Buritis: Simon critica ação do governo no caso da invasão



O senador Pedro Simon criticou nesta segunda-feira (25) a atuação do governo federal no caso da invasão da fazenda Córrego da Ponte, dos filhos do presidente da República, em Buritis (MG), por 200 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Ele responsabilizou o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Alberto Cardoso, pela invasão, realizada no último sábado. Simon classificou como injustificável a inoperância revelada pela Agência Brasileira de Informações (Abin), subordinada ao general Cardoso, que, segundo disse, já sabia, há 20 dias, da mobilização dos sem-terra na área.

- O que estavam fazendo os agentes da Abin? As famílias levaram de duas a três horas caminhando, até alcançarem a sede da fazenda. Antes, passaram em frente ao escritório da agência, que foi instalado na cidade próxima à propriedade, justamente para prevenir esse tipo de ação - protestou o senador.

Simon também condenou a invasão, classificando-a como "estúpida e ridícula". Para ele, essa "iniciativa lamentável" só serviu para comprometer a credibilidade do MST perante a população. Ele destacou a manchete do Correio Braziliense , segundo a qual "todos perderam", e exibiu para o Plenário a primeira página do jornal com a foto dos 16 sem-terra presos.

- Essa fotografia, que provavelmente está rodando o mundo, deve estar causando um desgaste tremendo para o nosso governo. Mas não tenho dúvida alguma de que também perdeu o MST. Assino embaixo do que disse o líder do governo a respeito desse tipo de manifestação numa hora em que temos um governo democrático - lamentou o senador.

Na opinião de Simon, o mais grave foi o governo haver rompido o acordo feito pelo ouvidor agrário do Incra, Gercino José da Silva, com os sem-terra, para que se retirassem da fazenda. Gercino teria acordado com os invasores que ninguém seria preso.

- No entanto, já tinham quase todos saído, quando a Polícia Federal pegou os 15 restantes e os prendeu, algemou e lançou no chão com a cara na terra barrenta. O gesto foi tão absurdo que o ouvidor e sua colega, a ouvidora adjunto do Incra, renunciaram no ato, pois foram desautorizados - disse Simon.

Apesar de haver aplaudido as declarações do presidente do PT, José Dirceu, que condenou energicamente a invasão logo que soube do episódio, Simon apontou a ausência dos senadores petistas no Plenário.

- Talvez eles não tenham vindo com receio de que o senador Artur da Távola (PSDB-RJ) lhes fizesse a pergunta sobre a invasão e eles não pudessem responder sem desagradar ao seus recém aliados do Partido Liberal - lamentou com ironia o senador.

Simon lembrou que, ao longo do tempo, o PT vem olhando com simpatia as invasões do MST. Ele ressaltou, no entanto, que "antes de ficar mal para o PT, ficou mal para o ministro da Justiça". O senador disse que Aloysio Nunes Ferreira sempre foi um homem de idéias e um lutador, mas depois que assumiu o Ministério da Justiça tem tomado algumas atitudes que causam estranheza. Simon concordou com o "puxão de orelha" que o presidente da República aplicou no ministro por ter afirmado que o MST é o braço armado do PT.



25/03/2002

Agência Senado


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