Ninho tucano se esvazia no Congresso que vem aí









Ninho tucano se esvazia no Congresso que vem aí
PSDB deve eleger menos deputados e senadores, caindo para a faixa das bancadas médias no Legislativo

O PSDB, o partido do presidente da República e do candidato à sucessão José Serra, vai fatalmente encolher nas eleições deste ano. Corre o risco até mesmo de cair da condição de grande bancada para a faixa de bancada média, como o PPB.

Seu declínio é mais acentuado e mais provável no Senado, onde tem hoje a terceira maior bancada. Deverá ocorrer também na Câmara dos Deputados. E poderá se acentuar ainda mais, caso sua seção cearense corra para o PPS de Ciro Gomes, a quem já está acompanhando na sucessão presidencial.

O PSDB tem hoje 14 senadores. Quando se iniciar a próxima legislatura não terá mais do que dez. E perderá ainda figuras importantes no comando da bancada.

Só três dos 11 senadores em final de mandato – Teotônio Vilela Filho, Freitas Neto e Romero Jucá – têm grandes chances de se reelegerem, de acordo com as pesquisas. Cinco outros nem disputam a reeleição e três estão mal nas intenções de voto.

O líder da bancada, Geraldo Melo, disputa uma reeleição dificílima, competindo no Rio Grande do Norte com os ex-governadores José Agripino (PFL) e Garibaldi Alves (PMDB). Está em terceiro lugar, sem grandes chances de virar o jogo.

As coisas estão ainda mais difíceis para o líder do Governo, Artur da Távola. Seus adversários são o deputado Sérgio Cabral (PMDB), que está disparado nas pesquisas, mais o ex-governador Leonel Brizola (PDT) e o bispo Marcelo Crivella, a grande surpresa na disputa.

Coube ao presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal, preservar a cadeira que hoje é do presidenciável José Serra. Apesar da campanha milionária, amarga a sexta colocação pelo Ibope. Está atrás até de um cidadão cujo único atributo conhecido é ser homônimo do ex-governador Ademar de Barros, morto há 34 anos.

Pesa contra o partido o mau resultado das eleições de 1998, quando fez apenas três senadores. Como o mandato é de oito anos, esses três prosseguirão no Senado ao lado de bancadas que ganharam muito mais cadeiras. O PMDB, por exemplo, ganhou dez e já parte em vantagem.

Só três senadores devem se reeleger
No atual mapa político, o PSDB só tem oito senadores com grandes chances de se eleger. A lista é composta por Teotônio Vilela Filho (Alagoas), Romero Jucá (Roraima), Freitas Neto (Piauí), que já exercem o mandato, e os novos Artur Virgílio Neto (Amazonas), Eduardo Azeredo (Minas Gerais), Tasso Jereissati (Ceará), Dante de Oliveira (Mato Grosso) e Lúcia Vânia (Goiás). Caso tudo dê certo, portanto, haverá só 11 tucanos no Senado. Podem ainda ocorrer zebras no Rio, Amapá, Rondônia, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, mas seria preciso uma combinação incrível de resultados para o partido conseguir ao menos manter a força atual.

Na Câmara o quadro não é muito melhor. Os tucanos são hoje 95, a segunda maior bancada, atrás apenas do PFL. As projeções do Instituto de Estudos Socioeconômicos, que faz levantamento em todos os estados, dão ao partido entre 75 e 85 cadeiras. Ou seja, haveria uma perda entre 10 e 20.
Puxadores de voto como Aécio Neves, praticamente eleito governador de Minas Gerais, estarão ausentes. Franco Montoro morreu. Euclides Scalco ficou ministro. Antonio Kandir, o collorido do confisco que trazia sempre 150 mil votos paulistas, desistiu. Maria de Lourdes Abadia disputa cargo de vice. Almir Gabriel e Albano Franco preferiram ficar governadores até o fim.

E os tucanos contam com um risco adicional. A segunda maior seção do partido, a cearense, está em rota de colisão com o comando nacional tucano. Em quaisquer circunstâncias, é possível que se transfira em massa para o PPS, onde já estão Ciro Gomes e vários outros correligionários. Patrícia, a ex-mulher de Ciro, deve ser senadora pelo PPS, em vaga que pertencia ao PSDB, com ela coligado.

