Caciques tentam acordo para unir PSDB e PFL
Caciques tentam acordo para unir PSDB e PFL
Governador Jarbas Vasconcelos e o vice-presidente da República, Marco Maciel, conversam hoje sobre o novo cenário da aliança estadual. Eles têm poucos dias para amarrar um acordo que garanta a unidade com o PSDB
O vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), e o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) devem selar, hoje, o futuro da aliança PMDB/PFL/PSDB/PPB no Estado. Envolto em mistério, nenhum dirigente dos dois partidos quis antecipar, ontem, o horário e o local da conversa. O caráter do encontro é reservado. Maciel e Jarbas irão analisar, olho-no-olho, o atual quadro político da aliança.
O governador vai comunicar oficialmente ao vice-presidente que aceitou o convite do ex-ministro José Serra (PSDB) para ser o seu candidato a vice-presidente, e que trabalhará por uma saída negociada para que a aliança regional permaneça unida e fique mais quatro anos no poder.
Mesmo com seu jeito discreto e diplomático, Maciel, segundo pefelistas, deve defender o nome do vice-governador Mendonça Filho (PFL) como candidato natural da coligação, independentemente da verticalização das alianças nacional e estadual e do fato dos pefelistas continuarem sustentando a candidatura presidencial da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL) - que enfrenta turbulências. O vice-presidente já estaria trabalhando nos bastidores para reaproximar o seu partido do Governo FHC.
Embora Maciel não deva tratar de nomes na conversa com Jarbas, a chapa considerada mais viável pelos pefelistas seria composta por Mendonça Filho, para governador, Raul Henry (PMDB), para vice-governador, e as duas vagas para o Senado ficariam com Maciel e Sérgio Guerra (PSDB). O vice-presidente e o governador precisam encontrar, até o início de abril, uma saída para a crise envolvendo o PSDB e o PFL.
Os pefelistas não abrem mão da cabeça da chapa. “Mendoncinha tem a cara do Governo Jarbas mais do que qualquer outro companheiro. Se isso não ocorrer, as pessoas terão que explicar muito bem quem agrega mais do que ele”, desabafou ontem um líder do partido. Esse, no entanto, não é o entendimento dos tucanos. Com a quebra-de-braço entre o PFL e o PSDB em nível nacional, os líderes locais acreditam que qualquer união com o PFL é inviável para formar um palanque local para José Serra.
“Mendoncinha é um quadro importante, mas o processo político-partidário é outro. Não há vetos ao seu nome Mas a situação do PFL é delicada”, rebateu um membro da executiva do PSDB, deixando claro que o nome do atual vice-governador não será facilmente digerido.
Críticas de Romário ao PSDB aprofundam crise
As declarações do presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL), em entrevista ao JC, ontem, caíram como uma bomba na já delicada relação entre o PFL e o PSDB de Pernambuco. Romário afirmou que, desde que ingressaram na aliança governista, os tucanos “desagregaram mais do que uniram”. Até os próprios pefelistas consideraram, nos bastidores, que o deputado estadual foi, no mínimo, “imprudente”. Romário fez exatamente o que os demais líderes do partido estavam evitando: que algum cacique falasse para alimentar ainda mais a crise interna da coligação.
O presidente regional do PFL, André de Paula, preferiu funcionar como bombeiro para tentar minimizar as palavras do presidente da Assembléia. “Romário é presidente de um Poder. Ele tem o direito de se posicionar. Não quero criticá-lo, mas precisamos ter uma posição mais construtiva”, ponderou.
Na entrevista, Romário chegou a afirmar que o cacique tucano Sérgio Guerra (secretário estadual de Projetos Especiais e deputado federal licenciado) “mais atrapalhou do que ajudou” a candidatura de Roberto Magalhães (ex-PFL, hoje no PSDB) nas eleições para a Prefeitura do Recife, em 2000. Magalhães, com Guerra na vice, perdeu a reeleição para o prefeito João Paulo (PT).
“Isso é um guerrilha infrutífera que não colabora para a construção de um projeto conjunto. O PSDB não quer vetar ninguém. Não adianta atropelar. O PFL é que está em dificuldades, já que se declarou oposição ao Governo Federal”, reagiu o deputado federal Luiz Piauhylino, 1º secretário da executiva nacional do PSDB.
Piauhylino se referiu às dificuldades de se compor a chapa local, já que o PFL rompeu com o Governo FHC, em favor da pré-candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) à Presidência. E Jarbas deverá fazer dobradinha com o candidato do presidente Fernando Henrique.
O deputado Augusto César, presidente regional do PSDB, também criticou Romário. “Foi uma declaração muito infeliz. O PSDB sempre colaborou com o Governo Jarbas”, disse.
