CABRAL SAÚDA CINQUENTENÁRIO DA TRIBUNA DA IMPRENSA



O cinqüentenário do jornal Tribuna da Imprensa foi saudado nesta segunda-feira (dia 13) pelo senador Bernardo Cabral (PFL-AM), ressaltando ser impossível desvincular a história do jornal de seu diretor-proprietário, o jornalista Hélio Fernandes. "Dirigindo a Tribuna a partir de 1962, com uma intrepidez e um destemor inigualáveis, Hélio Fernandes foi, de longe, o jornalista mais censurado e mais confinado da história brasileira. Falar da Tribuna é, necessariamente, falar da valentia, do arrojo e do denodo de Hélio Fernandes", afirmou Cabral. O senador também encaminhou à Mesa Diretora requerimento para que seja marcada data para a realização de sessão especial em homenagem ao cinqüentenário do jornal.
O senador lembrou que Hélio Fernandes conheceu a negação de sua própria identidade profissional e o cerceamento do direito ao trabalho, ao ser proibido de trabalhar e de escrever, tendo que, no período entre novembro de 1966 a setembro de 1967, utilizar o pseudônimo de João da Silva, nome de um pracinha brasileiro da FEB que morreu lutando na Itália.
- Falar em liberdade de informação para um jornal como a Tribuna, que sofreu a censura mais avassaladora de que se tem notícia na imprensa brasileira, é, a um só tempo, tocar numa ferida ainda exposta, uma vez que o jornal sofre, até os dias de hoje, os efeitos de uma bloqueio nefasto em termos de publicidade, mas é, também, exaltar o espírito de resistência e bravura com que se consolidou sua forma de fazer jornalismo: independente, autônomo, desassombrado, sem sujeição e sem servilismo - assinalou.
Cabral lembrou também o fundador do jornal, o ex-governador Carlos Lacerda, que criou o lema "um jornal que pensa o que diz porque diz o que pensa". Segundo o senador, o "espírito da casa", que norteava a linha editorial do jornal, reuniu em torno de Carlos Lacerda, um grupo de fiéis seguidores, que comungavam do mesmo ideal de construir "um Brasil melhor".
O senador Jefferson Peres (PDT-AM) disse que só quem sabe quanto custa fazer jornalismo independente no Brasil de hoje, entende o milagre de manter uma edição diária sem falhar um só dia. "Hélio Fernandes já conheceu todos os tipos de agressão e arbitrariedade e, apesar disso, esse homem não se dobra. É um exemplo invejável de energia e de coragem num país onde até jornais tradicionais às vezes tornam-se veículos chapa branca", comparou.
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) disse saber que atuar no jornalismo como faz Hélio Fernandes, traz muitos riscos, mas ressaltou a importância do Brasil ter um jornalismo assim, "sem abaixar a cabeça aos poderosos". O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) registrou sua grande admiração pelo jornalista e assinalou a importância do jornalista na redemocratização do país. "Ele é o símbolo de resistência democrática", concluiu.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) revelou que faria um pronunciamento sobre o mesmo tema de Cabral e reafirmou sua admiração e respeito pelo jornalista Hélio Fernandes. Para Simon, Fernandes é dono de um espírito de garra e de luta que foge da média dos heróis do mundo inteiro. O senador disse ainda que, em conversa com empresários, soube haver uma determinação do governo para que não se faça publicidade na Tribuna da Imprensa.
O senador Agnelo Alves (PMDB-RN) falou da ligação que existe entre os jornais Tribuna da Imprensa e Tribuna do Norte, que também fará 50 anos em março próximo. Alves lembrou que o jornal potiguar sofreu toda a carga de perseguição sofrida pelo jornal carioca e que os dois não nasceram para ser empresas, mas jornais de luta, de resistência, de quase insurreição. "Somos irmãos na resistência", comparou.

13/12/1999

Agência Senado


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