Caso se confirme essa tendência, o PSDB sofrerá uma sangria adicional. Dos 95 deputados tucanos, 11 vêm do Ceará e obedecem a Tasso Jereissati. Uma saída maciça dos cearenses poderia reduzir a futura bancada tucana a algo pouco acima das 60 cadeiras. Na faixa do PPB e abaixo até do que se prevê para o PT.


Lula exigirá mudança para o Banco Central
Porta-voz do PT para a área de Economia garante que Armínio Fraga não fica no cargo se o partido vencer

O assessor econômico do Partido dos Trabalhadores, Guido Mantega, em entrevista à emissora de televisão espanhola Expansión – ligada ao diário financeiro Expansión – disse que, caso Lula vença as eleições o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, não será mantido no posto. Segundo Mantega "não existe nenhuma possibilidade de que Fraga continue no comando do BC, já que ele está identificado com a política econômica do atual governo". O economista afirmou que "se a população vota em Lula, isso significa que não está satisfeita com a política econômica e quer mudanças".

Segundo o Expansión, Mantega afirmou também que, caso o partido chegue ao poder, o novo governo estará mais disposto a fechar um acordo comercial com a União Européia do que com os Estados Unidos. O economista salientou que um possível acordo com a UE "tem todas as possibilidades de alcançar êxito", pois apesar de o bloco europeu manter uma política comercial protecionista "ele oferece a redução de tarifas".

Ao comentar o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), Mantega disse que ele não oferece grandes vantagens ao Brasil. Ele criticou os Estados Unidos, "que pedem a redução de nossas poucas tarifas, mas que não suspendem as medidas protecionistas contra os nossos produtos". Por isso, em sua opinião, a formação da Alca "terá que ser atrasada".

O Expansión afirma ainda que Mantega deu indicações deque um governo do PT não aceitaria todos os compromissos assumidos pela atual administração com o Fundo Monetário Internacional, o FMI. "Não conhecemos com profundidade quais são as regras deste acordo, porque elas não foram definidas", disse. "Quem assinará o acordo é o governo atual, nós aceitamos alguns de seus pontos, como a manutenção de um superávit primário de 3,75% do PIB".

Mantega afirmou que o eventual governo petista será contrário a novas privatizações no setor de energia elétrica. Ele rechaçou ,no entanto, os temores de que algumas privatizações já realizadas poderiam ser anuladas. "Não há nenhuma intenção de nacionalizar as empresas, principalmente porque seria economicamente inviável, não há dinheiro". Ao comentar as tarifas dos serviços públicos, o economista disse que, se ganhar, o PT respeitará "todos os contratos com as empresas provedoras de serviços".

Entenda o quebra-cabeças
A indicação de um presidente do Banco Central que seja confiável para o mercado internacional vem sendo cobrada pelos bancos credores, como penhor de que não haverá calotes ou confiscos.
Está em fase final de tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei complementar que estabelece mandato para o presidente do Banco Central: se fosse aprovado, o presidente Fernando Henrique Cardoso poderia nomear um presidente que ficaria para os próximos quatro anos, entrando no mandato do sucessor, como se faz nos Estados Unidos.

Sem um aval da minoria, porém, não há como fazer esse projeto andar, a não ser em caso de confronto violento entre o atual governo e o sucessor. Por isso mesmo, essa saída já não é considerada viável.

O presidente do Banco Central nomeado pelo sucessor precisará passar pelo Senado, onde dificilmente Lula, Ciro ou Garotinho terão maioria. Mesmo Serra teria de negociá-la. Uma composição, portanto, será indispensável.

Mesmo que o Senado aceite a indicação feita pelo novo presidente, a exigência de uma sabatina e de exame por uma comissão e pelo plenário impediria que a posse ocorra antes de fevereiro ou março.

Em qualquer hipótese, o precedente criado por Fernando Collor, quando o Banco Central confiscou a poupança e caloteou os credores permanece como uma assombração.