Quem também assumiu o papel de bombeiro foi o vice-governador Mendonça Filho (PFL), que ontem conversou, por telefone, com Sérgio Guerra, sobre os últimos acontecimentos. Guerra está em São Paulo. Os dois acertaram que almoçam juntos esta semana.
Freire rechaça aliança com o PFL
RIO – O senador Roberto Freire, reeleito ontem por unanimidade para a presidência nacional do PPS, no 13º Congresso Nacional do partido, rejeitou a hipótese de aliança com o PFL nas eleições deste ano. “Não vou procurar o PFL nem vou querer que o PFL nos procure. Não tem freguesia aqui nem quero serventia do PFL”, afirmou o senador.
O deputado federal Roberto Jefferson – do PTB, partido que forma com o PPS e o PDT a frente trabalhista em torno de candidatura presidencial de Ciro Gomes – afirmara que seu partido já está conversando com o PFL e que ele iria tentar convencer Freire a fazer o mesmo. “As pessoas têm o direito de pensar o que quiserem. Mas este é um exercício inútil. O PFL é governo e não vai apoiar um candidato de oposição”, defendeu Roberto Freire.
O senador foi enfático na defesa da manutenção da aliança trabalhista sem o apoio do PFL. “Não teremos o apoio do PFL, que sempre foi governo e vai voltar para o Governo. Posso acreditar que Marco Maciel e Jorge Bornhausen vão fazer oposição a um Governo que atende aos seus interesses? Eles representam o setor dominante e vão se reaproximar, você vai ver. O PFL é o atraso, representa tudo o que estamos combatendo no PPS”, declarou.
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, não quis comentar a hipótese de o PFL vir a apoiar sua candidatura. “Dê-me o fato e eu responderei. Enquanto for especulação, você não vai contar comigo”, disse Ciro.
PFL discute em Salvador
A crise no PFL e as relações do partido com o Governo FHC serão discutidas hoje, em Salvador. Vão se encontrar a pré-candidata à Presidência, Roseana Sarney, o presidente do partido, Jorge Bornhausen, o líder na Câmara, Inocêncio Oliveira, e o ex-senador ACM. A idéia de alguns caciques pefelistas é buscar uma melhoria na imagem do partido e, ao mesmo tempo, minar a candidatura de José Serra (PSDB).
Destaques não devem ser votados esta semana
BRASÍLIA - O Governo Federal dificilmente conseguirá concluir, esta semana, a votação da emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2004. A informação é do líder do governo no Congresso, deputado Ricardo Barros (PPB-PR). Segundo ele, a maioria dos deputados está reclamando da convocação feita pelo presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), para estarem em Brasília de amanhã a quinta-feira – véspera da Sexta-Feira Santa.
“Não sabemos se vai ter quórum porque muita gente tinha programado visitas a suas bases ou foi para o exterior”, disse Barros. Os deputados argumentam que já tinham agendado outros compromissos para a Semana Santa e, por isso, têm dificuldades de estar em Brasília. Segundo o deputado, a previsão era que a votação da CPMF fosse concluída na semana passada e, por isso, ninguém se programou para estar no Congresso.
O secretário-geral da Presidência, ministro Arthur Virgílio Neto, também acha muito difícil a Câmara concluir a votação da CPMF esta semana porque duas medidas provisórias (MPs) estarão trancando a pauta, a partir de amanhã. Uma das medidas é a que reestrutura o setor elétrico e a outra fixa prazo para a renegociação das dívidas rurais. “Primeiro é preciso que sejam votadas as MPs para depois pensarmos na contribuição”, disse o ministro.
Apesar do feriado prolongado, o líder Ricardo Barros está confiante na votação, de amanhã, da MP que reestrutura o setor elétrico – criando o seguro contra o apagão e aumentando as tarifas de 2,9% a 7% para compensar perdas das distribuidoras com o racionamento. A MP é polêmica, mas deverá ser votada porque não é preciso a presença maciça de deputados na Câmara. “Acredito que votamos a MP porque o quórum exigido é de maioria simples, ou seja, metade dos presentes mais um”, explicou Barros.
Já no caso da CPMF, o governo terá que conseguir trazer a Brasília, na Semana Santa, pelo menos 420 deputados. Faltam dois destaques para concluir a votação em segundo turno: o que altera o texto da emenda para evitar que as operações de investidores estrangeiros na Bolsa de Valores sejam isentas da CPMF e o que acaba com o piso de 2% para o Imposto sobre Serviços (ISS).
