brasileira, nos anos 80. Ferreira Neto era um craque. Jogava a bola para os debatedores e quase depois recuava sua cadeira - praticamente desaparecia de cena. Só voltava quando a maionese desandava.

    Ministério Público e Assembléia Legislativa assinam hoje às 11h convênio para espaço do MP na TV Assembléia.

    Grêmio cerca de mistério o lançamento de convênio de descontos em medicamentos, seguros e sorteios.

    San Marino/Versatille lançam dia 8 nova edição da revista e o Alfa 147.

    O PT em Pílulas, de A.J. Paula Couto, tem lançamento às 19h do dia 13 na Cameron Revistaria, no Bourbon.

    Jantar dos 10 anos do ICI-RS será dia 15 no União a cargo de Jorge Antônio Kowalsky.

    Auxiliadora Predial fechou parceria com a Brasil Clean Sistemas de Higienização.

    Papo de Mídia será amanhã às 19h no Lilliput Bar da Calçada da Fama, na Fernando Gomes.

    É hoje às 19h30min na Mercearia do Padre (Chagas) o Tuesday Network, happy hour de negócios.


    Editorial

    CANDIDATOS A PRESIDENTE ADOTAM POSTURA DO BOM SENSO

    O debate envolvendo, simultaneamente, os quatro candidatos a presidente da República mostra o quanto pode o bom senso quando adotado como estratégia comum. Complexo e endividado, o Brasil requer muito mais que as cartas de boas intenções, das quais ninguém discorda, apresentadas, periódica e monotonamente, ao público por aqueles que querem ocupar o Palácio do Planalto. A troca de acusações por erros administrativos e políticos não dissipou a sensação do "já visto" que envolveu, durante duas horas e meia, ao presidenciáveis. A concordância veio naquilo que é a maior aspiração do povo, manter a estabilidade mas gerar desenvolvimento, traduzido por empregos. De fato, a falta de vagas no mercado de trabalho é crônica e está levando à exasperação milhares de famílias. Não mais apenas pobres, mas também da classe média alta, onde nem mesmo o diploma universitário tem sido de valia. Restam os estágios, disputados, mas com os quais a ocupação é efêmera, sem garantia futu ra de manutenção, sem a proteção trabalhista. José Serra, Luís Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Anthony Garotinho saíram-se bem, conforme a simpatia de cada eleitor, porém sem empolgar, na opinião de muitos. Não inovaram e nem poderiam, é mais do que claro que as promessas que fazem são apoiadas pelos brasileiros, a questão é como implementá-las e, não conseguindo, trazer uma onda de pessimismo e desalento a um povo tão sofredor. No entanto, não adianta ficar esperando apenas pelo governo, temos de nos esforçar, coletiva e individualmente, em busca de novos rumos.

    Os principais eixos estão traçados e serão seguidos por qualquer um dos quatro que chegue a presidente.

    Apoiar a agropecuária, as pequenas e médias empresas, alavancar as exportações, fazer as reformas tributária e previdenciária e promover um imenso plano habitacional. Se fizer isso, e não conseguirá, com certeza, da noite para o dia, Ciro, Lula, Serra ou Garotinho terá feito demais. No entanto, que ninguém se iluda, manter as contas em dia com superávit primário em torno aos 4% é e será fundamental ao longo do próximo mandato, justamente para afastar os riscos de idas periódicas ao Fundo Monetário Internacional, FMI, em caráter emergencial, acordo apoiado por Paul O'Neill, embora o Brasil fique com saque de 800% sobre sua cota, pouco mais do que a Coréia do Sul e da Turquia, nas suas crises. Mesmo que o Brasil não esteja precisando de dinheiro para honrar compromissos este ano, restam as empresas privadas, que tiveram cortadas linhas de crédito e de renovação dos empréstimos, o que redundou numa busca desenfreada por dólares, elevando a cotação para muito além da realidade, que está em torno aos R$ 2,35. Seja quem tenha se saído melhor, o debate televisivo mostrou uma postura de razoável a boa de todos os candidatos. Restou uma sensação de amadurecimento, de seriedade, de cultura política como há muito tempo desejávamos e estamos conseguindo.

    Consolidar este comportamento e evitar as armadilhas de pessoas com passado um tanto nebuloso tem sido uma tarefa aceita por todos os presidenciáveis. À menor suspeita, afastam-se, livremente ou por pressão, aqueles sobre os quais pairam suspeitas. Aqui, como sempre, está valendo a máxima romana, à mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta. Esperamos que o tal de mercado e as agências de risco não continuem na contradição de temerem eleições, logo elas que ficam em países que se ufanam da democracia e da alternância no poder, ainda mais quando mantemos superávit das contas públicas de 3,75% do PIB e o saldo da balança comercial passa dos US$ 4 bilhões. O Brasil aperfeiçoa as instituições, com uma burocracia estatal capaz e que faz a nação andar para a frente, seja quem for o presidente.


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    08/06/2002


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