Morre Malina, o último secretário-geral do PCB
Morreu na madrugada de ontem, aos 80 anos, o presidente de honra do PPS e último secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, o PCB, Salomão Malina. Ele sofria de câncer. Seu corpo foi velado na Assembléia Legislativa de São Paulo e será enterrado às 10h de hoje, no Cemitério Israelita de São Paulo.

Um dos últimos comunistas históricos do Partidão, Salomão Malina era muito respeitado pelas suas posições. Mesmo doente, ele lançou recentemente o livro autobiográfico O Último Secretário. Recebeu a Cruz de Combate de Primeira Classe, condecoração de guerra do Exército brasileiro, por causa de sua participação na 2ª Guerra Mundial.

Malina teve papel importante na desestalinização do PCB e, por fim, no afastamento da linha dura representada pelo então secretário-geral Luiz Carlos Prestes.

Com o aval de Malina, o Partido Comunista Brasileiro transformou-se no PPS no início dos anos 90, após as mudanças no mundo em função da queda do Muro de Berlim e do esfacelamento do império soviético. Seguiu assim a linha de outros partidos comunistas históricos, como o italiano.
Passou à presidência do senador Roberto Freire, que dirige o PPS até hoje. Malina ocupava o cargo honorífico de presidente de honra do partido, que, hoje, apóia Ciro Gomes para presidente.


Brincadeira encrenca Ciro
Candidato chama de "imundícies" as críticas recebidas por dizer que papel de Patrícia Pilar será dormir com ele

O candidato a presidente Ciro Gomes classificou de "imundície política" as críticas que recebeu por dizer que a namorada, Patrícia Pillar, tinha como papel importante em sua campanha, o de dormir com ele. A frase, segundo Ciro, que visitou a capital mineira em companhia da mulher, está sendo manipulada pela "estrutura pesada da propaganda do governo".

"Eu e a Patrícia somos um casal bastante feliz e acho que dá pra notar. Eu e ela costumamos brincar muito. Nós somos muito felizes e eu não vou contar a vocês as brincadeiras que ela faz comigo", afirmou o presidenciável, abraçado à namorada, durante uma tumultuada visita ao Mercado Central da cidade. "Para ela eu peço desculpas, não pela brincadeira que nós estamos acostumados a fazer, mas porque ela está vendo agora de perto o que a imundície política no Brasil hoje consegue fazer. Até mesmo uma relação pessoal como a nossa, bonita, baseada no amor, no bom humor, na alegria de viver, na superação de graves desafios que estamos superando juntos, tenta-se manipular na estrutura pesada de propaganda do governo para fazer intriga contra mim."

Patrícia Pillar rebateu as críticas de representantes de movimentos feministas, que condenaram duramente a declaração do candidato do PPS, Ciro Gomes. "Meu marido é maravilhoso. Se elas tivessem o marido que eu tenho, não precisariam ficar falando", contestou. "Ciro é verdadeiro, ele não é empacotado para a venda, para uso externo. Nós temos bom humor, a gente ri, a gente acha graça." Segundo ela, o povo brasileiro prefere a sinceridade a "um político mentiroso, que forja a sua personalidade para enganar as pessoas."

A filha do candidato, Livia Sabóia Ferreira Gomes, de 18 anos, também saiu em defesa do pai, considerando a repercussão injusta e oportunista. "O Brasil é um país bem-humorado, entendeu as declarações dele".

Com uma extensa agenda em Belo Horizonte, Ciro recebeu a adesão de deputados do PMDB e PPB. A campanha da Frente Trabalhista no Estado, no entanto, sofreu uma significativa baixa. A candidata do PPS ao Senado, Júnia Marise, renunciou alegando falta de recursos financeiros para prosseguir na campanha.

Serra corre atrás do voto nordestino
Quando desembarcar em Recife, esta semana, para lançar seu programa de governo específico para os nove estados nordestinos e tentar conquistar os eleitores da região, sempre arredios com paulistas, o candidato tucano a presidente, José Serra, vai anunciar uma nova Operação Nordeste. Serra esteve ontem no Rio Grande do Sul e, no fim da tarde, no interior paulista.

A nova operação buscará o estilo do que fez Juscelino Kubitschek em 1958, no embalo de estudos do economista Celso Furtado que acabaram inspirando a extinta Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que Serra já prometeu recriar. Mas na mesma linha do programa global de Serra, tudo será voltado para a grande prioridade de seu eventual governo: a geração de empregos.