IBS pede elevação de taxa para 30%
O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) pedirá, hoje, ao Governo Federal, a elevação da alíquota de importação do aço para 30%. O instituto também cobrará, em reuniões, o ingresso na Organização Mundial do Comércio (OMS) contra a decisão do governo norte-americano de taxar a compra de aço. A idéia é proteger o mercado nacional de uma possível invasão do aço que deixará de entrar nos Estados Unidos.
Hoje, a União Européia deve divulgar os produtos afetados pelas salvaguardas que o bloco estabelecerá no setor siderúrgico. A medida também tem como objetivo conter a importação do aço que, diante das barreiras criadas nos Estados Unidos, seriam desviados para o mercado europeu. A medida da UE deve afetar as exportações de aço do Brasil, principalmente de produtos acabados. Mas segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Itamaraty terá o direito de pedir compensação pelos prejuízos.
Editorial
ARMAS QUÍMICAS
Os Estados Unidos estão avançando perigosamente na sua pretensão de governar o mundo, sobretudo após os atentados terroristas de 11.09.2001. Não satisfeito em se autoproclamar xerife, polícia, promotor, juiz e carrasco global em relação ao resto do mundo, principalmente países pobres, e agir de acordo, seu governo quer agora escolher os funcionários de organismos e agências internacionais conforme seus interesses. O presidente Bush insiste, com razão, em que países suspeitos de fabricar e estocar armas químicas, bacteriológicas e outras internacionalmente proibidas sejam inspecionados pela ONU. Isso vinha sendo feito, com relativo sucesso, no Iraque, até que os EUA resolveram agregar como técnicos das Nações Unidas encarregados dessa fiscalização funcionários americanos malvistos pelas autoridades iraquianas, que os acusam de espiões. Depois do ataque terrorista cego que se abateu sobre Nova York e Washington, e da remessa, pelo correio, de germes potencialmente mortíferos a autoridades e particulares, os EUA voltaram a se preocupar com esse tipo de armas e solicitaram nova rodada de inspeção da ONU no Iraque. Por que só no Iraque?
Eventualmente, o diretor-geral da Organização para a Proscrição de Armas Químicas (Opaq), braço da ONU que cuida de um acordo internacional de proscrição e inspeciona os países acusados de fabricar e estocar armas químicas, é um diplomata brasileiro, José Maurício Bustani, que leva seu trabalho a sério e não pretende exercer o cargo apenas para prestar serviços a determinado país contra outro. Ele quer fazer uma inspeção em profundidade em todos os países sob suspeita, inclusive os EUA. Sabe-se que, mesmo após a proibição internacional dessas armas, muitos países, sobretudo os mais poderosos da Terra, não destruíram seus estoques; e suspeita-se que continuem produzindo armas químicas. Ciente disso, Bustani quer fazer uma inspeção geral, ampla, mundial, que inclua os EUA. Daí a pressão do governo americano sobre a ONU/Opaq para afastá-lo e substituí-lo por pessoa dócil aos interesses americanos. A Casa Branca pode ficar suspeita de confissão prévia de que não estaria cumprindo o acordo internacional. O diplomata brasileiro tem ainda três anos de mandato à frente da Opaq. Mas os americanos não fazem cerimônia, jogam pesado para vê-lo pelas costas e, em reunião realizada em Haia (Holanda), o governo de Washington apresentou formalmente um pedido para que o Brasil renuncie ao cargo. Inspeção com Bustani, não. Inspecionar os EUA seria um sacrilégio. Das grandes potências, somente a Rússia e a China estão intervindo firmemente em apoio a Bustani; et pour cause, como dizem os franceses: temem que os EUA empreguem tais armas contra elas, em caso de conflito. Deveriam, para reforçar sua posição e dar um bom exemplo ao mundo, abrir suas portas à inspeção da ONU. A União Européia, na qual o Brasil depositava suas esperanças de apoio nessa questão, mostra sua fragilidade e subserviência aos EUA, pedindo também a saída de José Maurício Bustani. Moscou declarou seu apoio à permanência de Bustani na direção da Opaq, afirmando que a forma que os EUA escolheram para lidar com o caso não é apropriada. Pequim, por sua vez, pede que se estabeleçam negociações para solucionar as diferenças. O Brasil tem também o apoio da Índia. Nosso país joga na discussão o fato de que não ficaram claros os motivos para o afastamento de Bustani da direção da Opaq. Para que o brasileiro seja afastado, será preciso que os 145 membros da Opaq aprovem sua demissão em votação, que tem de ser pedida pelo Comitê Executivo. Se ele sair, fica comprovada a fraqueza da ONU e seus braços diante dos EUA.
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03/25/2002
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