Assim, pequenos e micro empresários nordestinos terão acesso a linhas especiais de crédito para ampliar seus negócios. O projeto de expansão do microcrédito do Banco do Nordeste, por exemplo, será transformado no maior programa de crédito da América Latina. A meta é beneficiar 300 mil novos clientes, simplificando ao máximo o acesso ao crédito em um projeto que já é um sucesso do atual governo. Agentes volantes de crédito vão rodar a região, oferecendo recursos a baixo custo.

"Fizemos uma releitura de JK, nas condições de economia globalizada e dentro do conceito de eixos de desenvolvimento do Programa Avança Brasil", conta o chefe da assessoria técnica da campanha tucana e prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas. Segundo ele, duas grandes obras de infra-estrutura aparecem em absoluto destaque na Nova Operação Nordeste: a rodovia transnordestina e a nova BR 101, duplicando o trecho de 1.194 quilômetros que vai de Natal a Salvador. E uma vez duplicada, prevê Lucas otimista, a estrada que margeia o litoral nordestino será a nova rota do turismo e do emprego.

A ferrovia transnordestina irá de Petrolina (PE) a Juazeiro (BA), passando pelo porto de Suape, em Pernambuco, e integrando a ferrovia à hidrovia do São Francisco. "Trata-se de um corredor multimodal que vai escoar toda a produção da região", explica Lucas. A iniciativa vai baratear os custos de escoamento de grãos e frutas.

As prioridades do candidato
  • Recuperar o voto nordestino, onde está muito atrás de Lula e de Ciro, tanto nas capitais quanto no interior.

  • Contrabalançar o apoio dos caciques políticos regionais, em grande parte do PFL, para a candidatura de Ciro.

  • Conquistar o voto das periferias urbanas, que Garotinho transformou em suas principais bases, em grande parte por causa do apoio evangélico, quadro que Serra precisa ainda reverter

  • Entrar para valer na briga por Minas Gerais, onde até mesmo seus correligionários estão cercados por adversários, como Itamar Franco

  • Reduzir a vantagem de Lula em praticamente todas as capitais do País.


    Ciro e Serra empatam, diz Datafolha
    Lula conserva o primeiro lugar, com 37%, e Garotinho cai mais

    Pesquisa Datafolha, que está sendo divulgada hoje, coloca Ciro Gomes e José Serra tecnicamente empatados em segundo lugar na corrida presidencial. Ciro, da Frente Trabalhista, perdeu sete pontos em relação à pesquisa anterior, de 16 de agosto, caindo de 27% para 20%. Serra, da coligação PSDB/PMDB, subiu de 13% para 19%. Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, continua em primeiro, com os mesmos 37% da última enquete, e Anthony Garotinho, do PSB, em quarto, com 10%, dois pontos menos que no último levantamento.

    A pesquisa foi feita com dez dias de horário eleitoral no rádio e na televisão e mostrou que 17% dos eleitores mudaram seu voto desde seu início. A enquete concluiu que a principal transferência de voto ocorreu de Ciro para Serra. A pesquisa atingiu 148 municípios, com 2.581 eleitores. A margem de erro é de dois pontos para cima ou para baixo.

    Lula ganharia segundo turno
    O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, venceria hoje todos os seus adversários em um eventual segundo turno, de acordo com a pesquisa do Datafolha.
    Lula venceria o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, por 48% a 41%. De acordo com o levantamento, anterior entre os dias 15 e 16 de agosto, a disputa ficaria empatada, com 45%. Outras pesquisas davam vantagem de Ciro.

    Contra o tucano José Serra, Lula venceria por 51% a 39%. A diferença entre os dois era de 14 pontos e, neste levantamento, oscilou para 12. Já se o adversário fosse Anthony Garotinho (PSB), Lula atingiria 54%, contra 33% do ex-governador.

    Caso um hipotético segundo turno das eleições ocorresse entre Ciro e Serra, haveria empate técnico. Nesse caso, Serra ficaria com 42% dos votos, enquanto Ciro teria 41%. Em relação à última pesquisa, Ciro estava com 50%, e Serra, 32%.

    Horário de TV virou o jogo
    Entre os eleitores que assistiram a pelo menos um dia do horário eleitoral gratuito, 17% afirmaram ter mudado seu voto após a propaganda, segundo o Datafolha.

    A principal transferência de voto ocorreu de Ciro Gomes para José Serra. Das pessoas que afirmam votar em Serra para presidente e assistiram à propaganda política, 7% iam votar em Ciro antes do início do horário eleitoral, 4% iam votar em Lula, 1% pretendia votar em Garotinho e 12% não sabiam em quem votar.

    No caso de Ciro, dos que pretendem votar nele hoje e viram a propaganda, apenas 1% diz que, antes, votaria em Serra. Lula também abocanhou votos de Ciro. Dos eleitores que viram o programa do petista, 4% iam votar antes no candidato do PPS.

    A rejeição de Ciro cresceu de 17% para 25%, estando porém abaixo dos índices de rejeição de Lula, que caiu de 33% para 31%, e Serra, que oscilou de 28% para 27%.


    Caixa começa a financiar estudante pobre amanhã
    CEF reservou 40 mil vagas para alunos de cerca de 13 mil cursos em mais de 1.200 instituições

    Começa amanhã o período de inscrição para os universitários interessados em ingressar no Programa de Financiamento Estudantil (Fies), do Ministério da Educação. Para este semestre estão previstas 40 mil novas vagas para alunos de cursos de graduação de cerca de 13 mil cursos em mais de 1.200 instituições de Ensino Superior.

    O período das inscrições - que deverão ser feitas unicamente pela Internet- vai até o dia 27. De acordo com o diretor de Transferência de Benefícios da Caixa Econômica Federal, José Renato Corrêa de Lima, "a Caixa investiu em tecnologia para oferecer transparência, segurança e agilidade no atendimento aos estudantes e às instituições de Ensino Superior". Universidades e faculdades devem fornecer acesso à Internet aos estudantes interessados.

    Criado em 1999 para substituir o antigo Programa de Crédito Educativo (PCE/Creduc), o Fies atende estudantes sem condições para arcar com os custos de sua formação universitária. Para receber o financiamento, o aluno deve estar regularmente matriculado em instituição de Ensino Superior não gratuita, e seu curso deve ter sido cadastrado no Fies com oferta de vagas pela respectiva instituição, e ter avaliação positiva no MEC. Além disso, o estudante não pode ter sido previamente beneficiado nem pelo PCE/Creduc, nem pelo Fies.

    O porcentual de financiamento é escolhido pelo estudante no ato da inscrição, obedecendo ao limite máximo de 70% do valor da mensalidade cobrada pela instituição de ensino. A taxa de juros é de 9% ao ano, sendo fixa por todo o período de vigência do contrato, e o pagamento do empréstimo é feito em três etapas. Enquanto o estudante ainda está cursando a faculdade, deve pagar parcelas trimestrais limitadas a R$ 50,00. Após sua graduação, as 12 primeiras prestações têm o mesmo valor da parcela não financiada pelo Programa; as demais são calculadas pela Tabela Price, com prazo de amortização até uma vez e meia o período financiado.

    Os critérios de seleção levam em consideração o perfil sócioeconômico - renda, número de membros da família, condições de moradia e o nível de escolaridade do candidato e, ainda, a existência de doença grave ou outro estudante de faculdade paga no grupo familiar. Os cursos de licenciatura - História, Geografia, Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências, Letras e Educação - têm prioridade.


    Artigos

    O ataque em campanha eleitoral
    Gaudêncio Torquato

    Quais as explicações para a queda de Ciro Gomes e o crescimento de José Serra nas pesquisas de intenção de voto? A principal delas é, seguramente, a influência do programa eleitoral ou, para ser mais exato, o ataque tucano ao perfil do ex-governador do Ceará. Mas a propaganda negativa tem eficácia? Depende do tipo de abordagem. Quando o ataque tem substância, envolvendo questões centrais de caráter e personalidade do atacado, torna-se pertinente e é aceito pelos telespectadores. Quando atinge valores como a honra e transborda pelos porões da baixaria, afundando nos compartimentos da intimidade, o ataque é rejeitado. No caso do ataque de Serra a Ciro, os casos relatados abrigaram atitudes e comportamentos do candidato, que precisam ser conhecidos pela sociedade, até porque o governo de uma nação implica não apenas a eficácia de programas, mas a qualidade do comando. E comando de gestão tem a ver com estilo, caráter, personalidade, atitudes.

    O povo não gosta de insinuações maldosas que detratem a figura, ou seja, da crítica adjetivada, amparada em presunções ou futricas da vida pessoal. Há que se separar, portanto, aspectos da vida privada e da vida pública dos candidatos, apesar de se saber que esses limites são muito tênues. O ataque de Serra a Ciro levou em consideração situações onde o atacado foi colocado na ponta da incoerência e da dubiedade. Ciro disse coisas que não correspondiam à verdade e desferiu pontadas que provocaram celeuma. Estabeleceu-se uma dissonância cognitiva, que é a dúvida massificada. Quando esse fenômeno ocorre, as pessoas tendem naturalmente a equilibrar seu pensamento, procurando respostas para as incertezas. A voz de Ciro, colocada em xeque, funcionou como bumerangue contra ele. A manobra tucana surtiu efeito.

    O erro do candidato do PPS foi abrir demasiadamente o flanco. Ao bater boca com um rapaz negro, acabou mobilizando uma entidade de defesa racial. Xingou meios de comunicação, jornalistas e um cidadão, a quem chamou de burro pelo fato de ele ter se referido ao presidente da Suíça, que Ciro negava existir. O cidadão tinha razão. De outra feita, mandou o mercado se lixar. Ora, ninguém atravessa a trilha da campanha incólume depois de tantos ataques. A retirada de apoio a Ciro por parte de fatias do eleitorado era previsível, a partir do momento em que as situações negativas foram noticiadas e ganharam ampla repercussão. Ou seja, ele acabou criando a corda onde começou a se enforcar.

    Poderá recuperar os pontos perdidos? É possível, mas isso vai depender da forma como responderá aos ataques. Se fizer comparações entre propostas, demonstrando que as suas são mais viáveis que as de Serra, poderá abrir espaços positivos. Se cair no revide, os ataques recíprocos acabarão se chocando no ar, anulando-se reciprocamente. Nesse caso, a campanha negativa atingirá a imagem dos dois. Se responder com a moeda da incoerência de Serra, exibindo contradições e mentiras propaladas pelo tucano, terá condições de recuperar pontos. A condição de vítima, com a ancoragem carismática de Patrícia Pillar, é uma faca de dois gumes. Poderá comover certos núcleos populares, mas contrariar grupamentos mais centrais, orgânicos, localizados nos espaços de formação de opinião, que começam a abandonar o barco cirense.
    Ainda é cedo para apostar na continuidade de crescimento da candidatur a Serra. Pode-se, isso sim, constatar que o tucano conta com grande simpatia dos meios de comunicação do Sudeste e de fortes núcleos de formação de opinião, a partir de setores fortes do empresariado. Essa posição equivale a de uma pedra no meio da lagoa, que forma ondas que se propagam até as margens. Portanto, até por volta de 10 de setembro, o 2º turno será uma incógnita, pelo menos quanto ao candidato que disputará com Lula. A posição olímpica do petista, que, por enquanto, parece muito confortável, não deve ser comemorada pelo PT. Lula aparou arestas, fez a lição de casa, mas o 2º turno será uma guerra sem fronteiras. Trata-se de uma segunda eleição, com motivações novas, clima diferente e eleitores mais atentos aos dois perfis em exibição.

    A esta altura, a única certeza a ser expressa é a de que, seja qual for o presidente eleito, terá forçosamente de obter um monumental colchão social. Sem o apoio da sociedade organizada, sem o apoio do Congresso, estará de mãos atadas. E próximo ao despenhadeiro. Essa é a boa novidade. Não há mais motivo para se temer virada abrupta de mesa. Nesse país, não há mais lugar para aventuras.


    Colunistas

    CLÁUDIO HUMBERTO

    Governo premia listão da mutreta
    Na proposta de Orçamento para 2003, o governo federal destina R$ 1,08 bilhão para obras "com indícios de irregularidades graves" em todo o País. Só no Rio, R$ 123,1 milhões serão aplicados na implantação da usina termonuclear de Angra II e mais R$ 101,8 milhões em obras suspeitas de ladroagem na estatal Furnas Centrais Elétricas. "Estou perplexo com tamanha leviandade", protesta o deputado Agnelo Queiroz (PCdoB-DF), ao examinar o listão da mutreta. A expressão "indícios de irregularidades graves" é do próprio documento enviado ao Congresso.

    Efeito serrômetro
    Com nova pesquisa indicando subida de Serra, o dólar tomou Lexotan e anda derrubadão.

    Soares: saia justa...
    Luiz Eduardo Soares, vice de Benedita (PT) na disputa pelo governo do Rio, constrangido, admitiu o uso de seu nome por "líderes comunitários mal-intencionados", ao referir-se à escuta telefônica em que Rumba, líder comunitário do Jacarezinho, fala em seu nome, ao negociar o controle de Posto de Policiamento com um PM suspeito de ligação com o tráfico.

    ...com segredo revelado
    O sociólogo Luiz Eduardo Soares, que também é responsável pelo programa de governo de Lula na área de segurança, afirma que sabia da escuta da polícia sob ordem judicial, ontem revelada na coluna, e admitiu ao repórter Marcelo Leite, de O Dia, que se quebrarem o sigilo telefônico desses líderes, certamente os seus telefones aparecerão.

    Maior sujeira
    Parece que não vai faltar sujeira, na campanha eleitoral. A Presidência da República acaba de comprar a quantidade impressionante de 1.250 rolos de papel higiênico. Segundo comprovante em poder da coluna, a aquisição foi realizada no último dia 27 à empresa Santa Rita Atacadista Ltda. Segundo a especificação, os rolos de papel são do tipo "extra-fino, folha dupla, 40m".

    Ação e reação
    Ciro despenca nas pesquisas por seus próprios méritos, e não pela ação dos adversários. Foi só ele fechar a boca e não houve crise por três dias.

    Serviço completo
    Com a briga entre Serra e Ciro aumentando, gente do Lula acha que ele pode até ganhar no primeiro turno, fazendo barba, cabelo e bigode. Juntando a própria barba com o bigode do Sarney, fica faltando só o cabelo. É meio difícil que ele o consiga com o Serra.

    Cena carioca
    O empresário Francisco Valsek ("Frank"), dono do Estaleiro Itajaí, foi vítima de dois assaltos em 15 dias. O primeiro foi na sua esplêndida residência em São Conrado e o outro na quarta (28), quando dois motociclistas fecharam sua Mercedes, no centro do Rio, e balearam o motorista. Fontes policiais dizem que os bandidos gritavam por "uma mala", que não levaram.

    Baixo-astral
    Amigos e colegas da Embaixada do Brasil em Berlim lamentam a morte, aos 51 anos, de Gilberto da Silva Rosa, o Gil. Trabalhava na concessão de vistos e vinha se queixando para os mais íntimos de pressões no serviço e muito cansaço. Foi a segunda morte no mesmo departamento.

    Só pagando
    Esse milagre os marqueteiros de Serra ainda não conseguiram: mostrar na TV um único "popular" dizendo que votará nele. Pagar mico tem preço.

    Como o diabo gosta
    Quem viu a policial-atriz e candidata a deputada Marinara Costa (PL-RJ) rebolando no horário eleitoral, pensou tratar-se de anúncio de casa de massagem. Mas em marinara.com.br, ela leva a coisa a sério: "O amor é a base de tudo e, enquanto ele estiver racionalizado, os corações estarão endurecidos, individualizados e sem vida. Portanto, não inventa. Vote." (sic).

    Nas nuvens
    Os adversários do PT não atacam Lula e ele não ataca ninguém, já que é considerado garantido para o segundo turno. Mas quando vier o segundo turno começa a briga pra valer, que Lula espera enfrentar com o mesmo estilo light de agora. Será a fase "um tapinha não dói".

    Esperteza
    Enquanto Ciro e Serra trocam agressões, Lula sai do ringue, certo do segundo turno, dando uma de paz e amor. É o chamado Eclipse Lular.

    Calote e desperdício
    Médico de Maceió acionou na Justiça a Fundação Geap (o plano de saúde de servidores federais) para receber a merreca de R$ 440 que lhe é devida, e descobriu por que a entidade anda mal das pernas. Para não pagar o que deve, a Geap gastou várias vezes mais, enviando advogado à capital das belas praias, com passagens e hospedagem pagas pelo contribuinte.

    Pensando bem...
    ...têm acontecido coisas muito estranhas: Serra subindo e Guga vencendo.

    Vazando dinheiro
    O cadastro de reserva da Petrobras deve ser um dos maiores do mundo: 11.000, após 15 concursos em 2001 e 2002, além dos aprovados há quatro anos na BR Distribuidora. Após muita grita, chamaram 1450 concursados, sob promessa de contratá-los até 15 de janeiro, quando acaba sua validade. Se não precisava de tantos, para que concurso e dinheiro jogado fora?

    Poder sem pudor

    Como ganhar na roleta
    O general Flores da Cunha, gauchão dos bons, era chegado à jogatina. Contam que certa vez ele foi a um cassino, em Rivera, jogou a noite inteira e perdeu quase tudo. Apostou os 100 mil réis que lhe restavam no 17, mas não esqueceu de colocar o revólver sobre a mesa. Suando muito, o crupiê não tirava o olho do trabuco enquanto girava a roleta. Cantou o número:
    - Vermelho, 36.
    Depois, olhou para um lado, para o outro, e corrigiu:
    - Negro, 17, aqui para o general Flores!


    Editorial

    O FUNDO DO DISTRITO FEDERAL

    A liberação de mais R$ 400 milhões para o Governo do Distrito Federal aplicar nas áreas de saúde, segurança pública e educação é uma boa notícia para o próximo ano. É o resultado de uma exaustiva negociação travada durante todo este ano, quando ficou demonstrado que a União precisava contribuir com mais recursos para que o Distrito Federal sedie a capital do País. Mas Brasília merece mais, merece ser reconhecida como unidade da federação responsável pela aplicação dos recursos sem que seja necessária a tutela de uma rubrica que impossibilita qualquer remanejamento.

    Isto será possível com a criação do Fundo de Participação do Distrito Federal, instrumento que já está tramitando no Congresso Nacional e precisa ser aprovado ainda este ano. Trata-se de uma luta antiga dos parlamentares do Distrito Federal e que representa a definitiva independência de Brasília do governo federal, que vai facilitar inclusive a política de reajuste do funcionalismo público. A mesma competência usada para negociar o repasse maior no Orçamento do próximo ano deve ser perseguida agora para fazer com que a aprovação saia rapidamente.

    O Congres so Nacional já mostrou que antes do final do primeiro turno não há como votar nada. O presidente da Câmara, deputado Aécio Neves, não conseguiu reunir o número mínimo de deputados para votar uma série de projetos de interesse do governo que estavam na pauta, numa afirmação clara dos parlamentares que, no auge da campanha para a renovação de mandatos, não há disposição para votar. Há, portanto, tempo para que se trace uma estratégia de ação que envolva governo, candidatos e partidos políticos em torno da aprovação do fundo.

    Será o fim da política de benesses, do tráfico de influências e do pires na mão. Será o início de uma nova era de responsabilidade, quando o Distrito Federal verdadeiramente atingirá a maturidade e vai poder guiar seus rumos de uma forma mais próxima aos interesses das pessoas que vivem em Brasília. Isto muda até mesmo a relação da sociedade com o governo, que terá de ser mais cobrado, mais vigiado, para que os recursos sejam aplicados de maneira a beneficiar o maior número de pessoas. Exige que a população se organize para exigir direitos e investimentos e que os parlamentares eleitos exerçam um poder mais efetivo na hora de liberar verba para determinado projeto; eles passarão a ser também executores e não se limitarem às atividades legislativas.

    O projeto de criação do Fundo de Participação do DF corre em duas vias, já que o Executivo também enviou sua proposta. É preciso que elas saiam do papel imediatamente; se houver melhorias e emendas, que elas sejam feitas mais tarde. Importante é aprovar o grito de independência do DF o quanto antes.


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    09/01/2002


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